quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

NOVO TIME DE DILMA: UMA MACARRONADA DE CENTRO-DIREITA COM UMA PONTA DE QUEIJO RALADO A ESQUERDA


Depois de ter entregue as pastas da economia aos mercadistas e sinalizados a abertura de capital 
da Caixa Econômica Federal, cuja consequência previsível, seria a transferência para bancos 
privados de suas operações lucrativas, sendo-lhe reservadas apenas as aquelas atividades que 
não dão retorno e não interessam à iniciativa privada.......

Ministério não define governo, isso é certo…Porque quem define governo é quem escolhe e 
comanda os ministros. Mesmo assim, vale a pena dar uma olhada em cada um dos indicados por 
Dilma para o “meio” Ministério anunciado.

Há os inexpressivos como George Hilton, deputado do PRB, ligado ao fiel senador Marcelo Crivella,
de Vinícius Lajes, do Turismo, de Nilma Lino Gomes (elogiada intelectual do movimento negro) e
Valdir Simão, um auditor da Receita com fama de “durão” (que ótimo!) em matéria de regularidade
administrativa e que já apagou incêndios).
Também temos os poucos expressivos, que correspondem a “cotas”, como Edinho Araújo, escolha
pessoal de Michel Temer para a Secretaria de Portos. Helder Barbalho, jovem cotista do velho Senado 
e José Feijóo, sindicalista próximo a Lula e a Gilberto Carvalho, para trazer a CUT para o Governo e 
reaproximar o Ministério do Trabalho do movimento sindical.

Aí vem: 

1) Eliseu Padilha será o Secretário de Aviação Civil com destino certo: aproximar a bancada do 
PMDB. E o PMDB gaúcho, especialmente, seção que não tem um governador peeemedebista, como 
outros, com qualquer interlocução com o governo. Sua importância será definida por dois fatores: o 
primeiro é se haverá enfrentamento a Eduardo Cunha; o segundo, se houver, o quanto ele será capaz 
de anular a máquina do deputado fluminense.

2) Pepe Vargas compõe de vários lados: é bom formulador legislativo, representa o PT gaúcho e 
compõe as “tendências” internas do PT.

3) Kátia Abreu é o quinhão do agronegócio e responsável por zelar para que não seja total a guerra da 
bancada ruralista ao Governo, até porque rivaliza com Ronaldo caiado.

4) Gilberto Kassab, a tentativa de manter com o Governo os 37 deputados do PSD.

5) Aldo Rebelo, a composição histórica com o PC do B e um nome que não cria problemas nem é 
dado a radicalizar.

E as "novidades":

1) Miguel Rosseto mantém a nitidez ideológica na Secretaria Geral da Presidência, embora vá assumir 
um papel de coordenação mais intenso que o destinado a Gilberto Carvalho no primeiro mandato. 
Será, na prática, um segundo chefe da Casa Civil.

2) Cid Gomes parecer ser a cota de enfrentamento, fonte de polêmicas e, na prática, a volta do 
Ministério da Educação para o plano do debate. Não haverá “mar tranquilo” para o Governo Dilma 
nesta área. Ainda bem, porque de gente de fala mansa e bons modos a Educação foi ficando para trás.

3) Jacques Wagner na Defesa é uma equação que só se poderá resolver quando se souber o destino de 
Celso Amorim, cuja volta ao Ministério das Relações Exteriores é especulada. Se ele voltar, o Brasil 
retoma a tradição de ter um chanceler politicamente forte e de posições publicamente claras, 
recolocando o peso no Itamaraty nas suas devidas proporções.

Após a nomeação do banqueiro Joaquim Levy na Fazenda, de Armando Monteiro da CNI no
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Vem aí a "simbólica" nomeação (SIC !) de
Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura  ex DEM, cogitada para ser vice de Serra em 2010.
Gilberto Kassab, também ex-DEM e atualmente no PSD, assume uma das principais pastas, o
Ministério das Cidades, responsável pela política urbana, especialmente a moradia, mesmo ele que é
um aliado fiel da especulação imobiliária. Além de Helder Barbalho do PMDB, filho de Jader, que
ganha prêmio de consolação após ter perdido o governo do Pará.

Enfim até agora um meio ministério.... pouco, muito pouco, pouco mesmo para assegurar que este seja
um governo novo, de ideias novas, o que corre por conta. Dois terços dos indicados poderiam compor
qualquer governo de Aécioporto Neves.
Porque a política, no Brasil, ficou velha, muito velha, velha mesmo, na pior acepção que pode ter o
envelhecer: tornar-se mesquinho, cheio de vícios e em nada aberto para absorver o novo.
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