quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Coligados ao PSB de Marina, candidatos do PPS aparecem no programa eleitoral de Aécio


Roberto (Jetão) Freire durante sua apresentação no horário eleitoral: coligação com o PSB, 
cenário do PSDB.

"Produtora de vídeo, mesma que presta serviços à campanha do PSDB em São Paulo, 
'transplantou' Soninha Francine e Roberto Freire no programa de TV errado; prática pode 
configurar crime eleitoral

Redação, RBA

Dois dos principais candidatos do PPS à Câmara dos Deputados por São Paulo, Soninha Francine e 
Roberto Freire, estrearam suas inserções no horário eleitoral gratuito em situação curiosa: embora seu 
partido integre a coligação que apoia a candidatura a presidente do PSB, legenda cuja chapa para as 
eleições presidenciais ainda será confirmada após a morte do candidato Eduardo Campos, ambos 
figuraram no programa eleitoral do PSDB, emoldurados pelas imagens de campanha de Aécio Neves.
O episódio, que, segundo assessores de Freire, causou "constrangimento" às campanhas, teria ocorrido 
por conta de um erro da produtora de vídeo que presta serviços tanto ao PPS quanto ao PSDB em São 
Paulo – os partidos são adversários na campanha para presidente, mas fazem parte de uma mesma 
coligação, ao lado do Democratas, para deputado federal, o que significa que compartilham os votos 
totais recebidos pelas três legendas para definir o número de parlamentares que podem eleger e formam 
lista única de suplentes para o caso de substituição de deputados.
Ao jornal O Estado de S.Paulo, Freire chegou a falar em "desonestidade" do PSDB, embora não tenha 
atendido a reportagem da RBA. "Ocorreu um equivoco que, para o programa eleitoral da noite, já 
estará corrigido. Foi um problema com a produtora de vídeo, que se confundiu", afirmou o presidente 
estadual do PSDB, Duarte Nogueira. A trapalhada pode custar explicações aos tucanos perante a lei 
eleitoral, já que poderia induzir o eleitor ao erro. "Se um candidato pertence a uma coligação, não pode 
figurar no material de outros candidatos. Essa é uma prática que pode confundir o eleitor, e é vedada 
pela Lei Eleitoral", explica o especialista em direito eleitoral Alberto Rollo.
A troca de candidaturas no programa eleitoral ocorre em uma eleição confusa, de muitas alianças 
cruzadas: em São Paulo, por exemplo, Márcio França, do PSB, é candidato a vice-governador na 
chapa de Alckmin, embora Marina Silva, nome mais forte do partido para dar sequência à campanha 
presidencial, tenha sido contrária à aliança. Ainda na semana passada, o senador Romero Jucá (PMDB-
RR) afirmou que, à revelia do próprio partido, cuja aliança com o PT manteve Michel Temer na vaga 
de vice-presidente, faria campanha para o PSDB.
Situações como essas, que prejudicam o debate de programas políticos para o país, são sintomas de um 
país que precisa de uma reforma política urgentemente, de acordo com o cientista político Carlos Melo, 
professor do Insper. "O fim da verticalização deu nisso, estabeleceu uma enorme confusão: os partidos 
se aliam, mas as lideranças locais fazem o que querem. Mas não é só isso. O nosso sistema político 
como um todo precisa ser reordenado", afirma. "Quem perde com a situação atual é o eleitor, que fica 
extremamente confuso. Em uma coligação, o suplente de um deputado pode vir de um partido de outra 
ideologia, que tinha outro candidato a presidente, ou seja, muda tudo."
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