Embora tenha regras, espírito que prevalece no MMA ainda é o do "vale tudo", onde o que prevalece é a lei do mais forte.
Por Haroldo C. Sereza (Opera Mundi)
Por Haroldo C. Sereza (Opera Mundi)
A grave contusão de Anderson Silva e o interesse generalizado pelo destino do ex-campeão expõe, mais uma vez, a popularidade dessa luta incrivelmente aceita que é o UFC, o Ultimate Fight Championship – a grande competição mundial de artes marciais mistas, ou MMA.
As disputas de MMA surgiram nos anos 1990, e substituíram em prestígio, especialmente entre o público masculino, o boxe. Embora essas lutas tenham, conforme passaram a se tornar atração televisiva (especialmente no Pay Per View), adotado algumas restrições – proibiu-se o “dedo no olho”, o puxão de cabelos e o ataque a genitais, por exemplo -, o esporte foi criado e prosperou como negócio sob o slogan “There are no rules!”, ou seja, nada de regras.
A proposta inicial era criar uma espécie de competição entre as diversas artes marciais, sem diferenciação de peso (isso foi mudado depois das primeiras edições do UFC), para que os “especialistas” nas modalidades – boxe, kung fu, karatê, kickboxing, jiu-jítsu – se enfrentassem e se chegasse à conclusão de qual seria a mais completa e eficaz arte marcial.
Como na economia neoliberal e na natureza darwinista em sua simplificação mais improdutiva, a lógica era “que vença o mais apto” (Darwin pensa nos limites naturais como um fator de diversificação, a seleção que em geral estimula a diferença e, ao cabo, a convivência, e não a destruição de todos pelo mais forte). Mas o que aconteceu de fato nesse ambiente da luta sem regras pela sobrevivência no octógono?
O MMA não levou ao aprimoramento das artes marciais. Pelo contrário: as artes marciais se dissolveram em um grande vale-tudo. Quando é preciso ter uma regra que iniba o puxão de cabelos e o “dedo-no-olho”, é porque na prática tudo é permitido.
Nesse ambiente, a lesão de Anderson Silva não é um mero acidente, é consequência lógica de um tipo de luta que tem muito pouco de arte e um excesso de guerra. Não se sabe ainda como não passou pela cabeça dos organizadores a ideia genial de por um homem para lutar com um felino de grande porte. Que vença o melhor, afinal.
As disputas de MMA surgiram nos anos 1990, e substituíram em prestígio, especialmente entre o público masculino, o boxe. Embora essas lutas tenham, conforme passaram a se tornar atração televisiva (especialmente no Pay Per View), adotado algumas restrições – proibiu-se o “dedo no olho”, o puxão de cabelos e o ataque a genitais, por exemplo -, o esporte foi criado e prosperou como negócio sob o slogan “There are no rules!”, ou seja, nada de regras.
A proposta inicial era criar uma espécie de competição entre as diversas artes marciais, sem diferenciação de peso (isso foi mudado depois das primeiras edições do UFC), para que os “especialistas” nas modalidades – boxe, kung fu, karatê, kickboxing, jiu-jítsu – se enfrentassem e se chegasse à conclusão de qual seria a mais completa e eficaz arte marcial.
Como na economia neoliberal e na natureza darwinista em sua simplificação mais improdutiva, a lógica era “que vença o mais apto” (Darwin pensa nos limites naturais como um fator de diversificação, a seleção que em geral estimula a diferença e, ao cabo, a convivência, e não a destruição de todos pelo mais forte). Mas o que aconteceu de fato nesse ambiente da luta sem regras pela sobrevivência no octógono?
O MMA não levou ao aprimoramento das artes marciais. Pelo contrário: as artes marciais se dissolveram em um grande vale-tudo. Quando é preciso ter uma regra que iniba o puxão de cabelos e o “dedo-no-olho”, é porque na prática tudo é permitido.
Nesse ambiente, a lesão de Anderson Silva não é um mero acidente, é consequência lógica de um tipo de luta que tem muito pouco de arte e um excesso de guerra. Não se sabe ainda como não passou pela cabeça dos organizadores a ideia genial de por um homem para lutar com um felino de grande porte. Que vença o melhor, afinal.
O octógono, novo palco que substitui as antigas arenas e os ringues
Há algo de infantilmente belo em todas as lutas marciais. A ideia de treino, de dedicação, de perfeição pela repetição é algo de fato admirável. É essa beleza que explica sucessos como a série Karatê Kid e que inspira a filosofia que está por trás, por exemplo, do karatê e do judô.
Mas toda essa beleza convive com a ideia do grotesco, especialmente quando o respeito ao saber e ao conhecimento do adversário sucumbe diante da ideia de que o melhor espetáculo não é o do movimento perfeito, mas o da violência absoluta. Aquela que não apenas dá cabo ao adversário, mas que o destrói e o desfigura.
Nunca fui um fã de boxe, mas confesso que, ao abrir os portais de internet neste ano da graça de 2013 que não acaba, fiquei com saudades daquele bom moço chamado Mike Tyson. Para não falar de Mohammed Ali, Sugar Ray Leonard, George Foreman e Éder Jofre.
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