sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Dilma e a síndrome do Pajé



No Blog do Rovai


O telhado onde o nome de Joaquim Levy subiu parece ser firme o suficiente para não cair nas 
primeiras ventanias e seu nome vem se consolidando como quase certo para a Fazenda. 
Dilma vai neste final de semana para Fortaleza participar de um encontro do PT. Se porventura 
anunciar seu nome antes, o recado é um. Se vier a conversar com dirigentes do partido para anunciar a 
equipe econômica depois, o recado é outro.
No PT, a preocupação atual começa a ser a de que Joaquim Levy não assuma com carta branca para 
fazer o que achar conveniente. Há preocupação, por exemplo, com as nomeações das direções dos 
bancos públicos. O BB e a CEF têm tido papeis importantes na ampliação do crédito e em programas 
como o Minha Casa Minha Vida. Outra preocupação é que ele não se torne um pajé do governo.
Em 2003, Palocci virou o pajé de Lula. O ex-presidente queria aumentar o salário mínimo, tinha quase 
todo o governo querendo o mesmo, mas Palocci conseguiu impedir que isso acontecesse. 
Na época, um ministro em conversa reservada denominou o caso de síndrome de pajé. O cacique 
(Lula) mesmo querendo fazer algo ia conversar com o homem da tribo que tinha acesso aos deuses. No 
caso do governo, os deuses do mercado. E o pajé dizia que se o cacique fizesse isso, choveria fogo. O 
pajé acabava mandando no governo.
É verdade que atualmente as condições do país são muito mais conhecidas do que naquele momento, 
que há gente na economia com posições menos ortodoxas e que Dilma é alguém que interfere mais 
diretamente na economia do que Lula, mas mesmo assim o risco sempre existe.
O PT parece até ter assimilado que o remédio Levy pode ser ruim, mas já é um fato. A questão agora 
parece administrar a dose. Uma super dose de ortodoxia pode até não ser fatal para a macroeconomia, 
mas seria desastrosa do ponto de vista da política para quem ganhou as eleições fazendo um discurso 
mais à esquerda. E é isso o que mais preocupa quem sabe que a tecnocracia é pra lá de uma ação 
política.

PS: Quem quiser comprar o disco da dupla Cacique e Pajé, que ilustra o post, pode ir lá no Mercado 
Livre, tá só 12 reais.
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