terça-feira, 30 de abril de 2013

Discursos de Marin mostram que ele dedou jornalista morto pela ditadura


Proferidos entre 1975 e 1976, dois discursos do então deputado estadual pela Arena José Maria Marin, hoje presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), acirram a polêmica em torno da postura dele durante o regime militar.
Os áudios foram descobertos nos arquivos da Assembleia Legislativa de São Paulo em pesquisa da Comissão da Verdade de São Paulo.
Em 9 de outubro de 1975, em um aparte ao discurso do deputado Wadih Helu, hoje falecido, Marin cobra providências para a apuração de denúncias de que a TV Cultura sofria um processo de “comunização”. O diretor de Jornalismo da emissora pública, na época, era Vladimir Herzog, torturado e morto 16 dias depois no prédio do DOI-Codi.
Nessa época, o delegado Sergio Paranhos Fleury trabalhava no DOI-Codi. O delegado é o tema de outro discurso de Marin, em 1976, desta vez para elogiar sua atuação.
Naquele mesmo mês, Marin faz um aparte ao discurso de Helu sobre “a denúncia da comunização do Canal 2, da infiltração dos elementos subversivos, dos elementos de esquerda no canal 2”. Segundo Helu, a emissora, que não mandara equipe de reportagem para cobrir um evento da Sabesp com cinco prefeitos da Arena, ficava “solapando a democracia, não só com sua ausência deliberada, mas muito mais do que isso. Com sua presença comunizante no vídeo diariamente”.
Marin se “congratula” com Helu e cobra providências do então governador, Paulo Egydio Martins.
Um ano depois, o então deputado Marin retorna à tribuna, desta vez para defender o delegado Fleury. Para o deputado, nem sempre vinha sendo feita “a devida justiça a seu trabalho”. Marin diz ainda que Fleury não recebeu “a devida compreensão”. O discurso elogioso tem duração de seis minutos.
O filho de Vladimir Herzog, Ivo Herzog, já obteve cópia dos arquivos de áudio. Ivo encabeça uma campanha contra a participação do ex-deputado no comando da Copa do Mundo de 2014._______________________________________________

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