Os boimates bolivarianos do Ministério Público
Luis Nassif
Não há nada que comprometa o esforço geral de uma corporação, do que o exibicionismo de um de
Não há nada que comprometa o esforço geral de uma corporação, do que o exibicionismo de um de
seus membros – especialmente quando dispõe de prerrogativas de poder de Estado.
É o caso do Procurador da República em Goiás Ailton Benedito de Souza.
Ontem expôs o MPF ao ridículo, ao agir contra decisão do governo venezuelano de convocar 26
É o caso do Procurador da República em Goiás Ailton Benedito de Souza.
Ontem expôs o MPF ao ridículo, ao agir contra decisão do governo venezuelano de convocar 26
jovens do Brasil para compor uma tal Brigadas Populares de Comunicação.
Imediatamente o procurador Ailton intimou o Itamaraty, em um prazo de dez dias, a levantar a
identidade dos jovens sequestrados e investigar uma possível rede de tráfico humano.
Era uma mera notícia de Internet, mencionando a comunidade Brasil, um bairro popular da cidade
Era uma mera notícia de Internet, mencionando a comunidade Brasil, um bairro popular da cidade
venezuelana de Cumaná que, com exceção do nome, não tem a menor relação com o país Brasil.
A barriga repercutiu no mundo todo, sendo ironizada em vários idiomas.
Uma barriga desse tamanho basta. Mas a atitude do Procurador em se basear em qualquer factoide para
propor ações já virou compulsão.
Tornou-se membro do Instituto Millenium, valendo-se das prerrogativas do cargo para desmoralizar o
Ministério Público.
Em maio passado tentou suspender toda a publicidade da Copa do Mundo (http://migre.me/nabDB)
por estar “absurdamente divorciada da realidade”.
Montou um catatau de 50 páginas argumentando que "de fato, os brasileiros ficaram bastante
esperançosos e que as obras da Copa, que consumiram bilhões de recursos públicos, proporcionassem
um legado auspicioso, a ser usufruído nos anos vindouros pela sociedade, que, afinal paga a conta"..
No entanto, "vários empreendimentos projetados para o transporte público e o trânsito foram
cancelados ou substituídos por outros de menor impacto, que, primeiro, não serão concluídos a tempo;
e, segundo, visam, exclusivamente, mitigar os efeitos da desorganização, da falta de planejamento, da
incompetência em executar o que se planejou, relativamente à infraestrutura e aos serviços voltados à
realização da Copa, a fim de evitar que o pior".
Consultasse o próprio MPF, esse despreparado saberia do enorme trabalho que juntou praticamente
todos os poderes – do Executivo aos estados, da Polícia ao Ministério Público – na organização do
evento. Baseou-se em meras notícias não confiáveis da mídia para sair atirando.
Em novembro de 2011, processou professores por desacato, depois de terem ido ao MPF-GO
Em novembro de 2011, processou professores por desacato, depois de terem ido ao MPF-GO
denunciar supostos desvios de verba do Fundeb (Fundo de Desenvolvimento do Ensino Básico) pela
prefeitura de Goiânia.
Quando foi lançado o programa Mais Médicos, viu mais uma oportunidade de aparecer. Com base em
Quando foi lançado o programa Mais Médicos, viu mais uma oportunidade de aparecer. Com base em
notas de jornal, instaurou um inquérito civil-público para apurar “possíveis ações e omissões das
administrações públicas – em todas as esferas – a respeito do programa Mais Médicos”
(http://migre.me/nabUf).
Baseava-se exclusivamente em reportagens mal apuradas, sem a preocupação em aprofundar as
Baseava-se exclusivamente em reportagens mal apuradas, sem a preocupação em aprofundar as
investigações. Indagado sobre a razão do inquérito, alegou que:
“Primeiro: a notícia de que municípios estariam substituindo profissionais próprios por médicos do
“Primeiro: a notícia de que municípios estariam substituindo profissionais próprios por médicos do
“Mais Médicos”. Segundo: a notícia de que profissionais originários de Cuba estariam sofrendo algum
tipo de violação aos seus direitos, principalmente o direito de se locomover no território nacional.
Terceiro: a situação de abandono do programa por médicos que se inscreveram no programa e
ingressaram na atividade”( http://migre.me/nac3x).
Se amanhã um jornal noticiar que há indícios de propina no escavamento das crateras da Lua, não se
tenha dúvida e que o bravo procurador atuará firmemente em defesa da moralidade intimando os
lunáticos.
O procurador tem um blog, o “Bendito Argumento”, onde elabora textos assim:
“Portanto, todos nós, queiramos ou não, participamos ou omitamos, ajamos ou quedamos, ativos ou
“Portanto, todos nós, queiramos ou não, participamos ou omitamos, ajamos ou quedamos, ativos ou
passivos, independentemente de nossos sonhos e pesadelos, virtudes e vícios, desejos e repulsas,
crenças e incredulidades, saberes e ignorâncias, bravura e covardia, riquezas e misérias etc., somos
seres políticos. E, como tais, responsáveis perante nós mesmos, as famílias, a sociedade, o mundo no
qual vivemos”.
(...) Se eu fosse cruel, torceria pela vitória daqueles que almejam transformar a democracia do Brasil
numa cópia dos regimes ditatoriais bolivarianos, para que eles fossem devorados pelo Saturno dos seus
sonhos”.
Em seus textos, Ailton denuncia a “propaganda eleitoral subliminar”, “sobretudo a que se utiliza da
máquina pública”.
Define a tal propaganda eleitoral subliminar como aquela que “consubstancia mensagem que não
Define a tal propaganda eleitoral subliminar como aquela que “consubstancia mensagem que não
ultrapassa o limiar da consciência, que não é suficientemente intenso para penetrar na consciência, mas
que, pela repetição ou por outras técnicas, pode atingir o subconsciente, afetando as emoções, desejos,
opiniões; subconsciente. Nessa perspectiva, a propaganda política também se serve das técnicas
subliminares para chegar à inconsciência dos cidadãos, sobretudo os eleitores, especialmente durante
os processos eleitorais. Todavia, não é incomum que tais processos perdurem todo o período que
medeia entre a posse dos eleitos num pleito e o próximo. Noutras palavras, políticos estão sempre em
campanha, muitas das vezes sem que o cidadão-eleitor tenha consciência”.
Em um dos artigos, deblaterou contra a afirmação de Dilma Rousseff, de que poderia utilizar as Forças
Armadas nas manifestações contra a Copa:
“Por que, em lugar usar que “o Exército pode agir contra manifestações anti-Copa”, não se determinar
aos órgãos competentes, responsáveis pela segurança pública, que façam uso da apropriado da Lei de
Segurança Nacional para punir os que atentam contra a democracia, o Estado de Direito, os direitos
fundamentais dos brasileiros, seja antes, durante ou depois da Copa? Pois que, sendo necessário, que
se invoquem as Forças Armadas para defender a sociedade, a democracia, o Estado de Direito, não a
#CopaDasCopas”(http://migre.me/nacLy)”.
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