Os próximos quatro anos terão três personagens principais: Dilma e o PT; Aécio e o PSDB; e os grupos de mídia.
No discurso de celebração da vitória, Dilma Rousseff fez duas afirmações importantes.
A primeira, a promessa de, no segundo governo, convocar a sociedade civil, associações, movimentos, para construírem juntos as políticas públicas. Mencionou expressamente a indústria. E mencionou expressamente a palavra união.
A segunda, a constatação de que em eleições apertadas há mais possibilidade de mudanças do que nas vitórias folgadas.
No primeiro governo, a falta de experiência e o excesso de otimismo – com os níveis recordes iniciais de aprovação e o bom momento da economia – fizeram Dilma descuidar do dia a dia da política e da necessidade de montar Ministérios fortes. E se recusar a mudar um estilo desastroso de administrar a economia e a política.
Agora, com a vitória apertada, uma situação econômica desconfortável pela frente, a explicitação dos seus vícios de gestão e a ameaça do terceiro turno – com os desdobramentos do caso Paulo Roberto Costa – ela não terá nenhuma alternativa fora a de fazer um governo exemplar.
Além disso, terá que dar uma resposta definitiva à corrupção e à instrumentalização das estatais.
Os novos tempos bicudos também exigirão mudanças profundas no PT. Em dezesseis anos de poder, tornou-se um partido acomodado com as pompas e os cargos e sem nenhuma presença institucional na vida pública brasileira.
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No campo da oposição, a campanha de Aécio Neves promoveu uma transmutação no candidato. Entrou na campanha o bon vivant e saiu dela o político. Com seu discurso aceitando a derrota e defendendo a unificação nacional finalmente comportou-se à altura do seu avô Tancredo Neves.
Nos próximos quatro anos, haverá dois caminhos para o PSDB. O primeiro, se Aécio aceitar que a oposição se constrói no dia a dia, com críticas, sim, mas com ideias, princípios, modelos de governança, promovendo as boas administrações tucanas e apostando na pacificação nacional e na luta política dentro das regras do jogo..
Seu principal adversário – José Serra – se valerá do único caminho que conhece: o golpismo, o uso de dossiês, a parceria infame com veículos de mídia.
Outro candidato que poderia competir com Aécio para 2018 seria o governador paulista Geraldo Alckmin. Quando a crise da água explodir em sua plenitude afogará Alckmin na sua incompetência.
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O terceiro personagem – os grupos de mídia – dificilmente recuarão da revanche do terceiro turno.
Tome-se o caso da revista Veja. Faltando dois dias para as eleições solta uma capa rocambolesca com afirmações fictícias, em um verdadeiro atentado à democracia. Desrespeitou a ordem do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), concedendo direito de resposta a Dilma e atacou o Ministro que autorizou a ação. Depois, publicou a nota desrespeitando a exigência de que fosse no mesmo lugar do ataque.
Recuou quando encontrou pela frente um Procurador corajoso – Eugênio Aragão – que ameaçou-a com R$ 500 mil de multa por hora de atraso na retificação. O gesto de Aragão – o primeiro a não se curvar ao poder de chantagem da revista – foi definitivo para romper uma parceria da revista com os poderes da República que envergonharia qualquer país civilizado.
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