Coordenadora do Instituto Socioambiental, Marussia Whately, expõe erros do governo de São
Paulo no Sistema Cantareira.
Jornal GGN - "O uso do volume morto do Sistema Cantareira é uma medida questionável, que coloca em risco um dos maiores sistemas produtores do Brasil, e não necessariamente é uma solução. Ao contrário, mostra a falta de preparo do governo do Estado, da Sabesp ou mesmo do sistema de gestão de recursos hídricos estadual, e mesmo federal, para uma crise como essa", disse a especialista em recursos hídricos e coordenadora do Instituto Socioambiental (ISA) Marussia Whately.
A entrevista foi concedida à ONG Greenpeace, que lançou há duas semanas sua revista online. A primeira edição trouxe a reportagem "Água: Crise e Colapso em São Paulo", concluindo que a atual situação da falta de água foi ocasionada pela omissão e descaso do governo de São Paulo e de gestores da Sabesp.
"São uma série de medidas que poderiam ser adotadas e não foram. Já em dezembro, o Sistema Cantareira estava em um nível baixo, já existiam projeções de clima para o período, para os três meses seguintes, e era muito possível se falar: 'olha, não vai chover nesse verão, então a gente precisa fazer a redução de consumo'. Isso nos teria dado um pouco mais de sobrevida no sistema antes de entrar no volume morto", defende Marussia Whately.
A especialista explica que o problema é também questão climática, por chover menos nos últimos três verões. Mas que, por isso mesmo, deveria ter preparo e gestão para lidar com essa "tendência daqui para frente", de falta de chuvas. "Se você for pensar que nos últimos 10 anos, desde que se fez a outorga do Sistema Cantareira em 2004, existia um compromisso de que a Sabesp diminuisse a dependência desse Sistema, e pouco foi feito nesse sentido", disse.
Whately afirma que, agora, quem pagará pelo descaso é a população. "A situação é realmente grave, no Estado de São Paulo, não só na Região Metropolitana. A maior gravidade na Região Metropolitana vai incidir sobre o abastecimento urbano, que não é o maior usuário de água na Bacia do Alto Tietê, então você tem a parte industrial, que usa bastante água, a própria diluição de esgoto, que é o Pinheiros, a Billings, Guarapiranga, essa conexão desses corpos d'água, acabam usando bastante água. Mas ao que parece, a conta vai cair no colo do consumidor".
Outro problema apontado pela coordenadora do Instituto Socioambiental foi a omissão do governo para a real crise em que se encontra o Sistema Cantareira. "A primeira [medida], a curto prazo, é que a situação seja colocada com mais transparência e que a sociedade, sociedade civil organizada, o setor industrial, os setores todos que utilizam a água sejam chamados a conversar. A garantia de água para o abastecimento humano é prioridade".
Ainda explica as consequências de se utilizar o volume morto, uma questão não discutida com a sociedade e que "resolve" momentaneamente a falta de água, mas sem prevenções e prejudicando a médio e longo prazo. "É importante a gente entender, o que é o volume morto? É a água morta para o abastecimento. Ela é uma água que precisa ficar lá para que o sistema não entre em colapso. Porque se você retirar aquela água, não só a represa seca, mas todo o entorno dela, os lençois freaticos e toda a capacidade que aquela represa vai ter de se recompor a hora que começar a chover fica muito comprometida", expôs.
Assista a entrevista completa:
Jornal GGN - "O uso do volume morto do Sistema Cantareira é uma medida questionável, que coloca em risco um dos maiores sistemas produtores do Brasil, e não necessariamente é uma solução. Ao contrário, mostra a falta de preparo do governo do Estado, da Sabesp ou mesmo do sistema de gestão de recursos hídricos estadual, e mesmo federal, para uma crise como essa", disse a especialista em recursos hídricos e coordenadora do Instituto Socioambiental (ISA) Marussia Whately.
A entrevista foi concedida à ONG Greenpeace, que lançou há duas semanas sua revista online. A primeira edição trouxe a reportagem "Água: Crise e Colapso em São Paulo", concluindo que a atual situação da falta de água foi ocasionada pela omissão e descaso do governo de São Paulo e de gestores da Sabesp.
"São uma série de medidas que poderiam ser adotadas e não foram. Já em dezembro, o Sistema Cantareira estava em um nível baixo, já existiam projeções de clima para o período, para os três meses seguintes, e era muito possível se falar: 'olha, não vai chover nesse verão, então a gente precisa fazer a redução de consumo'. Isso nos teria dado um pouco mais de sobrevida no sistema antes de entrar no volume morto", defende Marussia Whately.
A especialista explica que o problema é também questão climática, por chover menos nos últimos três verões. Mas que, por isso mesmo, deveria ter preparo e gestão para lidar com essa "tendência daqui para frente", de falta de chuvas. "Se você for pensar que nos últimos 10 anos, desde que se fez a outorga do Sistema Cantareira em 2004, existia um compromisso de que a Sabesp diminuisse a dependência desse Sistema, e pouco foi feito nesse sentido", disse.
Whately afirma que, agora, quem pagará pelo descaso é a população. "A situação é realmente grave, no Estado de São Paulo, não só na Região Metropolitana. A maior gravidade na Região Metropolitana vai incidir sobre o abastecimento urbano, que não é o maior usuário de água na Bacia do Alto Tietê, então você tem a parte industrial, que usa bastante água, a própria diluição de esgoto, que é o Pinheiros, a Billings, Guarapiranga, essa conexão desses corpos d'água, acabam usando bastante água. Mas ao que parece, a conta vai cair no colo do consumidor".
Outro problema apontado pela coordenadora do Instituto Socioambiental foi a omissão do governo para a real crise em que se encontra o Sistema Cantareira. "A primeira [medida], a curto prazo, é que a situação seja colocada com mais transparência e que a sociedade, sociedade civil organizada, o setor industrial, os setores todos que utilizam a água sejam chamados a conversar. A garantia de água para o abastecimento humano é prioridade".
Ainda explica as consequências de se utilizar o volume morto, uma questão não discutida com a sociedade e que "resolve" momentaneamente a falta de água, mas sem prevenções e prejudicando a médio e longo prazo. "É importante a gente entender, o que é o volume morto? É a água morta para o abastecimento. Ela é uma água que precisa ficar lá para que o sistema não entre em colapso. Porque se você retirar aquela água, não só a represa seca, mas todo o entorno dela, os lençois freaticos e toda a capacidade que aquela represa vai ter de se recompor a hora que começar a chover fica muito comprometida", expôs.
Assista a entrevista completa:
A reportagem também traz relatos da população que está sofrendo com o racionamento. E conclui: "no último dia nove de setembro, Catarina de Albuquerque, relatora da ONU (Organização das Nações Unidas), declarou que a crise da água não pode ser justificada pela estiagem: cabe ao Estado prever e prevenir a população de circunstâncias como esta. Diante da crise, o recém-eleito governador Geraldo Alckmin continua negando a interrupção do abastecimento – praticada há pelo menos três meses – e descartou a necessidade de racionamento em 2014".
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