Como professor universitário compra apartamento de 450m2 em Higienópolis ? FHC comprou
um apartamento avaliado em R$ 2 milhões por R$ 500 mil. De onde veio a poupança do
professor universitário, ex-presidente da República ? Terá sido da fazendola de Minas ? O
Príncipe da Privataria precisa vestir rápido o fardão que lhe dá privilégio de foro.
BANQUEIRO DO PROPINODUTO PAULISTA VENDEU APARTAMENTO A FHC
Por Luis Nassif
O dono do banco onde estava a conta “Marilia” – que abastecia o propinoduto da Siemens, no cartel dos trens de São Paulo – é a mesma pessoa que vendeu o apartamento adquirido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, logo que deixou a presidência. E é um veterano conselheiro de políticos. Trata-se do banqueiro Edmundo Safdié. Em 2006, tornou-se réu, acusado de lavagem de dinheito do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, incurso na Ação Pena Pública no. 2004.61.81.004588-1, que tramita em segredo de Justiça.http://www.jfsp.jus.br/20061031celsopitta/
A rigor, a compra do apartamento pode ser apenas coincidência. O apartamento adquirido – 450 m2 do Edifício Chopin, rua Rio de Janeiro, Higienópolis – fica a poucos metros do antigo apartamento de FHC, na rua Maranhão. Na época, FHC anunciou que pagara R$ 1,1 milhão pelo apartamento – valor considerado muito baixo por moradores do edifício. Mas também podia ser um agrado de Safdié, para se vangloriar de vender um imóvel para um ex-presidente.
Em outras operações, Safdié foi mais controvertido. E a reincidência na lavagem de dinheiro – após o caso Pitta – pode explicar as últimas movimentações de Edmundo Safdié, vendendo seus ativos para outro banco.
A conta “Marília” estava no Leumi Private Bank da Suiça, antigo Multi Commercial Bank. Entre 1998 e 2002 – segundo documentos em poder da Polícia Federal – a conta movimentou 20 milhões de euros. Aslton e Siemens – as principais financiadores do esquema – compartilhavam a conta. Segundo revelou ao Estadão o ex-presidente da Siemens Adilson Primo, a movimentação era feita pela própria matriz da empresa. Fontes do Ministério Público Estadual informaram a IstoÉ que dessa conta saiu o dinheiro para o conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) Robson Marinho e para os lobistas Arthur Teixeira e José Geraldo Villas Boas (leia aqui).
Nesse período, a instituição era controlada por Safdié, da tradição dos banqueiros libaneses-judeus que aportaram no Brasil no pós-Guerra e especializaram-se em administrar fortunas nos grandes mercados internacionais.
A saga dos Safdié
Edmond Safdié foi um brilhante banqueiro que fundou o Banco Cidade em 1965 e, nos tempos do regime militar, mantinha estreitas relações com o general Golbery do Couto e Silva.
Em 1966 entrou no ramo de gestão de fortunas e administração de recursos no mercado internacional. Adquiriu em Genebra, Suiça o Multi Commercial Bank, mais tarde convertido em Banco Safdié. Em 1988 criou o Commercial Bank of New York. http://www.safdie.com.br/institucional/index.html
No final dos anos 90, a família decidiu concentrar-se em gestão de patrimônio, reorganizou as empresas e concentrou a gestão de patrimônio no banco suíço.
No final de 2012, Banco Safdié foi adquirido pelo Leumi, maior banco de Israel pelo critério de ativos. No Brasil, a família concentrou-se apenas na gestão de ativos depois que a crise de 2008 lançou desconfiança geral sobre gestores de ativos. Também podem ter contribuído para a reestruturação do grupo as ações internacionais contra lavagens de dinheiro, que expuseram Edmundo no caso Celso Pitta. http://www.leumiprivatebank.com/
O apartamento de FHC
Logo que saiu da presidência, Fernando Henrique Cardoso adquiriu de Edmundo Safdié o apartamento no 8o andar do edifícil Chopin, a poucos metros de seu apartamento anterior.
Na época, anunciou-se o preço de R$ 1,1 milhão. Embora anterior ao boom de imóveis em São Paulo, considerou-se que o preço estava subavaliado, para um imóvel de 450 metros quadrados.
