Por: Fernando Brito
Ronaldo estava junto com a turma de papagaios de pirata na hora do Brasil ganhar a Copa.
Ganhar o direito de ser anfitrião, não (espero, ainda) como campeão.
De lá, Ronaldo acabou saindo com um lugar de membro do Comitê Organizador.
Durante todo o tempo, não teve uma palavra de crítica ao andamento das obras (que aliás, mereciam muitas).
Há seis meses, apenas seis meses, chegou a dizer que Cuiabá – a sede onde mais problemas houve com as obras para a população, como o VLT que o governo local atrasou, atrasou e atrasou – era a cidade onde se deixaria “o maior legado para a população após o evento”.-
-A gente foi ao Mato Grosso, na Arena Pantanal. A cidade era um canteiro de obras e a população estava orgulhosa, pois havia 30, 40 anos que não viam tamanho interesse naquele local, tamanho planejamento para mudar e estruturar a região.
Arrumou encrenca com os manifestantes no ano passado, dizendo que não era papel da Copa produzir obras de infraestrutura ou hospitais.Enquanto isso, como é seu direito, faturou super com as campanhas de publicidade ligadas à Copa.
Três semanas atrás, tudo mudou. Ronaldo abriu o jogo, depois de anos.
Agora está “envergonhado do Brasil”.
- O que espero é que a população cobre cada vez mais. Estão chegando as eleições de outubro. Está todo mundo descontente, mas tem de escolher bem o seu candidato e votar com consciência. As manifestações foram um aviso de que a população está de saco cheio”.
Surpresa?
Não para quem acompanha as ligações de Ronaldo na política.
Ronaldo é ave de estimação dos tucanos faz tempo.
Joga pôquer em Higienópolis com Fernando Henrique, dizem os jornais, e o mau velhinho já tentou filiá-lo para ser candidato pelo PSDB.
Talvez porque, quando este estava no poder, ele estivesse fora, jogando na Europa e não pudesse ouvir o que diziam do “Príncipe” lá em Bento Ribeiro.
Muito menos é nova a conversa com Aécio, que, segundo a Época, já o quis como vice.
Ronaldo tem todo o direito de apoiar quem quer que seja. É um cidadão e um empresário de marketing e patrocínio, que vive de seu passado de gols.
Mas vão ser inevitáveis as lembranças de 98, e os boatos como os de então sobre CBF, Ricardo Teixeira e Nike.
Paulo Coelho não tem razão. Ronaldo não é um imbecil, é um fenômeno de esperteza.
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