Ruslan, tio dos suspeitos: homem da CIA
Por: Kiko Nogueira
A montanha de teorias conspiratórias sobre os atentados em Boston foi alimentada pelas imagens geradas desde o dia fatídico. Nunca antes na história daquele país uma explosão foi tão documentada de tantos ângulos e por tanta gente. Ao invés de isso ajudar a esclarecer os fatos, o efeito é contrário. Cada sujeito de boné, cada gota de sangue, cada policial é alvo de alguma tese maluca. De acordo com alguns psicólogos, é parte da necessidade humana de ter uma explicação para tudo o que acontece. Isso nos daria um certo conforto diante de tragédias. Existem, também, as pessoas que vivem disso para disseminar o medo, sabe-se lá com que intenção. Sem contar os que não têm nada para fazer.
O Tsarnaev mais velho, Tamerlan, era, segundo a CNN, seguidor de Alex Jones, o fanático que tem um império de comunicação especializado em versões estapafúrdias para alimentar sua crença: a de que o governo americano é tirânico e quer acabar com os direitos individuais da população. Jones é dono do site Infowars, que está nesse momento chafurdado em delírios.
Jones, porém, é um a mais na barafunda de visões alternativas dos atentados. Eu mesmo recebi duas delas por email (uma dava conta de que eram todos atores). O Guardian fez uma lista das dez teorias conspiratórias mais difundidas.
O ataque de “bandeira falsa”
Em uma declaração televisionada nacionalmente, Dan Bidondi, do site Infowars, perguntou: “É este mais um ataque de bandeira falsa, encenado para tirar nossas liberdades civis e promover a segurança interna, enquanto revistam nossas calças nas ruas?”
O termo “bandeira falsa” descreve um ataque forjado para justificar a expansão do poderio do governo. Tem origem nas batalhas navais. Bidondi claramente pensa que o governo os organiza para retirar as liberdades civis dos norte-americanos.
A deputada estadual de New Hampshire Stella Tremblay também acredita nisso. Tremblay uma vez divulgou um vídeo adulterado que “provava” que Barack Obama não nasceu nos EUA. Além disso, um dos conselheiros de Tremblay disse que os EUA ainda estavam sob o controle da rainha Elizabeth II. Os organizadores sabiam que o ataque ia ocorrer
Uma das teorias mais populares foi espalhada pelo corredor de Boston Alastair Stevenson. “Na linha de partida, havia cães farejadores e o esquadrão antibomba lá fora”, disse Stevenson. “Eles ficavam dizendo aos corredores que não se assustassem, que estavam executando um exercício de treinamento.”
Esta teoria se baseia no testemunho de uma pessoa que sofreu um evento muito traumático, mas muitos teóricos a estão usando como uma peça-chave, preferindo ignorar a frequência de cães farejadores de bombas e equipes policiais em grandes eventos nos EUA.
O homem nu
A polícia prendeu um homem nu, que algumas agências de notícias disseram apressadamente ser um dos suspeitos. Acabou não sendo o caso, mas alguns teóricos optaram por acreditar que o homem que aparece num vídeo granulado é Tamerlan Tsarnaev, que foi morto durante a perseguição. Tudo porque ele tem cabelo preto e uma cor de pele similar.
O suspeito na capa do New York Post é o culpado
O New York Post irresponsavelmente identificou dois jovens como suspeitos na primeira página. Logo após os ataques, o Post relatou erroneamente que um deles era um “saudita”. Ele foi a isca para os teóricos da conspiração que optaram por acreditar que se trata do responsável. Esta teoria é destaque em blogs que dizem coisas como: “É bom ficar aflito com a islamofobia?” Uma pergunta retórica com a resposta positiva embutida.
Esses teóricos também acreditam que ele é responsável porque Michelle Obama, aparentemente, o visitou no hospital, o secretário de estado John Kerry supostamente teve um encontro privado com o ministro das Relações Exteriores saudita depois do artigo do New York Post e Barack Obama, supostamente, tinha uma reunião programada com o embaixador dos EUA na Arábia Saudita.
Tio Ruslan e a CIA
O site Madcowprod.com, de Daniel Hopsicker, afirma ter “reportagens investigativas sobre o comércio de drogas, o 11 de Setembro e o crime patrocinado pelo estado”. Sua “investigação” sobre a Maratona de Boston sugere que o tio dos suspeitos, Ruslan Tsarni, trabalhou com a CIA, os chefes do crime chechenos e outros grupos, num thriller de segunda categoria. É claro que essas supostas ligações têm a ver com as motivações dos suspeitos para as explosões.
Os tuítes do Boston Globe
O Boston Globe publicou tweets dizendo que uma explosão controlada estaria acontecendo na Boylston Street, a cena dos ataques. Esses tweets foram aparentemente publicados antes das explosões. O gerente de produto sênior do Boston Globe Damon Kiesow explicou tudo. Basicamente, a hora em que o tweet é publicado coincide com o fuso horário da conta de quem lê.
Os memoriais do Facebook
Mais do mundo da mídia social, sempre confiável. Duas páginas do Facebook em memória às vítimas foram supostamente criadas antes das explosões. Lição do Facebook: os usuários podem escolher a data em que sua página foi criada, fundada etc É isso. O que vale a pena questionar é: por que alguém iria criar uma página de memorial no FB para uma tragédia que eles sabiam que ia acontecer?
Tamerlan Tsarnaev: informante do FBI?
Serviços de segurança russos se aproximaram do FBI para obter informações sobre Tsarnaev no início de 2011 por causa de suas opiniões radicais. No entanto, quando Tsarnaev voltou para os EUA em 2012, ele não foi rastreado por autoridades americanas. Os teóricos da conspiração vêem nisso uma evidência de que Tsarnaev era um informante do FBI porque ele já era aparentemente suspeito, mas não o suficiente para ser amplamente investigado. Alguns teóricos da conspiração, aparentemente, têm fé considerável no sistema burocrático dos Estados Unidos.
Militares causaram as explosões
Dois homens usando chapéus e mochilas, e que não são os irmãos Tsarnaev, podem ser vistos nas fotos antes e depois da explosão. A suposição que prevalece é a de que eles são militares que orquestraram o ataque – e não autoridades presentes no evento para sua segurança. Alex Jones e sua tripulação do Infowars gostam desta “prova”.
A defesa de Dzhokhar Tsarnaev
Os teóricos têm levantado uma série de questões sobre o envolvimento de Dzhokhar nas explosões. Há alegações de que fotos dele na cena do crime foram adulteradas e eles questionam a veracidade dos relatos de sua captura num barco em Watertown, Massachusetts. Uma das teses dominantes é que Dzhokhar afastou-se da cena com a mochila na mão, como mostra a foto abaixo.
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