BANQUEIRO DO PROPINODUTO PAULISTA VENDEU APARTAMENTO A FHC
Por Luis Nassif
O dono do banco onde estava a conta “Marilia” – que abastecia o propinoduto da Siemens, no cartel dos trens de São Paulo – é a mesma pessoa que vendeu o apartamento adquirido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, logo que deixou a presidência. E é um veterano conselheiro de políticos. Trata-se do banqueiro Edmundo Safdié. Em 2006, tornou-se réu, acusado de lavagem de dinheito do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, incurso na Ação Pena Pública no. 2004.61.81.004588-1, que tramita em segredo de Justiça.http://www.jfsp.jus.br/20061031celsopitta/
A rigor, a compra do apartamento pode ser apenas coincidência. O apartamento adquirido – 450 m2 do Edifício Chopin, rua Rio de Janeiro, Higienópolis – fica a poucos metros do antigo apartamento de FHC, na rua Maranhão. Na época, FHC anunciou que pagara R$ 1,1 milhão pelo apartamento – valor considerado muito baixo por moradores do edifício. Mas também podia ser um agrado de Safdié, para se vangloriar de vender um imóvel para um ex-presidente.
Em outras operações, Safdié foi mais controvertido. E a reincidência na lavagem de dinheiro – após o caso Pitta – pode explicar as últimas movimentações de Edmundo Safdié, vendendo seus ativos para outro banco.
A conta “Marília” estava no Leumi Private Bank da Suiça, antigo Multi Commercial Bank. Entre 1998 e 2002 – segundo documentos em poder da Polícia Federal – a conta movimentou 20 milhões de euros. Aslton e Siemens – as principais financiadores do esquema – compartilhavam a conta. Segundo revelou ao Estadão o ex-presidente da Siemens Adilson Primo, a movimentação era feita pela própria matriz da empresa. Fontes do Ministério Público Estadual informaram a IstoÉ que dessa conta saiu o dinheiro para o conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) Robson Marinho e para os lobistas Arthur Teixeira e José Geraldo Villas Boas (leia aqui).
Nesse período, a instituição era controlada por Safdié, da tradição dos banqueiros libaneses-judeus que aportaram no Brasil no pós-Guerra e especializaram-se em administrar fortunas nos grandes mercados internacionais.
A saga dos Safdié
Edmond Safdié foi um brilhante banqueiro que fundou o Banco Cidade em 1965 e, nos tempos do regime militar, mantinha estreitas relações com o general Golbery do Couto e Silva.
Em 1966 entrou no ramo de gestão de fortunas e administração de recursos no mercado internacional. Adquiriu em Genebra, Suiça o Multi Commercial Bank, mais tarde convertido em Banco Safdié. Em 1988 criou o Commercial Bank of New York. http://www.safdie.com.br/institucional/index.html
No final dos anos 90, a família decidiu concentrar-se em gestão de patrimônio, reorganizou as empresas e concentrou a gestão de patrimônio no banco suíço.
No final de 2012, Banco Safdié foi adquirido pelo Leumi, maior banco de Israel pelo critério de ativos. No Brasil, a família concentrou-se apenas na gestão de ativos depois que a crise de 2008 lançou desconfiança geral sobre gestores de ativos. Também podem ter contribuído para a reestruturação do grupo as ações internacionais contra lavagens de dinheiro, que expuseram Edmundo no caso Celso Pitta. http://www.leumiprivatebank.com/
O apartamento de FHC
Logo que saiu da presidência, Fernando Henrique Cardoso adquiriu de Edmundo Safdié o apartamento no 8o andar do edifícil Chopin, a poucos metros de seu apartamento anterior.
Na época, anunciou-se o preço de R$ 1,1 milhão. Embora anterior ao boom de imóveis em São Paulo, considerou-se que o preço estava subavaliado, para um imóvel de 450 metros quadrados.
Leia a matéria feita pela Revista Época: MUDANÇA PRESIDENCIAL
A cinco meses de deixar o cargo, FHC negocia a compra de apartamento novo
NEUZA SANCHES E SOLANGE AZEVEDO
Depois do mandato, o presidente Fernando Henrique Cardoso pretende passar longas temporadas no Exterior dedicado a palestras, aulas em universidades, fóruns e seminários. Entre uma viagem e outra, permanecerá estabelecido em São Paulo – só que em novo endereço. Nas próximas semanas, FHC deverá bater o martelo com o banqueiro Edmundo Safdié, ex-dono do BancoCidade, na compra de um apartamento na Rua Rio de Janeiro, em Higienópolis, a uma quadra do prédio em que mora desde 1974. O presidente já fez sua proposta. Quer comprar o imóvel por R$ 1,1 milhão.Decididos a mudar de residência depois de deixar o Palácio da Alvorada, Fernando Henrique e a primeira-dama, Ruth Cardoso, visitaram dez apartamentos em Higienópolis, um dos bairros mais agradáveis da cidade. No mês passado, o casal foi com um corretor até o apartamento em que o próprio banqueiro morou por décadas. O corretor lembra que FHC reparou na garagem, com vaga para cinco carros. Dona Ruth voltou mais uma vez. Adorou as salas e a cozinha.
