terça-feira, 30 de outubro de 2012

Por que o Furacão Sandy é resultado do aquecimento global


Sandy na noite de 28 de outubro, em foto de satélite


As mudanças climáticas funcionam como esteroides nos fenômenos. 33 mortos nos EUA, 69 no Caribe.

Por: Kiko Nogueira

Sandy, a tempestade tropical mais devastadora das últimas décadas, foi apelidada carinhosamente de Frankenstorm. Com ventos de 140 quilômetros por hora, cidades alagadas, mortos, desabrigados e alertas oficiais de catástrofe, ela colocou no olho do furacão, com o perdão do trocadilho, a questão do aquecimento global, assunto solenemente ignorado pelos candidatos a presidente (por ora, claro). As mudanças climáticas amplificam a intensidade e a duração dos fenômenos. Segundo a cientista americana Amanda Staudt, da Federação Nacional da Vida Selvagem, o aquecimento global funciona como “esteroides para furacões”.
Ou seja, o impacto de Sandy está sendo intensificado pelas temperaturas alteradas da atmosfera. O diretor da Seção de Análise do Clima do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas (NCAR em inglês, entidade acima de qualquer suspeita, bancada pelo governo americano e por empresas privadas), Kevin Trenberth, afirma que “as temperaturas da superfície do mar ao longo da costa do Atlântico têm subido mais de 3 graus Celsius acima do normal”. Ele continua: “O aquecimento global fornece um novo pano de fundo, no sentido de aumentar os riscos de furacões mais ativos”.
Mike Tidwell, diretor da Rede de Ação Climática de Maryland e autor do livro The Ravaging Tide (A Maré Devastadora), é taxativo. “Nós já aquecemos o planeta”, diz. “Todo mundo sabe disso. Todos concordam que os oceanos estão mais quentes? Que as temperaturas terrestres têm se elevado? Que há mais umidade no ar? A resposta é sim. Portanto, é impossível ter uma super-tempestade que não possua a impressão digital da mudança climática sobre ela.”
Sandy já matou pelo menos 69 pessoas no Caribe. Jamaica, Cuba, Bahamas, Haiti e República Dominicana foram atingidos. Os voos partindo do Brasil para a Costa Leste dos EUA foram cancelados. Trinta e três morreram nos Estados Unidos. O número de voos suspensos foi de 10 mil. O prejuízo é calculado entre 10 e 20 bilhões de dólares, talvez a catástrofe natural mais cara do país desde sempre. O metrô de Nova York foi paralisado pela segunda vez na história.
Sandy passará, mas pode haver estragos no futuro por causa do que alguns cientistas chamam “novo normal” das condições climáticas. E não só na América do Norte. Ou você achava que Sandy e Junior eram nosso maior desastre natural?
Selecionamos algumas imagens da tormenta. Como diz o poeta alemão Rainer Maria Rilke nas Elegias de Duíno: “Pois o belo apenas é o começo do terrível, que só a custo podemos suportar, e se tanto o admiramos é porque ele, impassível, desdenha destruir-nos. Todo Anjo é terrível.”


Em Havana


O que sobrou da montanha russa do Casino Pier, em Nova Jersey


Em Southampton, estado de Nova York


Uma das imagens da Nasa


Em Nova Jersey


Em Atlantic City


O Battery Park, em Nova York


A parede desmoronada de um prédio em Nova York


Os bombeiros tentam pôr ordem no caos


Times Square vazia


Em Miami, deu onda


Frankenstorm chegou…


… e Obama não foi poupado

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