O LOTEAMENTO DA BURITI AVANÇA NA DIREÇÃO DA RESERVA AMBIENTAL,
DO LAGO JUÁ E DA CABECEIRA LESTE DA PISTA DO AEROPORTO, PREPARANDO
UM FUTURO DE MAIOR DESORDEM URBANA E INSEGURANÇA PARA OS AVIÕES
Enquanto as autoridades municipais e estaduais continuam indecisas a respeito da agressão ambiental perpetrada pela empresa Buriti, na cidade de Santarém, Oeste do Pará, as autoridades federais estão devendo um pronunciamento público sobre a possibilidade de problemas que o projeto de construir 20 mil residências pode causar à segurança dos voos e à segurança de passageiros, uma vez que a área já devastada localiza-se muito próximo ao aeroporto da cidade.
O Ministério da Aeronáutica, a ANAC e a Infraero deveriam pronunciar-se , pelas seguintes razões:
1) Caso concretize-se o loteamento, que por enquanto está paralisado e sub judice, na prática uma nova cidade surgirá dentro de Santarém. Como é previsível, se isso ocorrer a tendência será a ampliação ilegal (tão ilegal como a devastação já realizada) dessa nova malha urbana na direção da pequena reserva ambiental e do lago Juá, vizinhos e limítrofes à área da Infraero;
2) A proximidade de uma área residencial tão densa assim fatalmente acarretará a disseminação de lixões próximos à cabeceira leste da pista do aeroporto, trazendo os mesmos perigos à navegação aérea existente em outras cidades, a começar das maiores, como bem mostrou hoje um telejornal de alcance nacional;
3) A previsibilidade desses problemas trará ainda para a Infraero a desordem urbana para os limites de sua área, ensejando transtornos que devem ser olhados com muito cuidado pelas autoridades aeronáuticas, de vez que o aeroporto de Santarém tem também status internacional, sendo alternativa para as pistas de Belém e Manaus sobretudo em ocasiões de mau tempo, como se verifica em certos períodos do ano;
4) Como se trata de um aeroporto alternativo, as instituições de segurança de voos nacionais e internacionais não podem se omitir, entre outras razões porque esta região da Amazônia é rota de várias linhas aéreas internacionais, seja no sentido dos países das Américas central e do norte, assim como no sentido Europa-América do sul;
5) Existe aí, portanto, uma questão que vai além do desastre local da destruição de uma das últimas reservas naturais urbanas de Santarém. É um problema de caráter nacional, pois sua eventual concretização tem o potencial de envolver a segurança da navegação aérea nacional e internacional;
6) Assim, o desastre ambiental extrapola o aspecto local, merecendo das autoridades federais um pronunciamento a respeito, pois não existe nenhuma garantia de que, caso o loteamento seja liberado, ele não venha a se expandir na direção da pista do aeroporto, trazendo grave risco para os viajantes e mesmo para os eventuais residentes. É sabido que, infelizmente, a desordem urbana é produto da omissão e mesmo do envolvimento eventual de autoridades que incentivam o oposto do que devem fazer como mandatários do bem público.
7) Surge, então, a necessidade de as organizações populares atuantes nessa questão procurarem o quanto antes manter contato com membros do Congresso Nacional, por meio das comissões de transportes ou mesmo de segurança nacional da Câmara e/ou Senado, sugerindo uma visita de deputados e senadores a Santarém, a fim de averiguarem a grave situação desse loteamento, pela razão já dita de que existe aí uma questão que extrapola apenas o interesse local. Os parlamentares devem ser confrontados com o caso imediato da segurança aérea e com mais este exemplo de como aventureiros, com a conivência de autoridades locais, continuam a fazer da Amazônia terra de ninguém.
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