sábado, 28 de fevereiro de 2015

A ira santa de Emma Thompson contra os sonegadores do HSBC


Emma com o marido Greg Wise combatem o bom combate

por : Paulo Nogueira

A atriz britânica Emma Thompson mandou, esta semana, um recado extraordinariamente oportuno para o mundo.
Emma anunciou que não vai mais pagar impostos enquanto os tubarões por trás do caso HSBC não forem presos.
Ela estava ao lado do marido, Greg Wise, também ator, nesta decisão. Ele disse que, como homem de esquerda, sempre pagou com orgulho os seus impostos.
Mas agora ele se cansou de parecer bobo, idiota.
Os ricos, e o caso HSBC é apenas um deles, vão ficando cada vez mais ricos graças a estratégias de sonegar impostos por meio de paraísos fiscais.
E a conta de tudo cai nos ombros dos demais.
Uma hora uma coisa dessas tinha que acontecer. Um grito, um berro, um manifesto contra a pavorosa injustiça fiscal que domina o mundo.
É uma herança maldita da Era Thatcher – aquela que Armínio Fraga queria instalar no Brasil.
Sucessivas desregulamentações financeiras, sempre de olho nos interesses de uma pequena camada de poderosos, criaram facilidades inéditas para manobras de evasão fiscal.
O gesto do casal de atores repercutiu internacionalmente. Pessoas nos Estados Unidos disseram que é tempo de colocar em marcha um movimento que faça o mesmo. Em outras partes da Europa, a reação foi parecida.
A “desobediência civil”, logo se concluiu, tem que ser coletiva, para surtir efeito.
É possível que um marco tenha sido cravado por Emma e seu marido. Se as pessoas começarem a parar de pagar impostos enquanto os privilegiados se safarem sem dificuldades, aí então as coisas vão mudar.
Os governos têm que ser firmes.
Uma referência, neste campo, é a Alemanha. Não muito tempo atrás, os alemães descobriram que o presidente do Bayern escondera uma conta na Suíça, para fugir dos impostos.
“Nenhum país funciona quando esse tipo de coisa é tolerado”, disse o governo.
O cartola, que até ali era tido como um cidadão exemplar, cumpre hoje pena de prisão.
No Brasil, é o oposto.
Jamais uma autoridade econômica se pronunciou sobre a sonegação da Globo, por exemplo.
Qual a mensagem que chega para a sociedade?
Se os Marinhos – a família mais rica do Brasil – sonegam, por que eu hei de pagar imposto?
É uma pena que Emma Thompson não tenha similar no Brasil.
O mesmo comportamento do governo Dilma se observou quando veio à luz, alguns meses atrás, uma manobra do Bradesco para fugir de impostos via paraíso fiscal.
O que Dilma fez?
Convidou o presidente do Bradesco para ser seu ministro da Economia. Com a recusa deste, contentou-se com um diretor do banco, Levy.
Como Levy pode comandar uma ofensiva contra a evasão de impostos por meio de paraísos fiscais quando a empresa de que ele era um alto executivo foi apanhada em flagrante delito?
Compare a atitude da Alemanha com a do Brasil.
Também aí, no combate à sonegação, o placar está 7 a 1. Ou, para ser mais preciso, 7 a 0.
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