quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Contra o Bloqueio do PIG, Internautas fazem trabalho dos jornais no caso HSBC



Luis Nassif

O caso HSBC é sintomático dos compromissos de alguns grupos de mídia com a transparência.
Nos anos 80 e 90 teve início uma disputa sem regras no mercado financeiro internacional. Com a ajuda 
da rede de paraísos fiscais, grandes instituições passaram a reciclar toda sorte de dinheiro, de magnatas, 
traficantes, petrodólares, da corrupção política, da sonegação, do tráfico de pessoas e do caixa 2 em 
geral.
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Essa fase de extrema balbúrdia bateu no limite com o atentado das Torres Gêmeas. Percebeu-se que, 
graças a esse sistema, o crime organizado tinha ascendido a patamares inéditos de influência mundial.
Teve início, então, um gigantesco trabalho de construção de barreiras institucionais à atuação dos 
criminosos. Iniciou com novas legislações nacionais. Depois, com o aprimoramento da cooperação 
internacional. E com o controle gradativo sobre as transações eletrônicas.
No Brasil, o então Ministro da Justiça Márcio Thomas Bastos montou o Sisbin (Sistema Brasileiro de 
Inteligência) justamente para reunir todos os órgãos que trabalhavam no combate ao crime organizado, 
da COAF (Conselho de Controle das Atividades Financeiras) ao Banco Central, do Ministério Público 
Federal à Receita, da Polícia Federal à CGU (Controladoria Geral da União).
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A ação do Ministro foi resultado da frustração de duas CPIs que bateram no centro do crime financeiro 
instalado: a dos Precatórios e a do Banestado.
No primeiro caso, batia de frente com o então prefeito Paulo Maluf e com senadores envolvidos na 
autorização de aumento do endividamento público. No segundo, batia em tantas figuras de vulto, em 
tantos políticos de todos os partidos, que terminou em pizza.
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O caso Wikileaks foi o primeiro ensaio de colaboração internacional para desvendar os grandes 
segredos globais, onde se misturam geopolítica, manobras financeiras, jogadas internacionais. Um 
funcionário do governo dos EUA disponibilizou um enorme banco de dados de escutas do governo 
norte-americano. E uma organização internacional de jornalistas, de vários países, tratou de destrinchar 
os dados.
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O caso HSBC, ou Swissleaks, é a segunda experiência. Houve o vazamento das contas do banco na 
Suíça, junto com a informação de que sua especialidade era a de orientar clientes sobre como esconder 
patrimônio. O banco de dados foi repartido com uma equipe de jornalistas transacional, através da 
ICIF, uma fundação de jornalismo investigativo.
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Em vários países as investigações andaram céleres. Em outros, bateram em interesses ligados aos 
grupos jornalísticos.
Na Inglaterra, Peter Oborne, principal colunista político do Telegraph, pediu demissão denunciando 
que os jornalistas foram impedidos de investigar o HSBC devido a interesses na publicidade.
Na França, a redação do Le Monde denunciou a tentativa dos acionistas de impedir os trabalhos.
No Brasil, as investigações foram literalmente escondidas sob o argumento mais canhestro. A pretexto 
de não cometer injustiças, o jornalista responsável pelos dados informou ter repassado os dados para a 
Receita, em dezembro, e estaria aguardando que os técnicos fizessem seu trabalho.
Por aqui, iniciou-se um trabalho colaborativo visando filtrar as informações do caso. O endereço é 
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