Por: Fernando Brito
A Folha de hoje explicita uma intriga que a direita vem tentando, nos últimos tempos.
Diante da atrofia eleitoral de seus candidatos, elege Lula como o “opositor” do Governo Dilma Rousseff.
Lamento, mas estão malhando em ferro frio.
Não apenas porque Dilma não tem a menor pretensão de se impor sobre Lula quanto, sobretudo, pelo fato de que o ex-presidente não tem, até por tudo que já conquistou, aeroporto disponível para a “mosca azul”.
Não há nenhuma decisão grave que Dilma tome sem ouvir Lula, e não poderia ser diferente, porque seria um desperdício desprezar a experiência acumulada do ex-presidente.
Não passou pela cabeça senão de marqueteiros de início de governo – daqueles que gostam de poder, mas não de problemas – dar “uma personalidade própria” a Dilma.
Primeiro, porque – e Lula sempre soube disso – ela já a tem e só quem não a conhecia poderia duvidar disso.
Segundo, porque só os trouxas desprezariam a ideia de continuidade na mudança que a população adotou – e segue adotando, como todas as pesquisas mostram.
A manobra é risível no sentido de intrigá-los.
Vai, ao contrário, dar cobertura política para algo que todos vão perceber mais claramente nos próximos meses.
Que Lula é Dilma, de novo.
E que Dilma é Lula, sempre.
A campanha política vai deixar claro isso, porque Lula, sem entrar no varejo do Governo – o que ele não quer – é o inspirador das políticas de governo.
E que Dilma, sem pretender o lugar de chefe política, é a executora de um programa de Governo que representa mais do que o petismo, mas uma aliança pelo desenvolvimento soberano com justiça social.
Um desafio para o qual não bastam mãos e cabeça de uma presidente e de um líder político.
É preciso uma mobilização da vontade nacional, que nem Dilma nem Lula podem se dar ao luxo de prescindir.
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