A empresa se recusa a negociar com os moradores da cidade, boicotará a reunião e está fazendo todo tipo de pressão para que o evento não ocorra, ameaçando demitir os trabalhadores e até fechar a sua planta na região.
No blog da Franssinete
Nessa quarta-feira, 29, o Movimento Acorda Juruti realiza audiência pública para debater os impactos sociais e ambientais causados pela Alcoa no município de Juruti, no Oeste do Pará. Em 2006, a mineradora assumiu o compromisso de realizar diversas obras para compensar a extração de bauxita. Após 7 anos, a comunidade denuncia o descumprimento das promessas e exige o que ficou acordado.
Os maiores impactos da lavra ocorreram nas comunidades tradicionais do entorno do Lago Grande de Juruti Velho, distante cerca de 45 Km da cidade de Juruti, com desmatamento contínuo de árvores centenárias e o uso da água do rio para lavar a bauxita, afetando as principais fontes de sobrevivência da comunidade, pesca e extrativismo vegetal, denuncia a população local, aduzindo que os problemas se arrastam desde 2002, quando a Alcoa iniciou sua instalação, desestruturando continuamente a vida social e econômica das comunidades que vivem na região há mais de 100 anos.
Na época, as irregularidades foram observadas pelo MPE-PA, que recomendou a suspensão da licença para operação da empresa, considerando que os critérios políticos não podem desprezar os estudos socioambientais do projeto, que atraiu milhares de trabalhadores de todo o País, multiplicando o custo de vida local, desestruturando os serviços públicos e criando bolsões de miséria.
Uma moção de apoio ao Movimento Acorda Juruti foi assinada por 21 entidades representativas dos munícipes, denunciando que a população vivencia hoje “os mais variados e angustiantes problemas, jamais ocorridos antes da chegada da Alcoa, como retenção dos investimentos da cidade, não contratação das empresas e mão de obra local e inchaço populacional”.
A Câmara Municipal também se manifestou solidária ao Movimento Acorda Juruti, através de Moção aprovada em plenário.
A Alcoa divulgou carta na qual avisa que não irá à audiência pública e joga a responsabilidade pela situação nas costas do Estado, do Município e da União, para os quais diz ter recolhido R$ 427 milhões em tributos, impostos e compensações, de 2006 ao primeiro trimestre de 2013, com o que considera que já fez mais do que devia em troca do lucro bilionário que retira de lá, alfinetando inclusive o governo do Estado quanto à aplicação do dinheiro – R$ 36 milhões entre 2008 e 2013 - que pagou a título de CFEM (Compensação Financeira pela exploração de recursos Minerais), os chamados royalties da mineração, e R$ 4,6 milhões entre 2012 e o primeiro trimestre deste ano, de TRFM (Taxa de Controle, Acompanhamento e Fiscalização das Atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Minerários).
E ainda ameaça “reduzir ou mesmo parar a operação de Juruti, tendo como consequência a redução da arrecadação de taxas, impostos e compensações”.
Está mesmo na hora de serem tomadas sérias e urgentes providências. MPF, MPE, Governo do Estado e Alepa precisam se posicionar perante tão grave questão, que afronta todos os paraenses.
Leiam a Moção da Câmara de Juruti e a carta-resposta da Alcoa.
Um comentário:
A Alcoa não é santinha, mas já deu muito dinheiro pra cidade. O Prefeito Marquinhos devia ir aprender com o prefeito Adinam de Paragominas como se aplica o recurso. Com muito menos ele transformou a cidade. Lá tem uma mina bem pequena tambem de bauxita
Ana Paula Braga
anapaula_braga70@yahoo.com.br
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