sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

PRESTAÇÂO DE CONTAS DA PETROBRAS: OS GLOBALHAS SÃO UM CONGLOMERADOS DE IDIOTAS ? OU APENAS QUEREM NOS FAZER DE IDIOTAS?



Luis Nassif

Os jornalões estão incorrendo em um ridículo intencional ao estimar a corrupção da Petrobras em R$ 
88 bilhões. Foram auxiliados pela maneira desastrada com que a empresa está calculando e anunciando 
o “Impairment” no seu balanço.
A Força Tarefa do Lava Jato levantou dois números: a taxa de propina (paga pelos fornecedores) era 
de 3%; até agora o valor total das propinas foi de R$ 2,1 bilhões. Se aplicar os 3% sobre todos os 
investimentos do período Paulo Roberto Costa, chega a R$ 4,5 bilhões – quantia elevadíssima mas 
longe dessa ficção dos R$ 88 bilhões.
Os R$ 88 bilhões do teste do Impairment nada tem a ver com corrupção. Trata-se de um teste 
estimando o valor real de um ativo calculado em cima da projeção de resultados dele.
***
Um exemplo:
O sujeito tem uma fábrica de cueca que dá lucro de R$ 100 mil por ano.
Ele define um prazo de, digamos, 10 anos, e uma taxa de juros compatível com o mercado. Digamos, 
de 10% ao ano.
Nesse caso, o valor do ativo (a fábrica de cuecas) será de R$ 614,5 mil.
Aí ocorre uma crise qualquer e derruba em 20% o resultado da companhia. Com R$ 80 mil de lucros 
anuais, o valor da empresa cai para R$ 491,6.
O teste do “Impairment” consiste em adequar o valor do ativo à nova situação. Mas não se faz 
automaticamente. O diretor da companhia chama o auditor e pondera: o mercado caiu 20% hoje mas 
pode se recuperar no próximo ano. E trata de incorporar gradativamente a diferença.
A diferença entra como ativo diferido e é tratada como despesa – ajudando a abater o Imposto de 
Renda devido.
***
O “Impairment” da Petrobras foi de R$ 88 bilhões. Significa que houve uma redução das expectativas 
de lucros de um grande conjunto de investimentos.
Parte dessa redução decorreu de gastos excessivos em alguns investimentos. Mas a maior parte foi 
decorrente da mudança do cenário econômico, com queda dos preços de petróleo, mudança no perfil 
de consumo etc.
Houve queda nos preços internacionais do petróleo que impactaram o pré-sal e derrubaram o valor 
potencial dos investimentos.
Suponha o seguinte, bem grosso modo para entender a lógica do “Impairment”.
O custo de extração do barril do pré-sal é de US$ 40,00.
A cotação internacional do barril está em US$ 120,00.
A cotação cai para US$ 50. Nesse caso o teste do “Impairment” iria definir uma baixa de quase 88% 
nos ativos do pré-sal.
Aí o mercado se recupera e a cotação vai para, digamos, US$ 70. Nesse caso, o teste iria exigir um 
aumento de 200% no valor dos ativos.
***
Por isso mesmo, nenhuma grande empresa lança de uma vez todo o ajuste do “Impairment” no 
balanço. 
E nem anuncia aos quatro ventos, como fez a diretoria da Petrobras.
Simplesmente chamaria o auditor interno e o externo, discutiria com eles e definiriam em conjunto uma 
maneira gradativa de incorporar o “Impairment” ao balanço, levando em conta o fato de que os 
cenários futuros são voláteis.
O mercado torcia por um ajuste radical porque todos esses valores seriam levados à conta de despesas, 
reduzindo drasticamente o Imposto de Renda nos próximos balanços – e, obviamente, aumentando os 
lucros.
***
Dilma precisa tirar o tema Petrobras do caminho para começar a governar. E não será com prestações 
de conta desastrosas que o tema desaparecerá do noticiário.
_______________________________________________

Nenhum comentário: