Por : Kiko Nogueira
Niki Lauda tinha uma relação próxima com Michael Schumacher, que permanece em coma depois do acidente de esqui na estação francesa de Méribel.
Lauda, tricampeão de Fórmula 1 num tempo em que este era o esporte mais mortal do planeta, tem deixado claro seu apreço pelo colega. “Michael é muito bom esquiador e o que aconteceu com ele poderia ter acontecido com todos. Ele é um homem sólido, fora de série. Ele não assumiria riscos desnecessários. Não é estúpido. Eu tenho toda a certeza de que ele não faria nenhuma loucura na frente do filho”, falou ao jornal inglês The Guardian.
Segundo as investigações, Schumacher estava esquiando fora da pista. Sua assessora, Sabine Kehm, declarou que ele havia tentado ajudar a filha de um amigo. Bateu a cabeça em uma pedra e teve traumatismo craniano. Seu estado de saúde continua crítico, porém estável.
“Eu acho completamente inexplicável que este grande corredor, que ganhou sete campeonatos em mais de 300 provas e sobreviveu, possa ter deixado algo assim acontecer a ele. É trágico”, disse Lauda.
Schumacher praticava pára-quedismo, motociclismo, equitação. O pentacampeão Juan Manuel Fangio o descreveu como “o maior dos aventureiros”. Para o ex-piloto Derek Warwick, profissionais como eles “não procuram o perigo, mas vivem a vida ao máximo”.
Schumacher já lesionara o pescoço e a espinha em um acidente de moto na Alemanha. Um amigo contou que ele tinha a necessidade de manter alto o nível da adrenalina. “Ele precisava de velocidade, era inevitável”.
Michael Schumacher teria muito a aprender com Lauda, se exemplos fossem assim fáceis de seguir. Um mestre, Lauda venceu os campeonatos de 1975, 1977 e 1984. Em 1976, no auge, sofreu um acidente pavoroso, em que seu carro se incendiou e ele ficou preso às ferragens por vários minutos. A história é contada no bom filme “Rush”.
Lauda foi hospitalizado, um padre chegou a dar-lhe a extrema unção, mas ele se recuperou e voltou a correr em apenas duas semanas, surpreendentemente. Ficou com o rosto completamente desfigurado.
Na prova decisiva, no Japão, chovia torrencialmente. O campeonato estava entre ele e James Hunt. Lauda, então, tomou a decisão: parou depois de duas voltas. Perdeu o troféu por um ponto. Soube do resultado no aeroporto de Tóquio. Foi chamado de covarde, desistente etc.
Para homens que “vivem a vida ao máximo”, desacelerar é tremendamente difícil. Não precisa, obrigatoriamente, ser num autódromo. John John Kennedy, por exemplo, também um aventureiro, morreu ao decolar com seu avião durante uma tempestade.
É difícil, mas não impossível. Acontece. “Michael foi o maior de todos”, diz Niki Lauda, aos 64 anos, dono de uma companhia aérea low fare, no segundo casamento, pai de cinco filhos.
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