Se o monopólio da Polícia é um monstro, o que dizer das investigações secretas, opacas do MP ?
Faltam 26 dias para Gurgel descer à planície e encontrar o senador Collor.
A Globo lhe ofereceu um “golden parachute” – aquelas despedidas douradas que as empresas americanas dão aos leais servidores na hora de partir para o anonimato eterno.
O paraquedas de ouro foi a derrota retumbante da PEC-37 no Congresso.
A vitória só foi possível porque a Globo empurrou a questão na cobertura das passeatas e, inexplicavelmente, passaram a aparecer no meio dos telejornais (?) da Globo comerciais de 30” que custam, por inserção, R$ 400 mil, R$ 500 mil.
Quem pagou essa ninharia ?
O Demóstenes ?
(Quando o Demóstenes vai revelar o conteúdo das gravações que tem ?)
O Cachoeira ?
A vitória da Globo na campanha publicitária da PEC-37 foi provisória.
Agora, vem a regulamentação.
E se muitos congressistas não queriam ficar nas mão de um monstro – o monopólio de investigação da Polícia, muitos não querem ficar na mão de outro monstro – o Ministério Público descontrolado, de poderes ilimitados.
Clique aqui para ler “MP é o DOI-CODI da democracia”.
Assim é que na hora de a onça beber água e quando for feita a regulamentação, o Ministério Público será obrigado a investigar sob o regime do mesmo estatuto da Polícia.
Sob o controle da Magistratura, portanto.
Não pode sair por aí a investigar em silêncio, grampear quem bem entender, com a ajuda de um inexplicável Guardião, um verdadeiro gramping center.
Sob o controle a Magistratura, a investigação terá que estar aberta ao contraditório, sem agendas ocultas, pessoais.
O que interessa à sociedade é a produção das provas.
E o respeito às regras da Democracia no trabalho de produzir provas.
Se as provas vierem do MP ou da Polícia, é indiferente.
Desde que policiais e promotores se submetam às mesmas leis.
Tenham que prestar contas de seus métodos.
Vamos supor que essas regras estivessem para ser aprovadas ontem.
Mas, em respeito à “voz das ruas” (com a legenda da Globo) muitos parlamentares preferiram se fingir de mortos.
Vamos supor, amigo navegante, que um tresloucado Procurador de nome João Francisco de Oliveira e Souza resolva investigar um dos filhos de um filho do Roberto Marinho – eles não tem nome próprio.
Por uma vendeta pessoal, inconfessável.
O Procurador Souza não avisa a ninguém, grampeia o indigitado jovem, investiga sua vida pessoal e empresarial, compõe um dossiê completo sobre ele – no plano da pessoa e da vida dos negócios.
E resolva extrair dele um beneficio – em dinheiro, em prestígio, em poder.
Um comercialzinho de 30” no jn.
Ou apenas vingar-se.
Mostra o dossiê.
E o que faz o filho do filho do Roberto Marinho ?
Vai reclamar ao Gurgel ?
Quantos brasileiros já foram vítimas de investigações de promotores inescrupulosos absolutamente impunes ?
Na região de Campinas, por exemplo.
Terá sido possível ?
É uma hipótese remota, mas sempre uma hipótese.
E você, amigo navegante ?
Tem algum desafeto ?
E se o desafeto for amigo de um promotor ?
É isso o que a Globo quer para ela ?
Ela sabe melhor do que ninguém: o mundo gira e a Lusitana roda.
O mundo gira e o Procurador roda.
Paulo Henrique Amorim
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