Um herói, foi essa a reação imediata do cineasta Michael Moore quando foi revelado no primeiro dia de seu julgamento em corte marcial o recruta Manning admitiu oficialmente ter feito os aqueles célebres vazamentos para o Wikileaks. Entre os vazamentos o destaque foi o vídeo do helicópteto Apache a partir do qual, por engano, soldados americanos mataram civis iraquianos.
Manning aceitou dez das 22 acusações, mas negou a principal delas: ter ajudado o inimigo. É um crime passível de prisão perpétua. As acusações que ele admitiu podem lhe dar 20 anos de cadeia. Mas ainda haverá muitos movimentos. A promotoria deve insistir na tese de que o inimigo foi ajudado.
Com os vazamentos, afirmou, seu objetivo foi “estimular o debate público” entre os americanos sobre a política externa de seu país.
O objetivo foi amplamente alcançado, como se pode ver. E ultrapassado, uma vez que o debate rompeu as fronteiras americanas e ganhou o mundo.
O depoimento de Manning no primeiro dia do tardio julgamento – iniciado depois de mil dias de prisão – trouxe revelações sensacionais sobre o jornalismo que se faz hoje nas grandes corporações de mídia.
Antes de entregar o material ao Wikileaks, Manning fez o percurso clássico.
Tentou o New York Times. Ninguém o ouviu. Tentou o Washington Post. Nada. Tentou o Wikileaks. E foi feita história.
Manning é um heroi, como disse Michael Moore. Ajudou a ver um dos horrores do mundo contemporâneo, a Guerra do Iraque.
E Assange também é, por ter publicado os documentos valiosíssimos que o Times e o Post desprezaram.
O soldado norte-americano Bradley Manning se declarou culpado nesta quinta-feira (28/02) por ter vazado centenas de milhares de documentos confidenciais da diplomacia do país ao site Wikileaks, além de outras nova acusações menores. As informações são do jornal britânico Guardian, da agência Efe e do Wikileaks.
No entanto, o militar de 25 anos nega ter “ajudado o inimigo”, acusação mais grave que pesa sobre ele e que, se confirmada, poderá resultar até em prisão perpétua.
No depoimento, Manning afirma que uma das razões que o motivaram a tomar a iniciativa de tornar as informações públicas foi o caso conhecido como “Assassinato Colateral”, durante a guerra no Iraque, que culminou na morte de um jornalista da Reuters, seu motorista e outras pessoas no bairro de Nova Bagdá pelo exército norte-americano. Eles foram mortos por um helicóptero apache que atacou indiscriminadamente civis. A Reuters tentou, sem sucesso, obter o vídeo através da Freedom Information Act, lei que determina a abertura de arquivos do governo, mas este vídeo só veio a público através do Wikileaks.“Fiquei perturbado com o tratamento que deram às crianças feridas”, referindo-se a duas crianças que ficaram gravemente feridas no episódio. “Os que estavam no vídeo não pareciam se preocupar com o valor da vida humana, ao se referirem a elas (às vítimas) como bastardos”.
Em seu depoimento de hoje, de 35 páginas, Manning ainda falou que, com o vazamento, tinha a intenção de "levantar um debate público sobre o papel da diplomacia e das Forças Armadas".
Outra revelação importante feita por Manning é que, antes de procurar o Wikileaks, ele chegou a ligar para o mais tradicional jornal norte-americano, o The New York Times, gravando mensagens e deixando contatos, além de explicar o que tinha em mãos. E também contatou seu principal concorrente, o Washington Post. Simplesmente não obteve respostas.
Foi quando procurou o Wikileaks e manteve uma conversa com um internauta identificado como “OX”, provavelmente o jornalista australiano Julian Assange, fundador do site. Ele também tentou contatar o site progressista norte-americano Politico.com. Porém, o mau tempo impediu o contato.
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