quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Marta descobriu que para virar diva da mídia basta bater no PT


Louva cavalgada

por : Paulo Nogueira

Marta Suplicy descobriu, na fase final de sua já longa vida política, como merecer os holofotes da 
mídia.
Basta falar mal do PT.
Antes dela, jornalistas conseguiram colunas em doses copiosas com a mesma estratégia.
Você é um jovem jornalista e quer fazer carreira nas grandes empresas de mídia, ou no que restar delas 
nesta Era Digital: bata no PT. Suas chances serão altas.
O artigo da Folha em que Marta bate em Dilma e no PT é um dos destaques de todos os sites das 
empresas de jornalismo. Parece que ela juntou palavras de Sheherazade, reagrupou e mandou para a 
Barão de Limeira.
Mas o que quer Marta? Ser heroína da mídia ou se eleger para alguma coisa relevante no futuro 
próximo?
Porque, e este é um ponto vital na discussão, ninguém pode ter tudo. Nas últimas eleições 
presidenciais, Serra, Alckmin e agora Aécio foram amplamente apoiados pela imprensa.
E deu no que deu: ilusões, expectativas elevadas e afinal lágrimas, ressentimentos, fracasso.
No caso de Marta, a questão é ainda mais complicada.
Com sua louca cavalgada, ela vai se tornando um nome abominado para os petistas, dos quais sempre 
extraiu os votos que a levaram a posições de destaque como a prefeitura de São Paulo e o Senado.
É presumível que neste contingente de eleitores, os petistas, Marta valga muito menos hoje do que 
valeu ontem, e valerá amanhã ainda menos do que hoje.
Onde buscar os votos perdidos?
Num eleitorado jovem, cansado da política como ela é, esqueça. Para esse público, Marta é um 
anacronismo. Eles querem coisa nova, como o Syriza da Grécia ou o Podemos da Espanha.
Sobra o voto conservador. Para simplificar, dos leitores da Veja e assemelhados.
Imaginar que eles serão capazes de votar em alguém com a trajetória de Marta é o triunfo da esperança.
Para este tipo de eleitor, haver passado pelo PT é o suficiente para qualquer político ser amaldiçoado 
para sempre.
Então, não é por ali que Marta vai compensar os votos perdidos.
Onde então?
A resposta mais realista é: em nenhum lugar.
Não vai demorar, Marta se dará conta de que em sua ofensiva anti-PT ela queimou os únicos votos que 
poderia ter.
Se tudo que ela deseja é vingança, tudo bem. Seus insultos obterão, sempre, extrema repercussão.
Mas se ela pretende, em algum momento, voto, aí é diferente.
Seu grande aliado de agora, a imprensa, quer de Marta uma coisa específica: ataques contra o PT.
Marta serve para isso e apenas para isso.
Tem sido sempre assim. Repare: renomados juristas que em determinado instante começaram a 
questionar o Mensalão, por exemplo, sumiram da mídia.
Marta está sendo usada pela imprensa, com certeza. E imagina que, em troca, também a está usando.
É certo se o objetivo é a vendeta.
E é um erro de vista espetacular se o objetivo é ganhar algum tipo de eleição que tenha qualquer 
importância.
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