sexta-feira, 30 de maio de 2014

Indígenas declaram guerra a Cardozo que chegou 2 horas atrasado a encontro

Índios de diferentes etnias bloqueiam a entrada do Ministério da Justiça durante um protesto 
em Brasília (Foto: Evaristo Sa/AFP)

Após 11 horas, índios em protesto deixam Esplanada dos Ministérios

Eles protestam contra mudanças nas regras para demarcação de terras. Grupo se acorrentou a poste; reunião com ministro terminou sem acordo.
Depois de mais de 11 horas na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, os índios que protestam contra mudanças nas regras para demarcação de terras, nesta quinta-feira (29), deixaram a frente do Palácio da Justiça pouco antes das 19h30. Os manifestantes se retiraram depois que membros de uma comissão de indígenas se retiraram de uma reunião com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Na saída, foram desacorrentados os cinco índios presos a um poste em frente ao prédio do ministério. Segundo os manifestantes, o ato foi decidido depois que o ministro quis reduzir de 20 para 12 o número de membros da comissão. No final, 18 indígenas conversaram com o governo.
A reunião, que contou com a presença de Cardozo, da presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Maria Augusta Boulitreau Assirati, e do assessor especial do Ministério da Justiça, Marcelo Veiga. terminou sem que as partes entrassem em acordo.
O cacique Uilton Tuxá, que participou da conversa com o ministro, afirmou que vivenciou "a pior reunião" de sua vida, em 16 anos de lutas pela causa indígena. "Eu nunca esperei que um governo do PT, que se veste de democracia, poderia agir com tanta arbitrariedade. Foi lamentável, nós estamos nos sentindo presos ao descaso do país", falou. "Ele [o ministro] disse que não vai assinar nada, que vai insistir na tentativa de construir mesas de dialogo."
Segundo o cacique, os índios vão recuar, momentaneamente, nas manifestações. "Na luta e na batalha às vezes recuar é necessário para a gente respirar e repensar quais são os próximos passos que daremos." Os índios deixaram o local afirmando que o ministro da Justiça deu início a uma guerra entre índios, fazendeiros e governo.
O Ministério da Justiça disse, por meio de nota, que o ministro José Eduardo Cardozo "garantiu que a pasta está empenhada em encontrar soluções por meio da mediação, para as questões apresentadas".
Este foi o terceiro dia de protestos do grupo. Entre as reivindicações dos índios estão a publicação imediata de portarias declaratórias, despachos de identificação e delimitação, e decretos de homologação que estão paralisados, o fim da criminalização das lideranças indígenas, "a punição dos assassinos dos índios e dos parlamentares que incitam o ódio contra os nossos povos originários” e a retirada de documentos que paralisam a demarcação de terras.
Inicialmente, a reunião entre os indígenas e o ministro da Justiça, Eduardo José Cardozo, estava agendada para as 15h, mas só às 17h ele chegou ao auditório do Ministério da Justiça.


Índios se reúnem com o ministro José Eduardo Cardozo para debater mudanças nas regras 
para demarcação de terras (Foto: Lucas Salomão/G1)

De acordo com assessores da PF, Mayra Cardozo, a mãe dela, Sandra Jardim, e os agentes que as escoltavam não ficaram feridos na ação criminosa. Nenhum objeto foi levado das vítimas. Também não há confirmação sobre qual seria a motivação do crime. Segundo a "Folha de S.Paulo" e a "Veja", seria uma tentativa de assalto.
Terceiro dia de protestos
Desde a manhã, indígenas de várias etnias fecharam os quatro acessos ao Palácio da Justiça. O grupo chegou a tentar entrar no prédio e também bloqueou três faixas do Eixo Monumental. Apesar da reunião realizada na quarta-feira (28) com os presidentes da Câmara e do Senado, os manifestantes querem uma audiência com o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, para discutir a situação.
Segundo a Polícia Militar, havia 400 pessoas no local. Testemunhas relataram que os manifestantes apontaram seus arcos e flechas para policiais e servidores do prédio. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, porém, negou hostilidade por parte do grupo. "Tem uma proposta no Ministério da Justiça para alterar o procedimento de demarcação de terras. Essa proposta significa um obstáculo democrático", disse a entidade.
____________________________________________________________

Nenhum comentário: