O índice de desenvolvimento humano do Pará é dos mais baixos do Brasil. A violência coloca Belém entre as campeãs nacionais e até internacionais. Nada disso importa aos deputados. Com R$ 50 milhões daria para começar bons projetos de humanização geral da capital, mas os parlamentares acham que fazer mais um palácio é mais negócio. E que negócio certamente será!
Fotos: MD
| A imponência prevista do novo Palácio que abrigará os deputados de uma cidade que precisa ser humanizada não com palácios, mas com saneamento e segurança pública. Isso pouco importa aos deputados |
Um dos mantras destacados de muitos políticos do Pará que fizeram a campanha do Não, no plebiscito de dezembro de 2011 sobre a criação dos Estados do Tapajós e Carajás, era justamente a questão da construção de novos prédios públicos para abrigar as novas administrações em Marabá e Santarém, as previstas capitais. Os discursos eram sobre o "desperdício" de dinheiro público numa região "tão carente" e necessitado de investimentos em "saúde, saneamento, segurança, educação".
Pois bem, mal passado um ano de oposição ao "desperdício", os deputados estaduais aprovam e começam a por em em ação um projeto para a construção de mais um palácio na capital do Pará, absolutamente desnecessário, que é a nova sede da Assembléia Legislativa, a mesma Assembléia dentro da qual diversos deputados e servidores estão, há mais de dois anos, debaixo das mais cabeludas denúncias de corrupção, na forma de desvios de dinheiro, documentos falsificados, nepotismo e outras cositas mais que parece não foram apuradas, pois ao que nós, eleitores saibamos, ninguém foi punido pelo judiciário.
| Ainda não foram totalmente esclarecidos os casos de corrupção grossa tão denunciados nos últimos dois anos, e já os parlamentares partem para nova e milionária empreitada |
A nova sede é inteiramente desnecessária, pois o prédio onde hoje funciona a Assembleia, na Praça Dom pedro, no Centro Histórico de Belém, dispõe inclusive de um prédio anexo. Aliás, se lá dentro permanecessem tão somente os deputados e os funcionários indispensáveis, e fosse dispensada a massa de assessores cuja presença lá não se justifica a não ser pela politicagem e pelo nepotismo, os atuais prédios podem ser usados até século 22.
O projeto da nova sede localiza-se numa área que por décadas pertenceu à Força Aéreo Brasileira, na avenida Brigadeiro Protásio, ao lado do Hangar, que também foi local onde a FAB dava manutenção aos seus aviões. Aquela enorme áreas bem poderia ser aproveitada para a abertura de mais um espaço livre, um parque, ou área para prática de esportes ou outra destinação socialmente justificável.
Há seis meses, o então presidente da Assembléia Legislativa e hoje prefeito municipal de Ananindeua, Manoel Pioneiro (PSDB), informou que a construção do novo palácio legislativo custará R$ 40 milhões que, acrescidos por outros R$ 10 milhões só com a transferência de sede, sairá por R$ 50 milhões. Até o final da obra, em quanto estará esse "orçamento"?
Belém, a capital paraense, ao lado de suas belezas e reconhecido valor histórico, tem hoje metade de sua população de mais 2 milhões de habitantes, aí incluídos os municípios metropolitanos, vivendo nas condições mais insalubres e desumanas, com imensos bairros totalmente desprovidos de saneamento e meios de mobilidade. O índice de desenvolvimento humano do Pará como um todo é dos mais baixos do Brasil. A violência coloca Belém entre as campeãs nacionais e até internacionais.
Nada disso importa aos deputados. Com R$ 50 milhões daria para começar bons projetos de humanização geral da capital, mas os parlamentares acham que fazer mais um palácio é mais negócio. E que negócio certamente será!
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