segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

A marcha das tiazinhas contra Dilma na Paulista



por : Mauro Donato

Na página do Facebook do Revoltados Online (!) que convocava para a manifestação de sábado estava
escrito que na primeira edição haviam comparecido 10 mil pessoas! Que na segunda foram 50 mil!! E 
que neste sábado (29) seriam 500 mil!!!
Com muito boa vontade dá para chutar que eram mil. Um mil e quinhentos talvez. Segundo a PM, 
600. 
Concentrados no vão do MASP, repetiram o roteiro de sempre: cantaram o hino nacional (ali e depois 
mais um par de vezes), rezaram a ave-maria, pediram ‘fora PT’, ordenaram ‘Lula cachaceiro, devolve 
meu dinheiro’.
A faixa que puxaria a procissão continha os temas ‘não ao Marco Civil’, ‘não às cotas raciais’, ‘não à 
reforma política’, ‘liberdade de imprensa’. As cartolinas escritas à mão pediam ‘fora Dilma’, 
‘impeachment já’, ‘façam o diabo com Cuba, não com o Brasil’.
Se na manifestação anterior apenas um décimo da quantidade inicial conseguiu chegar à praça da Sé, 
dessa vez o percurso foi adaptado e reduzido ao máximo. Muito em razão também da faixa etária 
daqueles manifestantes, foi feito um zerinho na Paulista.
Saindo do MASP, fizeram o retorno na Praça do Ciclista e, na outra ponta, na avenida Brigadeiro. 
Circuito típico de fórmula Indy, na velocidade de Rubinho Barrichelo. Para senhoras, senhores e 
alguns cachorrinhos já está bom.
No início, Lobão falou. Novamente criticou a presença dos manifestantes que pediam intervenção 
militar e chegou a pedir auxílio da PM para a retirada do que classificou de “alienígenas”. No 
microfone os discursantes se revezavam. “Dizem que somos coxinhas. Se ser coxinha é trabalhar duro, 
pagar altos impostos, então somos coxinhas sim”.
Os organizadores fizeram questão de parar alguns minutos defronte ao prédio em que há escritórios da 
Petrobrás para mais discursos sobre a roubalheira. Alguém sobre o caminhão de som lembrou que 
estavam em frente também a um prédio ‘símbolo da mídia comprada pelo governo’. Era o da Gazeta. 
Estudantes de jornalismo da Casper Líbero que estavam sentadas na escadaria caíram na risada.
Ao final, um advogado explicou quais seriam os próximos passos. “O primeiro é a petição para o 
impeachment. Mas para isso de fato acontecer é muito importante o segundo passo ser iniciado de 
imediato: o abaixo-assinado. O terceiro passo é o mais importante de todos, alertou o advogado: o 
povo precisa estar na rua.”
Ou seja, a primeira etapa deveria ocorrer depois da segunda e, a terceira… bem, a terceira etapa já 
estava acontecendo naquele momento antes das duas primeiras. Entendeu? Então… melhor ir ao 
cinema, não é mesmo?


O  “movimento” pelo impeachmente está morto, mas falta avisar os coveiros

Durou pouco mais de um mês o “movimento” pedindo o impeachment com base em teorias 
estapafúrdias e alimentado por paranoicos.
A última marcha reuniu, segundo a PM, 600 gatos pingados na Avenida Paulista. No Rio de Janeiro e 
em Belo Horizonte, a coisa micou mais ainda. No resto do Brasil, não aconteceu nada.
Em São Paulo, o primeiro protesto já dava sinais claros de insuficiência cardíaca. O deputado eleito 
Eduardo Bolsonaro, filho de Jair, apareceu com uma pistola na cintura no alto de um carro de som. 
Formou uma parceria com o deputado não eleito Paulo Batista. Juntos foram ao velho Danilo Gentili 
vender seu peixe.
Batista teve seus 3 minutos de semicelebridade do B com vídeos da campanha eleitoral, como um em 
que sobrevoava uma cidade disparando um “raio privatizador” de seus olhos.
Uma semana depois da manifestação de 15 de novembro, ele já estava sendo acusado de ser — sim, 
você leu direito — comunista por um certo Marcello Reis, criador da conta Revoltados Online no 
Facebook.
Desta vez, manifestantes que pediam “intervenção militar” foram expulsos da marcha, com a ajuda da 
polícia militar. Lobão apontou o dedo e humilhou o pessoal, acusando aqueles homens e mulheres de 
bem de ser — isso mesmo — de “extrema direita”. O empresário Ricardo Roque, que levava um 
megafone, foi afastado pela polícia. Estava vendendo camisetas e bonés sob medida para corpinhos 
fascistas.
Como sempre, cenas patéticas. Um ambulante foi chamado de “vagabundo” e “drogado”. 
Duas pessoas foram presas.
O “movimento” deu seu estertor hoje, vítima de sua própria inconsistência, entre outras doenças. Bateu 
as botas um dia depois do ator mexicano Roberto Bolaños. Como diria o Chaves, teria sido melhor ir 
ver o filme do Pelé
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