Com Felipão, o Brasil perde a oportunidade de contratar Guardiola, o mais brasileiro dos técnicos.
Ladies & Gentlemen:
Chrissie, minha mulher, acaba de se queixar de mim. Na verdade, ela disse: “Scott, por favor, cala a boca.” Seu mau humor, que aliás é rotineiro, vinha do fato de eu estar cantando uma música de minha adolescência que diz o seguinte: “The dream is over”.
Não sei por que, essa velha música me tomou de assalto a cabeça depois que soube que não foi seguida minha sugestão de colocar Guardiola na seleção brasileira. Não que eu seja uma voz da qual não se possa discordar, Chrissie que o diga. Mas por causa dele, Guardiola, nosso Pouca Telha, o mais brasileiro dos técnicos em todo o mundo mesmo sem jamais, que eu saiba, ter pisado no Brasil.
Boss me diz que minha sugestão era muito audaciosa para o conservadorismo dos dirigentes do futebol brasileiro. “O novo presidente da CBF tem mais de 80 anos”, ele me contou. E o velho?, perguntei. “Bem, ele tem mais de 80 processos por corrupção”, disse Boss.
E o nome é Big Phil, o Felipão. Conheço-o relativamente bem. Acompanhei o seu trabalho no Chelsea, do oligarca russo Ramon Abramovic, o homem que ganhou milhões de rublos quando milhões de russos caíram na pobreza e no álcool, nos anos 1990, com o desmantelamento da União Soviética e a aquisição suspeita de estatais por pessoas oriundas da KGB, como Abramovic.
Big Phil é um técnico que só ganha de Guardiola numa briga de rua. Fora daí, ele representa mais o futebol europeu que o brasileiro, com sua vocação para sistemas defensivos e feios. Não me agrada também em BP sua ética flexível: jamais me sai da cabeça a imagem dele jogando uma segunda bola no campo num ataque perigoso do adversário, para interromper a jogada.
Ele ganhou uma copa, é certo. Mas quem não ganharia com Ronaldo, Ronaldinho, Rivaldo e Roberto Carlos no apogeu? Até Capello, o trapalhão italiano que nos comandou na África do Sul sem falar inglês, teria sido campeão. Nosso único título, em 1966, quando eu era um menino que sonhava ser um astro do City sem ter futebol para tanto, é fruto de gênios como Bobby Moore e Bobby Charlton, e não do técnico Alf Ramsay.
Mas o pensamento convencional triunfou.
Ladies & Gentlemen: não foram apenas os brasileiros que perderam uma chance única de reencontrar seu futebol artístico com o treinador mais apto para isso. Todos nós perdemos, aqueles múltiplos, frustrados, saudosistas seres patéticos que, mundo afora, têm na fantasia uma seleção verde-amarela que atropela os adversários com o vigor do tube londrino e a beleza vermelha do nosso doubledecker.
______________________________________
Não sei por que, essa velha música me tomou de assalto a cabeça depois que soube que não foi seguida minha sugestão de colocar Guardiola na seleção brasileira. Não que eu seja uma voz da qual não se possa discordar, Chrissie que o diga. Mas por causa dele, Guardiola, nosso Pouca Telha, o mais brasileiro dos técnicos em todo o mundo mesmo sem jamais, que eu saiba, ter pisado no Brasil.
Boss me diz que minha sugestão era muito audaciosa para o conservadorismo dos dirigentes do futebol brasileiro. “O novo presidente da CBF tem mais de 80 anos”, ele me contou. E o velho?, perguntei. “Bem, ele tem mais de 80 processos por corrupção”, disse Boss.
E o nome é Big Phil, o Felipão. Conheço-o relativamente bem. Acompanhei o seu trabalho no Chelsea, do oligarca russo Ramon Abramovic, o homem que ganhou milhões de rublos quando milhões de russos caíram na pobreza e no álcool, nos anos 1990, com o desmantelamento da União Soviética e a aquisição suspeita de estatais por pessoas oriundas da KGB, como Abramovic.
Big Phil é um técnico que só ganha de Guardiola numa briga de rua. Fora daí, ele representa mais o futebol europeu que o brasileiro, com sua vocação para sistemas defensivos e feios. Não me agrada também em BP sua ética flexível: jamais me sai da cabeça a imagem dele jogando uma segunda bola no campo num ataque perigoso do adversário, para interromper a jogada.
Ele ganhou uma copa, é certo. Mas quem não ganharia com Ronaldo, Ronaldinho, Rivaldo e Roberto Carlos no apogeu? Até Capello, o trapalhão italiano que nos comandou na África do Sul sem falar inglês, teria sido campeão. Nosso único título, em 1966, quando eu era um menino que sonhava ser um astro do City sem ter futebol para tanto, é fruto de gênios como Bobby Moore e Bobby Charlton, e não do técnico Alf Ramsay.
Mas o pensamento convencional triunfou.
Ladies & Gentlemen: não foram apenas os brasileiros que perderam uma chance única de reencontrar seu futebol artístico com o treinador mais apto para isso. Todos nós perdemos, aqueles múltiplos, frustrados, saudosistas seres patéticos que, mundo afora, têm na fantasia uma seleção verde-amarela que atropela os adversários com o vigor do tube londrino e a beleza vermelha do nosso doubledecker.
______________________________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário