quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Zenaldo manda às favas Lei da Transparência e entidades civis

O prefeito Zenaldo Coutinho e a propaganda "Cuida Belém": internautas decidiram fazer o que ele recomenda, mas não faz.

No Blog da Perereca

Na semana passada, Belém deu mais uma prova de que há coisas que só acontecem mesmo nestas plagas.
No último dia 23, a Fumbel finalmente se dignou a fornecer esclarecimentos sobre o “shopping de charme” que a família Bechara Mattar pretenderia construir em pleno Complexo Feliz Lusitânia, área histórica de Belém.
Para surpresa do distinto público, descobriu-se que o shopping não será shopping – apesar de ter sido divulgado assim pelos Bechara Mattar, em matérias pagas de páginas inteira nos principais jornais da cidade.
O termo “shopping de charme” seria apenas uma “estratégia de marketing”.
Pelo menos é isso o que afirma a Fumbel.
“O projeto proposto para o imóvel de renovação urbana foi equivocadamente, por uma estratégia de marketing, denominado shopping. O empreendimento não tem o programa de necessidades de um shopping center (cinemas, lojas, praça de alimentação), nem poderia pela sua dimensão. Propõe, inclusive, o mesmo uso de outrora, com exceção, obviamente, da comercialização de fogos de artifícios: uma única loja e sobreloja onde funcionaria o tradicional Bechara Mattar; três lâminas para aluguel; e ao lado, salão de lazer e praça suspensa, ou seja uso compatível ao permitido para o Cento Histórico (...)”, escreveu a Fumbel.
Os esclarecimentos foram enviados, por email, à Associação Cidade Velha-Cidade Viva (CIVVIVA), que havia cobrado informações do prefeito Zenaldo Coutinho sobre a liberação de um empreendimento desse porte, em pleno centro histórico.
A iniciativa da CIVVIVA tem o apoio de outras entidades civis, como é o caso do Observatório de Belém.
Leia a íntegra da reposta da Fumbel: http://civviva-cidadevelha-idadeviva.blogspot.com.br/2013/10/foi-propaganda-enganosa.html
Prefeito dá banana à Lei da Transparência 
Até a última sexta-feira, no entanto, a Prefeitura de Belém não havia fornecido às entidades quaisquer documentos sobre o Diamond (cópias do projeto e dos pareceres das instituições que liberaram o empreendimento, por exemplo).
Aliás, o prefeito Zenaldo Coutinho nem sequer mandou representante à audiência pública realizada no Ministério Público Federal, no dia 23, para discutir a construção do Diamond e os impactos naquela área, onde a falta de estacionamento e a trepidação provocada pelo intenso tráfego de veículos ameaça casarões históricos e a própria memória da cidade.
A Perereca da Vizinha também só conseguiu obter informações do IPHAN – a única instituição a respeitar, de fato, a Lei da Transparência.
No último dia 10, a Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb) encaminhou ao blog uma “nota oficial” de apenas três linhas, em resposta a 14 perguntas enviadas pela blogueira, que se identificou como jornalista, inclusive com o número do registro profissional.
“A Seurb esclarece que a autorização da obra em questão está de acordo com a legislação municipal urbanística vigente e concedida somente após ter os pareceres técnicos favoráveis dos órgãos patrimoniais competentes”, diz a nota.
A maioria das perguntas da Perereca dizia respeito à nomeação de Pablo Chermont Fernandes para a Diretoria de Análise de Projetos e Fiscalização da Seurb.
Pablo seria filho do secretário estadual de Cultura, Paulo Chaves, o autor do projeto arquitetônico do Diamond.
A Perereca perguntou, por exemplo, quais os critérios que levaram à escolha de Pablo para esse cargo (a experiência profissional e executiva que possui) e quantos e quais projetos de Paulo Chaves ele já aprovou.
A resistência da Prefeitura em fornecer documentos e informações sobre o caso é, no mínimo, intrigante.
Afinal, se não há nada de errado com o projeto do Diamond ou com a nomeação de Pablo, por que sonegar informações de interesse público, inclusive desrespeitando a Lei da Transparência?
Por essas e por outras, o deputado Carlos Bordalo deu entrada em Representação no Ministério Público Estadual pedindo a “suspensão cautelar” das obras do Diamond.
No documento, ele pede, inclusive, a instauração de inquérito civil para investigar a aprovação do projeto e a suposta prática de nepotismo na Seurb (http://bordalo13.blogspot.com.br/2013/10/deputado-bordalo-pede-suspensao.html).
A licença do IPHAN para a obra, aliás, já está até vencida, como ficou claro com as informações já prestadas pela instituição.
O Ministério Público Federal abriu inquérito civil para investigar o caso e aguarda o envio de cópia do projeto.
O ex-prefeito de Belém e deputado estadual Edmilson Rodrigues quer a realização de audiência pública oficial sobre o caso.
No dia 23 e sem citar nomes, Edmilson lembrou que o autor do projeto do Diamond (o secretário de Cultura Paulo Chaves) foi o responsável pela destruição do centenário muro do Forte do Presépio.
“E esse arquiteto foi contratado, privadamente, para fazer o projeto dessa obra. Mas é importante destacar que ele ocupa um alto cargo na administração pública estadual. Por essa razão é preciso que a gente fique alerta e tome todas as medidas cabíveis para que nosso patrimônio não seja mais uma vez ameaçado por profissionais e empreendimentos que não respeitam o seu valor e a sua história”, disse Edmilson.
Hoje, 29, Edmilson requereu, na Assembléia Legislativa, uma sessão especial, no formato de audiência pública, para debater a questão.
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