sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Equador dá largada a corrida presidencial com Rafael Correa na liderança


Em janeiro de 2006, Rafael Correa tomou posse para seu segundo mandato; ele é favorito nas próximas eleições

A corrida eleitoral à Presidência do Equador começa nesta sexta-feira (19/10) com a abertura do período de inscrições de candidaturas. Em busca do terceiro mandato, Rafael Correa aparece como principal favorito ao pleito de 17 de fevereiro de 2013, com mais de 40% das intenções de voto.
O principal adversário do atual presidente deverá ser o empresário Guillermo Lasso, ex-presidente do Banco de Guayaquil. Lasso, que concorre pela primeira vez, é fortemente ligado ao ex-mandatário deposto Jamil Mahuad (1998-2000), ainda que tente passar a imagem de pertencer a uma corrente mais moderada.
Além deles, outros dois ex-chefes de Estado, ambos também depostos, foram anunciados não oficialmente na disputa: Lúcio Gutierrez (2003-2005) e Abdalá Bucaram (1996-1997) – que se encontra exilado no Panamá. O empresário Álvaro Noboa, considerado o “homem mais rico do país”, que tentará a eleição pela quinta vez, e um ex-apoiador de Correa, o ex-ministro de Energia e Minas Alberto Acosta, que participou da formulação da Revolução Cidadã, também devem entrar na disputa. 
Para Pablo Andrade, cientista político e coordenador de Estudos Latino-Americano da UASB (Universidade Andina Simón Bolívar), a campanha eleitoral que começa agora deverá se caracterizar pela polarização do eleitorado em dois grandes grupos: o do presidente Rafael Correa e de seus adversários. “No entanto, essa polarização não necessariamente implicará em uma divisão social forte ou agressiva entre as duas correntes”, afirma.
Pesquisa
A última pesquisa de opinião foi divulgada no dia 7 de outubro. De acordo com resultados do instituto Cedatos, realizado em 15 cidades com 2.330 pessoas, Correa seria reeleito com 44% dos votos contra 18% de Lasso. Eles são seguidos por Gutiérrez (6,9%), Acosta (6,5%), Noboa (2,3%) e Bucaram (1,3%). Dos entrevistados, 21% deles declararam que votariam em branco ou anulariam o voto. A margem de erro é de quatro pontos percentuais.
De acordo com o levantamento, 51% dos eleitores ainda estão indecisos. O principal problema do país apontado por eles é a insegurança (31%), seguido pelo desemprego (22%), custo de vida (15%) e desconfiança na justiça (12%).
Para Andrade, a tendência é que Rafael Correa vença a eleição ainda no primeiro turno. “Ele e seus aliados ocupam atualmente o centro das atenções. A divisão da direita junto com a intensa autopromoção do governo ao largo dos últimos anos é muito favorável para o presidente. Na direita, a candidatura com mais chances de crescer é a do PSP [de Gutierrez], mas só porque se trata de um partido mais bem organizado e de alcance nacional”.
Dissidência governista
Do outro lado da disputa, Andrade acredita que a dissidência de Acosta não deverá interferir no desempenho de Correa. “Ele certamente deverá crescer dentro de suas bases eleitorais e poderá também ganhar apoio em setores radicais da classe média urbana. Mas não deverá crescer a ponto de provocar um segundo turno.”
Correa, no entanto, tem sofrido problemas internamente, já que o PAIS ainda não confirmou sua pré-candidatura. Ela deverá ser confirmada após uma assembleia, a poucos dias do final do prazo de inscrições, em meados de novembro, como anunciou o chanceler Ricardo Patiño.
A razão, segundo Andrade, é que o PAIS passa por uma dissidência interna entre grupos com projetos muito diversos e cujo impasse não consegue ser resolvido sem a intervenção do próprio Correa. “Os mecanismos de seleção [do PAIS] para os candidatos ao Legislativo são inexistentes. Será o presidente em pessoa que vai escolher quem vive e quem desaparece no cenário eleitoral”, afirma.
Características
Esta eleição também colocará à prova as recentes mudanças feitas pelo governo Correa no Código da Democracia, que regula o trabalho da imprensa durante a eleição, obrigando-os a adotar uma posição de neutralidade. Segundo a lei, os meios de comunicação deverão “se abster de fazer uma promoção direta ou indireta que tenda a incidir contra ou a favor de determinado candidato, postulado, opiniões, preferências eleitorais ou teses políticas”. A corte constitucional do país determinou que eles até poderão opinar, porém nunca fazer promoção direta ou indireta de algum candidato.
Ao todo , 11 filiações partidárias apresentaram as condições necessárias para concorrer à disputa em nível nacional, após terem conseguido recolher 157 mil assinaturas. São elas a aliança PAIS (Pátria Altiva e Soberana), do presidente Rafael Correa, o movimento CREO (Criando Oportunidades), recém-criada frente de oposição liderada por Lasso, o PSP (Partido Sociedade Patriótica 21 de Janeiro), de Gutierrez, o PSC (Partido Social Cristão), o Prian (Partido Renovador Institucional de Ação Nacional), de Noboa, o MPD (Movimento Popular Democrático), o MUPP-ND (Movimento Unidade Plurinacional Pachacutik – Novo País), de Acosta, o PRE (Partido Roldosista Equatoriano), de Bucaram, o PS-FA (Partido Socialista – Frente Amplo), o Partido Avança e o Movimento Ruptura. Outras 38 filiações partidárias participarão da disputa em nível regional. Essa fase eleitoral foi afetada por um escândalo de falsificação de assinaturas. Elas tiveram de ser revisadas uma a uma pelo CNE, em um processo que resultou na anulação do Equipo, partido liderado pelo empresário Fabricio Correa, irmão do presidente. 
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