sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

A ESQUERDA NÃO CONTROLA O PROCESSO POLÍTICO. DEVE, POR ISSO, CUIDAR DO QUE PÕE EM MARCHA


Graça deu carne às hienas...De onde ela tirou aquele número ?

 Fernando Brito

No governo Fernando Henrique – e em todos os governos conservadores, exceto o de Collor, que 
serviu para barrar a esquerda, iniciar a privatização e, em seguida, foi defenestrado – o controle da 
política se fez não por uma amordaçamento direto da mídia, mas pela política do próprio sistema de 
comunicação, assim como fazia o Procurador-Geral Geraldo Brindeiro, “engavetar”, logo depois que 
estouravam, os escândalos políticos.
Sivam, Pasta Rosa, negociatas na privatização, compra de votos para a reeleição e uma montoeira de 
outras “bombas atômicas” foram, em prazo mais ou menos curto, desarmadas e relegadas ao armário 
dos guardados, depois de uma, outra ou meia-dúzia de matérias, muitas delas boas reportagens, admita-
se.
Mas num governo do campo popular (e por isso um inimigo para a mídia e para boa parte da elite 
judicial e parajudicial – ou alguém duvida que estes segmentos, privilegiados em meio à nossa pobreza, 
tendam ao conservadorismo?) tudo é diferente.
Vêem-se eles, pois, numa encruzilhada: para agir de forma “republicana” e honrada, muitas vezes 
partem a expor suas próprias entranhas – e alguém já falou sobre política e a fabricação de salsichas – 
fornecem elas próprias a matéria prima para as explorações e campanhas midiáticas, que amplificam os 
atos criminosos (ou mesmo outros, simplesmente equivocados) de dirigentes públicos no “mar de 
lama” que fizeram contra Getúlio Vargas.
A honestidade da Presidenta Dilma Rousseff e de Graça Foster, da Petrobras, além de não ser 
objetivamente atingida por nada que se tenha apurado só podem ser ratificada por suas decisões, 
sobretudo a de afastar da empresa, desde 2012, Paulo Roberto Costa, o ladrão confesso.
Mas incorrem em amadorismos políticos que só agravam a “onda” de que seus adversários políticos 
fazem, não apenas por objetivos políticos mas, também, contra a nossa maior empresa, alavanca do 
desenvolvimento brasileiro e marco de nossa soberania.
A produção de um relatório de diferenças contábeis na avaliação de ativos totalmente “troncho”, onde 
se misturam, além dos sobrepreços oriundos da roubalheira de Costa, fatos tão díspares quanto 
variações cambiais, de preço do petróleo, de ajustes de projetos, de especificações errôneas em projetos 
foi um destes.
Produziu-se um número gigantesco e fantasioso: R$ 88 bilhões.
Um número que, sabe qualquer um que entenda um mínimo de contabilidade empresarial, não serve 
para nada, ainda mais com ativos que não têm “valor de mercado”. Não se compra e vende uma 
refinaria como quem vende um Golzinho, em bom estado, tinindo de novo….
Não reflete coisa alguma, nem do ponto de vista do valor contábil de um ativo nem de seu valor 
econômico para o país, porque este também é critério de mensuração numa empresa que tem 
compromisso com o desenvolvimento nacional: muitas vezes é melhor fazer algo aqui, mesmo por 5 ou 
10% mais caro, do que importar: é o caso de navios, equipamentos de conteúdo nacional, instalações 
industriais, etc…
E ainda tem a questão de saber com que preço do petróleo e derivados se faz o cálculo: o da época, 
mais ou menos o mesmo de há alguns meses, ou o atual, metade disso? E se amanhã for o dobro?
Essa conta terá de ser feita a partir de cada negócio escuso: quanto custaria sem falcatruas e quanto 
custou, de fato.
Mas a direção da Petrobras, na ânsia de se mostrar confiável e honrada, produziu este número que, 
afinal, ela própria reconhece imprestável, como de fato é.
E entregou carne às hienas.
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