Eleito presidente paraguaio neste domingo, Horacio Cartes é dono de uma das maiores fortunas do país. Seus rivais políticos o acusam de ter vínculos com o narcotráfico e a lavagem de dinheiro.
Com 56 anos, ele é proprietário da maior fábrica de cigarros do país, de um banco e de uma empresa de bebidas, entre outros negócios, além de ser acionista majoritário de cerca de 25 empresas.
“Ele deve continuar a política realizada pelos Colorados, que tradicionalmente defendem os interesses da população mais rica e da oligarquia do país. O interesse dos mais pobres deverá ser atendido através da execução de programas sociais, mas não vai haver tentativa de resolver as verdadeiras causas dos problemas”, afirma Cordula Tibi Weber, do Instituto Alemão de Estudos Globais e Regionais (Giga), em Hamburgo.
Cartes nasceu em Assunção e estudou em três colégios conhecidos da capital. Já aos 19 anos ele se dedicava aos negócios e gerenciava a importação de peças de reposição para aeronaves da fabricante norte-americana Cessna, que seu pai representava no Paraguai. Nos Estados Unidos, ele fez um curso técnico de motores de aviação.
Sua carreira de êxito contrasta com as numerosas denúncias sobre supostas atividades ilícitas de suas empresas. O empresário, por exemplo, foi considerado inocente nas três instâncias de um processo judicial por evasão de divisas, iniciado durante a ditadura do general Alfredo Stroessner (1954-1989), quando estava à frente de uma casa de câmbio.
“Sempre se diz no Paraguai que a classe política tem ligações com negócios ilegais. Acho preocupante o presidente ter recebido acusações desse tipo”, diz Tibi Weber, do Giga.
Separado e pai de três filhos, Cartes se opõe ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ele disse que “daria um tiro em seus testículos” se seu filho quisesse se casar com outro homem.
“Ainda acredito na normalidade e se alguém opta, bem, cada um faz o que quer com sua vida. Mas levar a situação como normal… me parece que aí já vou começar a acreditar no fim do mundo”, disse Cartes numa entrevista, pouco antes das eleições. Essas e outras declarações geraram repúdio de organizações que combatem a homofobia.
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