quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Tapajós e a garimpagem: até ameaça de morte?


Dezenas de dragas como esta reviram o leito do Tapajós e afluentes, poluindo a região com barro e mercúrio.

No Blog do Dutra

No final do ano, a notícia circulou no âmbito regional. O deputado federal pelo PSDB, Dudimar Paxiúba estaria com a cabeça a prêmio, em virtude de denúncias feitas por ele na Câmara Federal, mostrado a agressão de dezenas de dragas ao leito do Rio Tapajós e afluentes. Leia aqui.
De lá para cá não se ouviu mais falar no assunto. Mas será que a possibilidade existe? Isso denota a gravidade da situação na região bacia do Tapajós/Jamanxim, já instável diante das incertezas sobre os projetos de construção de 7 hidrelétricas naquela região paraense, o que viria ou vira a afetar inúmeras comunidades de povos indígenas e não indígenas ribeirinhos.
A região do Tapajós vai se tornando um caldeirão sem que as "autoridades" tomem providências sérias. Além dos garimpos que retornam com força, há os projetos de construção de oito portos de escoamento de soja em Miritituba, na frente da cidade de Itaituba. Há conversas, ainda por comprovar, de um projeto de construção de 8 pequenas usinas hidrelétricas nas corredeiras do Rio Cupari, afluente do Tapajós.
Embora lentamente, também as rodovias Transamazônica e Santarém-Cuiabá vão recebendo asfalto, tornando-se aos poucos trafegáveis. Ao longo dessas estradas já se vêem carretas geminadas carregadas de soja. Com o asfalto completo, o caldeirão pode se completar e deixar saudade dos velhos tempos do Sul do Pará dos anos 70/80, onde valia a lei do tresoitão, que ainda vale, porém em intensidade menor e mais relacionado ao desmatamento ilegal.

A seguir, o comentário do jornalista Jota Parente

Caro Dutra,
O maior problema do Rio Tapajós, neste momento, vai muito além dessa referência da exploração feita nas encostas do citado rio. Muito antes de serem construídas usinas hidrelétricas, a coloração das lindas águas de nosso rio estará completamente mudada pela exploração ilegal de ouro em seu leito.
Dezenas de dragas, grande número delas vindas do estado de Rondônia, onde destruíram o rio Madeira, encontram-se atualmente no nosso Tapajós. Algumas trabalham 24 horas por dia. Conversei com um dragueiro vindo de Porto Velho, ao qual perguntei por que ele tinha se mudado para cá. Ele respondeu que a produção tinha caído muito por lá, mas, que no Tapajós estava indo muito bem obrigado.
Este fato tem sido denunciado por mim, no meu blog e no Jornal do Comércio (Itaituba), pelo colega Weliton Lima e pelo deputado federal Dudimar Paxiúba, que causou um alvoroço muito grande há mais ou menos três meses, quando, na tribuna da Câmara Federal falou sobre esse problema. Houve até denúncia de ameaça de morte contra ele por conto disso.
As autoridades de Itaituba têm conhecimento pleno do que está acontecendo. Em Santarém tem muita gente que sabe, o mesmo acontecendo com as autoridades de Belém relacionadas ao meio ambiente. Porém, ninguém toma providência alguma. O silêncio tem sido a resposta de quem deveria já estar trabalhando para evitar que essa degradação continue impunemente.
Causa-me admiração o fato de até mesmo a imprensa de Santarém ignorar totalmente o assunto. Por lá, parece que o problema está acontecendo em outro continente, bem longe daqui. Quem tiver oportunidade de fazer um sobrevôo na área onde se encontram as dragas vai ter uma visão dantesca do que está ocorrendo.
Espero que este sussurro transforme-se num grito forte de todos os que se preocupam com a sobrevivência do rio Tapajós. Isso serve, também, para aqueles que se dizem muito preocupados com o que poderá acontecer após a construção de barragens, pois estamos falando do mesmo rio, mas, esse pessoal permanece calado.
O problema só existe por causa da omissão das autoridades, em nível municipal, estadual e federal, e pela omissão da sociedade. Com a ausência de quem deveria agir para regular a atividade mineral e reprimir a exploração ilegal, que degrada o meio ambiente, praticada por gente que não emprega mão de obra de Itaituba e da região, que se abastece fora deste município e que ainda por cima vende o ouro que produz, fora, só restam aos poucos que se incomodam com isso continuar bradando.
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