O apartamento fica no 8o andar do tradicional edifício Chopin, prédio de 16 andares construído há 40 anos, onde se paga condomínio de R$ 2 mil. Ocupa um andar inteiro. Em 470 metros quadrados de área útil, possui quatro salas, quatro suítes, copa, cozinha e dependências para empregados. Os cômodos são amplos, bem iluminados, com pé-direito alto e ar-condicionado central. É um imóvel que impressiona mais pelo tamanho e localização que por algum tipo de ostentação. A fachada do prédio é simples e não há área de lazer. Antes de mudar-se, o presidente terá de fazer uma boa reforma. Há portas e janelas emperradas – e restam sinais da decoração antiga, como iniciais do nome do banqueiro pintadas nas portas, carpete verde nos quartos e paredes de gesso verde-água.
Para comprar o imóvel, o presidente pretende vender por R$ 500 mil o apartamento de 240 metros quadrados e três dormitórios da Rua Maranhão. Outros R$ 250 mil virão da venda de outro apartamento de 200 metros quadrados em Higienópolis, registrado em nome da filha mais velha do presidente, Luciana, que morou nele durante anos. “Os R$ 350 mil que restam serão pagos em até sete parcelas de R$ 50 mil no próximo ano”, explica José Oliveira Costa, advogado do presidente. Boa parte do dinheiro deverá sair de economias feitas com a aposentadoria que Fernando Henrique recebe pelos 16 anos de seus dois mandatos como senador. São R$ 4.305,60 por mês.
Quando assumiu o governo, em 1994, Fernando Henrique tinha patrimônio estimado em R$ 1,015 milhão. Eram quatro imóveis, dois lotes, um sítio em Ibiúna, em São Paulo, e três automóveis. Em 1998, seu patrimônio subiu para R$ 1,2 milhão. Pode-se explicar os bens do presidente por seus proventos. Além da aposentadoria no Senado, ele recebe R$ 8.500 na Presidência da República e R$ 4.500 como professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP). Como todas as suas despesas – de alimentação a viagens – são pagas pelo contribuinte, ele gasta apenas com a manutenção de seus imóveis. Dono de uma dificuldade histórica para gastar dinheiro, até quando sai com amigos para comer pizza no domingo à noite, FHC é um poupador exemplar.
À frente do BancoCidade e do Commercial Bank of New York – instituições que vendeu nos últimos dois anos para abrir uma corretora nos Estados Unidos – Edmundo Safdié é um desses desbravadores do capitalismo financeiro do país. Pai da cantora Fortuna, sempre ocupou uma posição de destaque na comunidade judaica de São Paulo e soube cultivar bons vínculos políticos. Quando se afastou do Planalto, o general Golbery do Couto e Silva, um dos principais cérebros do regime de 64, tinha escritório e emprego na diretoria do banco. Safdié nunca foi envolvido em irregularidades, ainda que a instituição tenha sido utilizada para remeter dinheiro para fora do Brasil por personalidades como o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta.
O único reparo à compra do apartamento da Rua Rio de Janeiro diz respeito ao calendário. A política é um reino da existência humana no qual os fatos têm a mesma importância que as aparências. De volta à vida civil, Fernando Henrique tem o direito de residir onde quiser, investindo no ambiente mais confortável que seu patrimônio permitir. Não há suspeita nenhuma no caso. Mas é conveniente que um presidente evite transações comerciais de qualquer natureza enquanto se encontra no governo. ”Uma negociação neste momento não é com Fernando Henrique, é com o presidente”, analisa Yolanda Glória Gamboa Munhoz, professora da PUC de São Paulo e especialista em ética.
