quinta-feira, 5 de junho de 2014

Assad vence eleição na Síria


Vitória de Assad em eleição não deve acalmar os ânimos na Síria

O atual líder da Síria, Bashar al-Assad, ganhou as eleições presidenciais realizadas na terça-feira (03/06) e assume um novo mandato com 88,7% dos votos, após 14 anos no poder.
Com o resultado, a estratégia geopolítica de Estados Unidos e União Europeia sai derrotada, isso depois de financiarem -- inclusive militarmente -- opositores sírios, acusados de crimes e também responsáveis pelo desastre local. Washington anunciou que não reconhecerá o pleito sírio, o que deve levar a questão novamente para o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), onde a Rússia já usou seu poder de veto.
Junto à China, Moscou aponta que as medidas se concentram em sanções ao governo de Assad e não aos membros dos grupos opositores, além de apontar a tentativa de legitimação de uma intervenção militar estrangeira, ao estilo da realizada na Líbia de Muamar Kadafi. Pequim chegou a dizer em 2012 que as resoluções basicamente adotavam “o lado da oposição em um conflito descrito como guerra civil por entidades como a Cruz Vermelha”.
Nesse cabo de guerra entre potências orientais e ocidentais, a única certeza da ONU é: o cenário da Síria não parece nada favorável e seu futuro, pouco promissor. Divulgado na última sexta-feira (28/05), um relatório das Nações Unidas aponta que três em cada quatro sírios vivem na pobreza e mais da metade da população (54,3%) está em situação de extrema pobreza. Ou seja, sem acesso a itens alimentares e não-alimentares básicos e necessários para a sobrevivência. Além de o número de baixas estar próximo da casa de 160 mil pessoas, estima-se que pelo menos 520 mil - quase 3% da população - foram mutilados, feridos ou mortos no conflito que se arrasta há três anos.
Coletados entre julho e dezembro de 2013, os dados apontam que quase metade da população (45%) fugiu de sua residência desde o início da guerra civil. Consequentemente, pelo menos 2,35 milhões deixaram a Síria como refugiados, enquanto que 1,54 milhão de sírios vivem em outro país na condição de imigrantes não-refugiados. A isso, soma-se o número de deslocados internos, que aumentou para 1,19 milhão de pessoas.
Realizado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) em parceria com o Centro Sírio de Pesquisa em Política, o estudo aponta que o país árabe é afetado por um desemprego que atinge 54,3% da população ativa, com 3,39 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho. Destas, 2,67 milhões perderam seus empregos durante o conflito.
Além disso, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da Síria regrediu à marca de 0,472, caindo do grupo de "desenvolvimento humano médio" para “baixo desenvolvimento humano". Como poderia se esperar de um país em guerra, tal resultado vem do enfraquecimento do desempenho em educação, saúde e renda, cujos números são alarmantes.
No ramo da educação, mais da metade de todas as crianças em idade escolar (51,8%) já não frequenta mais instituições de ensino. Na saúde, 61 dos 91 hospitais públicos foram danificados e 45% destes estão fora de serviço.
Já no setor industrial, a falência de empresas e a quebra de bancos estão formando novas elites econômicas que utilizam redes nacionais e internacionais para o comércio ilegal de armas, mercadorias e tráfico de pessoas. Entre início de 2011 e o final de 2013, a perda econômica total foi estimada em US$ 143,8 bilhões.
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