terça-feira, 24 de junho de 2014

BARBOSA E O MP: O GOLPE DO MENSALÂO PARA MATAR O PT



Barbosa se aproxima do fim.
Para evitar os 10 a 1, ele abriu mão até da relatoria do mensalão do PT (sim, porque o dos tucanos prescreveu antes de existir).
Cabe voltar um pouco atrás e tentar entender como se deu o – incompleto – Golpe de Estado do mensalão do PT.
(Até que, no terceiro turno, na Justiça Eleitoral, que precisa ser extinta, os trabalhistas deixem o poder.)
O Golpe do mensalão do PT começa na denúncia inepta contra Collor.
(Clique aqui para ler o que disse Paulo Nogueira sobre o pecado capital de Mario Sergio Conti, e aqui para examinar os vínculos entre Conti, a Fel-lha (*) de SP – de mau hálito insuportável – e Dantas.)
Collor começou a cair não foi no detrito sólido de maré baixa, mas com uma denúncia inepta do MP de Aristides Junqueira.
Tão inepta que o Supremo sequer recebeu para julgá-la.
O mensalão do PT se revigora com o trabalho do Padim Pade Cerra, aliado ao MP, de destruir a candidatura de Roseana Sarney, em 2002.
Nesses dois episódios, Ministério Público se equipa e legitima para desempenhar o papel que a Elite dele espera: moralizar a política.
“Moralizar a Política”, numa sociedade até recentemente escravocrata, significa depurar a política dos “tarados” mestiços, geneticamente corruptos e, portanto, dos trabalhistas e seus aliados, como as organizações sociais e os sindicatos.
O MP se tornou a tutela dessa eugenia política.
Como disse Sepúlveda Pertence do Ministério Público, “criei um monstro”.
O Ministério Público não responde a ninguém, investiga quem quer e tem à disposição um coletivo de aparelhos do tipo “Guardião” para bisbilhotar quem bem entender – como diz o Conversa Afiada, o MP é o DOI-CODI da Democracia.
O MP não precisa mais denunciar ninguém.
Basta um “procurador” da chamada “República” convocar uma coletiva da imprensa piguenta (**), dizer que tem sérios indícios de que alguém é ladrão, que o serviço está feito – sem oferecer denúncia…
Antonio Fernando, levado à Procuradoria-Geral da Republica por Lula, foi o cérebro do Golpe Incompleto do mensalão do PT.
A estratégia que o orientou foi simples: matamos o PT, e deixamos o Lula solto.
Primeiro, porque, segundo a teoria do sangramento do Príncipe da Privataria, Lula sangraria até o fim do processo do mensalão e chegaria morto à eleição de 2006 – e o poder voltaria aos braços não do povo, mas de FHC, o De Gaulle de Higienópolis.
O segundo motivo era insuperável: se Lula cai, assumia José Alencar, leal a Lula.
O Plano, como se sabe, deu errado.
Porque Lula não sangrou e porque a CUT foi para a rua e disse “mexeu com o Lula, mexeu comigo”.
E a elite tem medo de trabalhador nas ruas – trabalhador de verdade e, não, black bloc de papai que paga a faculdade.
O pessoal do camarote VIP do Itaúúúú.
Era de outro povo que se tratava.
Para piorar, o Advogado-Geral da União, Alvaro Ribeiro da Costa, nomeado por Lula, amigo de Genoino desde a política estudantil do Ceará, foi embora.
Antonio Fernando só assumiu a PGR porque Claudio Fontelles não se candidatou à re-indicação.
E Lula estabeleceu, com Dilma, que o Procurador-Geral não precisa mais de méritos especiais.
Basta ser da máquina, representá-la e azeitá-la: ser o mais votado.
Fontelles talvez tivesse tido o pudor de dar curso a uma denúncia de contravenção eleitoral prescrita – como era o caso do Caixa Dois do PT – e transformá-la num Golpe de Estado.
O poder ficou no próprio grupo de Fontelles, Antonio Fernando.
O mensalão do PT se desgarra de uma denúncia contra Carlinhos Cachoeira, com o apoio do tucano Antero Paes e Barros, e do procurador José Roberto Santoro, que aparece como herói na destruição de Roseana Sarney, e ganha vida no MPF e, depois, no Supremo.
O PiG lança a rede de proteção a Antonio Fernando, que oferece a manchete perfeita: “Ali Babá e os 40 ladrões”.
Mais do que o “sensacionalismo mediático” – diria Gilmar Dantas (***) - a remissão às Mil e Uma Noites continha uma armadilha: Lula, fica quieto, porque se eu peguei 40 posso pegar o Ali Babá também !
De preferência, Lula, suma !
O que é Roberto Gurgel, o Prevaricador, segundo Fernando Collor, da tribuna do Senado ?
Ele é apenas que entrega o prato feito de Antonio Fernando e Santoro.
(Depois, como se sabe, Antonio Fernando se incluiu entre os 1001 advogados de Daniel Dantas.)
E o Presidente Barbosa, o que fala grosso com o Genoino e fino com o Dantas ?
O Presidente Barbosa veio de onde ?
Do MP.
O que foi ele no mensalão (o do PT) ?
Um juiz ou um promotor ?
O que ele fez como promotor ?
Pediu provas ?
Não.
Bastava o domínio dos fatos.
Bastavam a verossimilhança, “a verdade é uma quimera”, “provas tênues”, “o acusado é que tem que provar sua inocência”, porque, como se sabe, essa raça – o trabalhador, diria o inesquecível Jorge Bornaheusen, é tarada e corrupta.
Barbosa não acrescentou um fiapo à moralização do Judiciário.
E sua chef d’euvre – condenar Dirceu à prisão perpetua e os outros petistas à humilhação de um processo desmoralizante – cumpriu o roteiro previsto.
Que roteiro ?
Manter a minoridade do cidadão.
Collor não presta porque tem voto.
Roseana não presta porque é uma alternativa à elite paulista – dominante, por ora.
Os trabalhistas não prestam porque são a expressão mais sólida do ânsia por Democracia – ou seja, por participação popular.
E o MPF, e o Supremo são, neste momento, expressões dessa tentativa de tutelar o povo – tarado e ladrão.

Paulo Henrique Amorim
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