sábado, 29 de novembro de 2014

O procurador exibicionista que expôs o MPF ao ridículo


Os boimates bolivarianos do Ministério Público

Luis Nassif

Não há nada que comprometa o esforço geral de uma corporação, do que o exibicionismo de um de 
seus membros – especialmente quando dispõe de prerrogativas de poder de Estado.
É o caso do Procurador da República em Goiás Ailton Benedito de Souza.
Ontem expôs o MPF ao ridículo, ao agir contra decisão do governo venezuelano de convocar 26 
jovens do Brasil para compor uma tal Brigadas Populares de Comunicação.
Imediatamente o procurador Ailton intimou o Itamaraty, em um prazo de dez dias, a levantar a 
identidade dos jovens sequestrados e investigar uma possível rede de tráfico humano.
Era uma mera notícia de Internet, mencionando a comunidade Brasil, um bairro popular da cidade 
venezuelana de Cumaná que, com exceção do nome, não tem a menor relação com o país Brasil.
A barriga repercutiu no mundo todo, sendo ironizada em vários idiomas.
Uma barriga desse tamanho basta. Mas a atitude do Procurador em se basear em qualquer factoide para 
propor ações já virou compulsão.
Tornou-se membro do Instituto Millenium, valendo-se das prerrogativas do cargo para desmoralizar o 
Ministério Público.
Em maio passado tentou suspender toda a publicidade da Copa do Mundo (http://migre.me/nabDB
por estar “absurdamente divorciada da realidade”.
Montou um catatau de 50 páginas argumentando que "de fato, os brasileiros ficaram bastante 
esperançosos e que as obras da Copa, que consumiram bilhões de recursos públicos, proporcionassem 
um legado auspicioso, a ser usufruído nos anos vindouros pela sociedade, que, afinal paga a conta".. 
No entanto, "vários empreendimentos projetados para o transporte público e o trânsito foram 
cancelados ou substituídos por outros de menor impacto, que, primeiro, não serão concluídos a tempo; 
e, segundo, visam, exclusivamente, mitigar os efeitos da desorganização, da falta de planejamento, da 
incompetência em executar o que se planejou, relativamente à infraestrutura e aos serviços voltados à 
realização da Copa, a fim de evitar que o pior".
Consultasse o próprio MPF, esse despreparado saberia do enorme trabalho que juntou praticamente 
todos os poderes – do Executivo aos estados, da Polícia ao Ministério Público – na organização do 
evento. Baseou-se em meras notícias não confiáveis da mídia para sair atirando.
Em novembro de 2011, processou professores por desacato, depois de terem ido ao MPF-GO 
denunciar supostos desvios de verba do Fundeb (Fundo de Desenvolvimento do Ensino Básico) pela 
prefeitura de Goiânia.
Quando foi lançado o programa Mais Médicos, viu mais uma oportunidade de aparecer. Com base em 
notas de jornal, instaurou um inquérito civil-público para apurar “possíveis ações e omissões das 
administrações públicas – em todas as esferas – a respeito do programa Mais Médicos” 
(http://migre.me/nabUf).
Baseava-se exclusivamente em reportagens mal apuradas, sem a preocupação em aprofundar as 
investigações. Indagado sobre a razão do inquérito, alegou que:
“Primeiro: a notícia de que municípios estariam substituindo profissionais próprios por médicos do 
“Mais Médicos”. Segundo: a notícia de que profissionais originários de Cuba estariam sofrendo algum 
tipo de violação aos seus direitos, principalmente o direito de se locomover no território nacional. 
Terceiro: a situação de abandono do programa por médicos que se inscreveram no programa e 
ingressaram na atividade”( http://migre.me/nac3x).
Se amanhã um jornal noticiar que há indícios de propina no escavamento das crateras da Lua, não se 
tenha dúvida e que o bravo procurador atuará firmemente em defesa da moralidade intimando os 
lunáticos.
O procurador tem um blog, o “Bendito Argumento”, onde elabora textos assim:
“Portanto, todos nós, queiramos ou não, participamos ou omitamos, ajamos ou quedamos, ativos ou 
passivos, independentemente de nossos sonhos e pesadelos, virtudes e vícios, desejos e repulsas, 
crenças e incredulidades, saberes e ignorâncias, bravura e covardia, riquezas e misérias etc., somos 
seres políticos. E, como tais, responsáveis perante nós mesmos, as famílias, a sociedade, o mundo no 
qual vivemos”.
(...) Se eu fosse cruel, torceria pela vitória daqueles que almejam transformar a democracia do Brasil 
numa cópia dos regimes ditatoriais bolivarianos, para que eles fossem devorados pelo Saturno dos seus 
sonhos”.
Em seus textos, Ailton denuncia a “propaganda eleitoral subliminar”, “sobretudo a que se utiliza da 
máquina pública”.
Define a tal propaganda eleitoral subliminar como aquela que “consubstancia mensagem que não 
ultrapassa o limiar da consciência, que não é suficientemente intenso para penetrar na consciência, mas 
que, pela repetição ou por outras técnicas, pode atingir o subconsciente, afetando as emoções, desejos, 
opiniões; subconsciente. Nessa perspectiva, a propaganda política também se serve das técnicas 
subliminares para chegar à inconsciência dos cidadãos, sobretudo os eleitores, especialmente durante 
os processos eleitorais. Todavia, não é incomum que tais processos perdurem todo o período que 
medeia entre a posse dos eleitos num pleito e o próximo. Noutras palavras, políticos estão sempre em 
campanha, muitas das vezes sem que o cidadão-eleitor tenha consciência”.
Em um dos artigos, deblaterou contra a afirmação de Dilma Rousseff, de que poderia utilizar as Forças 
Armadas nas manifestações contra a Copa:
“Por que, em lugar usar que “o Exército pode agir contra manifestações anti-Copa”, não se determinar 
aos órgãos competentes, responsáveis pela segurança pública, que façam uso da apropriado da Lei de 
Segurança Nacional para punir os que atentam contra a democracia, o Estado de Direito, os direitos 
fundamentais dos brasileiros, seja antes, durante ou depois da Copa? Pois que, sendo necessário, que 
se invoquem as Forças Armadas para defender a sociedade, a democracia, o Estado de Direito, não a 
#CopaDasCopas”(http://migre.me/nacLy)”.
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