A cinco meses de deixar o cargo, FHC negocia a compra de apartamento novo
NEUZA SANCHES E SOLANGE AZEVEDO
Depois do mandato, o presidente Fernando Henrique Cardoso pretende passar longas temporadas no Exterior dedicado a palestras, aulas em universidades, fóruns e seminários. Entre uma viagem e outra, permanecerá estabelecido em São Paulo – só que em novo endereço. Nas próximas semanas, FHC deverá bater o martelo com o banqueiro Edmundo Safdié, ex-dono do BancoCidade, na compra de um apartamento na Rua Rio de Janeiro, em Higienópolis, a uma quadra do prédio em que mora desde 1974. O presidente já fez sua proposta. Quer comprar o imóvel por R$ 1,1 milhão.Decididos a mudar de residência depois de deixar o Palácio da Alvorada, Fernando Henrique e a primeira-dama, Ruth Cardoso, visitaram dez apartamentos em Higienópolis, um dos bairros mais agradáveis da cidade. No mês passado, o casal foi com um corretor até o apartamento em que o próprio banqueiro morou por décadas. O corretor lembra que FHC reparou na garagem, com vaga para cinco carros. Dona Ruth voltou mais uma vez. Adorou as salas e a cozinha.
O apartamento fica no 8o andar do tradicional edifício Chopin, prédio de 16 andares construído há 40 anos, onde se paga condomínio de R$ 2 mil. Ocupa um andar inteiro. Em 470 metros quadrados de área útil, possui quatro salas, quatro suítes, copa, cozinha e dependências para empregados. Os cômodos são amplos, bem iluminados, com pé-direito alto e ar-condicionado central. É um imóvel que impressiona mais pelo tamanho e localização que por algum tipo de ostentação. A fachada do prédio é simples e não há área de lazer. Antes de mudar-se, o presidente terá de fazer uma boa reforma. Há portas e janelas emperradas – e restam sinais da decoração antiga, como iniciais do nome do banqueiro pintadas nas portas, carpete verde nos quartos e paredes de gesso verde-água.
Para comprar o imóvel, o presidente pretende vender por R$ 500 mil o apartamento de 240 metros quadrados e três dormitórios da Rua Maranhão. Outros R$ 250 mil virão da venda de outro apartamento de 200 metros quadrados em Higienópolis, registrado em nome da filha mais velha do presidente, Luciana, que morou nele durante anos. “Os R$ 350 mil que restam serão pagos em até sete parcelas de R$ 50 mil no próximo ano”, explica José Oliveira Costa, advogado do presidente. Boa parte do dinheiro deverá sair de economias feitas com a aposentadoria que Fernando Henrique recebe pelos 16 anos de seus dois mandatos como senador. São R$ 4.305,60 por mês.
Quando assumiu o governo, em 1994, Fernando Henrique tinha patrimônio estimado em R$ 1,015 milhão. Eram quatro imóveis, dois lotes, um sítio em Ibiúna, em São Paulo, e três automóveis. Em 1998, seu patrimônio subiu para R$ 1,2 milhão. Pode-se explicar os bens do presidente por seus proventos. Além da aposentadoria no Senado, ele recebe R$ 8.500 na Presidência da República e R$ 4.500 como professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP). Como todas as suas despesas – de alimentação a viagens – são pagas pelo contribuinte, ele gasta apenas com a manutenção de seus imóveis. Dono de uma dificuldade histórica para gastar dinheiro, até quando sai com amigos para comer pizza no domingo à noite, FHC é um poupador exemplar.
À frente do BancoCidade e do Commercial Bank of New York – instituições que vendeu nos últimos dois anos para abrir uma corretora nos Estados Unidos – Edmundo Safdié é um desses desbravadores do capitalismo financeiro do país. Pai da cantora Fortuna, sempre ocupou uma posição de destaque na comunidade judaica de São Paulo e soube cultivar bons vínculos políticos. Quando se afastou do Planalto, o general Golbery do Couto e Silva, um dos principais cérebros do regime de 64, tinha escritório e emprego na diretoria do banco. Safdié nunca foi envolvido em irregularidades, ainda que a instituição tenha sido utilizada para remeter dinheiro para fora do Brasil por personalidades como o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta.
O único reparo à compra do apartamento da Rua Rio de Janeiro diz respeito ao calendário. A política é um reino da existência humana no qual os fatos têm a mesma importância que as aparências. De volta à vida civil, Fernando Henrique tem o direito de residir onde quiser, investindo no ambiente mais confortável que seu patrimônio permitir. Não há suspeita nenhuma no caso. Mas é conveniente que um presidente evite transações comerciais de qualquer natureza enquanto se encontra no governo. ”Uma negociação neste momento não é com Fernando Henrique, é com o presidente”, analisa Yolanda Glória Gamboa Munhoz, professora da PUC de São Paulo e especialista em ética.
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