quarta-feira, 30 de julho de 2014

Oito manchetes que a grande mídia não tem coragem de imprimir


Garoto lê jornal na entrada da biblioteca pública em Milwaukee (EUA), durante o período da 
Grande Depressão: atualmente declina o número de leitores de jornais nos Estados Unidos.

Texto origialmente publicado em Common Dreams, site independente de notícias que prioriza
informações para o bem comum, criado em 1997, nos Estados Unidos.
Os destaques a seguir dizem respeito a assuntos relevantes e baseados em fatos; são as "notícias
importantes" que a mídia tem a responsabilidade de divulgar. No entanto, a imprensa 
corporativista geralmente as evita.

1. A riqueza nos Estados Unidos cresceu em US$34 trilhões desde a recessão. Mais de 90% da 
população não recebeu quase nada dessa quantia.
Isto daria, em média, US$100 mil para cada americano. Mas as pessoas que já possuem a maior parte das ações de empresas responsáveis pelo crescimento dessa riqueza receberam quase todo o dinheiro. Para eles, o ganho médio foi de cerca de um milhão de dólares – livre de impostos, desde que não contabilizado.

2. Oito americanos ricos ganharam mais do que 3,6 milhões de trabalhadores que recebem 
salários mínimos
Um relatório recente afirmou que nenhum trabalhador que receba um salário mínimo nos EUA pode pagar pelo aluguel de uma residência de um ou dois dormitórios de acordo com os preços do mercado atual. Há 3,6 milhões de trabalhadores nestas condições, e seus salários somados ao longo de todo o ano de 2013 é inferior aos ganhos no mercado de ações de apenas oito investidores americanos durante o mesmo ano; todos eles são empresários que mais tiram do que contribuem para a sociedade: os quatro Waltons (donos da cadeia de supermercados Wal-Mart), dois Kochs (donos da Koch Industries), Bill Gates e Warren Buffett.

3. O noticiário fala apenas a 5% da população
Seria um alívio ler um editorial honesto: "Nós valorizamos com carinho os 5% a 7% de nossos leitores que ganham muito dinheiro e acreditam que seus patrimônios, cada vez maiores, estão ajudando todo mundo".
Em vez disso, a mídia corporativa parece incapaz de diferenciar entre os 5% no topo e o restante da sociedade. O “Wall Street Journal” exclamou: "Americanos de classe média têm mais poder de compra do que nunca", e, na sequência, : "Que recessão? A economia já saiu da recessão, o desemprego diminuiu..."
O “Chicago Tribune” pode estar ainda mais distante de seus leitores menos privilegiados, perguntando a eles: "O que é tão terrível no investimento de tanto dinheiro na campanha presidencial?"
Imagem em perfil dos irmãos Koch: "executivos e empreendedores com destaque nos noticiários devem trilhões à sociedade"

4. As notícias televisivas ficaram mais burras para o espectador americano
Uma pesquisa de 2009 do European Journal of Communication comparou os Estados Unidos à Dinamarca, Finlândia e Reino Unido no que diz respeito à transmissão de noticiário doméstico e internacional, bem como de notícias importantes (política, administração pública, economia, ciência e tecnologia) e notícias secundárias (celebridades, interesses humanos, esportes e entretenimento). Os resultados:
- os americanos são especialmente desinformados quanto a assuntos públicos internacionais;
- os entrevistados americanos também não tiveram um bom desempenho no que diz respeito ao noticiário importante relacionado a questões domésticas;
- a televisão americana transmite muito menos noticiário internacional do que as TVs finlandesa, dinamarquesa e britânica;
- os programas de notícias da TV americana também relatam muito menos notícias importantes do que as TVs finlandesa ou dinamarquesa.
Surpreendentemente, o relatório informa que "nossa amostragem de jornais americanos estava mais orientada no sentido das notícias importantes do que as contrapartes europeias". É uma pena que os americanos estejam lendo menos jornais.
5. Executivos e empreendedores com destaque nos noticiários devem trilhões à sociedade
Toda a propaganda em torno do "self-made man", o empreendedor aventureiro, é uma fantasia. No início dos anos 70, nós, homens brancos privilegiados, fomos conduzidos de nossas faculdade para postos no mercado de trabalho que nos aguardavam nos setores de gestão e finanças; a tecnologia inventava novas maneiras de fazermos dinheiro, os impostos eram baixíssimos e a perspectiva de recebermos bônus e ganhos capitais ocupava nossas mentes.
Enquanto estávamos na faculdade, o Departamento de Defesa preparava a Internet para a Microsoft e a Apple, a Fundação Nacional da Ciência financiava a Digital Library Initiative, que seria adotada como modelo pela Google, e o Instituto Nacional de Saúde realizava os primeiros testes de laboratório que seriam utilizados por empresas como Merck e Pfizer. Os laboratórios de pesquisa do governo e as universidades públicas treinaram milhares de químicos, físicos, designers de chips, programadores, engenheiros, operários de linha de produção, analistas de mercado, testadores, solucionadores de problemas etc.
Tudo o que criamos por conta própria foi uma atitude desdenhosa, como a de Steve Jobs: "Nunca tivemos vergonha de roubar grandes ideias".

6. Recursos para escolas e pensões desabam à medida que as empresas deixam de pagar impostos
Três estudos independentes entre si mostraram que as empresas pagam menos da metade do que deveriam pagar em impostos, recurso que serve como principal fonte para o fundo educacional K-12 e como parte significativa do fundo para pensões. Mais recentemente, o relatório “A Base Tributária Corporativa está Desaparecendo" mostrou que a porcentagem dos lucros corporativos paga como imposto de renda ao Estado diminuiu de 7% em 1980 para 3%, atualmente.

7. Empresas sediadas nos EUA pagam a maior parte de seus impostos no exterior

O Citigroup recebeu 42% de seus lucros entre 2011 e 2013 na América do Norte (quase tudo nos EUA), tendo gerado US$32 bilhões de lucro, mas recebeu benefícios no imposto de renda ao longo de todos esses três anos.
A Pfizer teve 40% dos seus lucros entre 2011 e 2013 e quase metade de seus ativos físicos nos EUA, mas declarou quase US$10 milhões de prejuízo nos EUA, e, ao mesmo tempo, US$50 bilhões em lucros no exterior.
Em 2013, a Exxon tinha cerca de 43% de sua gestão, 36% das vendas, 40% de seus ativos de longa duração e entre 70 e 90% de seus poços produtivos de petróleo e gás nos EUA; no entanto, a empresa pagou apenas 2% de seu lucro total em impostos ao Estado americano, com a maior parte da quantia sendo paga sob a forma do que se chama de valor tributável "teórico".

8. Funcionários de restaurantes não recebem aumento há mais de 30 anos
Uma avaliação feita por Michelle Chen mostrou que o salário mínimo para funcionários que recebem gorjeta é de US$2,00 a hora desde 1980. Ela também observa que 40% destes trabalhadores são pessoas negras, e cerca de dois terços são mulheres.
Para finalizar, aqui vai mais uma manchete possível e muito bem-vinda: Os progressistas se unem em prol de impostos sobre o patrimônio para as empresas de Wall Street.
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