Quatro anos depois de deixar a presidência do Chile com 83% de aprovação, Michelle Bachelet
retorna ao cargo nesta terça-feira (11/03), depois de vencer as eleições de dezembro com 63%
dos votos. Antes mesmo de ser iniciado, o novo mandato da chilena está cercado de expectativas
quanto à possibilidade de impulsionar as reformas educacional, tributária e constitucional.
Essas foram as três principais bandeiras de Bachelet desde que voltou ao seu país, em março de
2013, após três anos em Nova York, como representante maior da ONU Mulheres.
A presença de Dilma na posse da colega Michelle Bachelet, do Chile, nesta terça-feira, pode simbolizar a “reconstrução” da relação bilateral entre os dois países, após um “período frio e distante” durante o governo de Sebastián Piñera, segundo diplomatas e analistas chilenos ouvidos pela BBC Brasil.
“Dilma deixou claro, durante a gestão de Piñera, que não estava interessada nesta relação. Tanto é que ela chegou diretamente para a posse de Bachelet e não para o dia da despedida do presidente do cargo, nesta segunda-feira”, afirmou um diplomata chileno.
Notícias relacionadas
A visita de Dilma a Valparaíso, onde ocorrerá a posse, durará menos de 24 horas e foi tema de um editorial crítico do jornal El Mercurio, intitulado “As prioridades de Dilma e do Brasil”.
A publicação destaca que o Brasil continua sendo o principal destino das exportações e dos investimentos chilenos na América do Sul, mas descreve a visita de Dilma como “frustrante”.
“(…) foi frustrante a rápida presença da presidente Dilma em sua última visita ao Chile e mais ainda será no dia onze de março, quando ficará apenas horas no país”, afirma o editorial, publicado na semana passada.
Entre analistas, a interpretação foi a de que “os dois países tinham agendas diferentes”.
O Chile mantinha-se voltado para a Aliança do Pacífico (acordo comercial que envolve também Peru, Colômbia e México) enquanto a presidente Dilma “estava focada em questões internas ou no Mercosul”.
Agora, há um consenso de que Dilma e Bachelet se reaproximam pela identificação política e por suas trajetórias, o que reduziria a distância entre os dois países.
A analista política Marta Lagos, diretora da ONG Latinobarómetro, com sede em Santiago, acha que a expectativa é que Bachelet terá maior aproximação com o Brasil, principalmente a partir de uma agenda interna comum.
“O combate à desigualdade social será central no governo de Bachelet. Pesquisas recentes mostraram que os chilenos entendem que o país está mais rico e desenvolvido, mas que essa riqueza é consolidada entre os que já são ricos enquanto os pobres não veem que suas vidas mudaram”, diz Lagos.
_________________________________________________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário