terça-feira, 2 de outubro de 2012

Em Santarém, um bom trabalho da prefeita Maria do Carmo.


Estudantes frequentam o Parque da Cidade para acessar a
internet e fazer pesquisas para seus trabalhos escolares. (Fotos: MDutra)

No Blog de Manuel Dutra

Uma das boas coisas que a prefeita de Santarém deixará ao final de seu segundo mandato é o Parque da Cidade, uma área de 2,6 quilômetros quadrados antes pertencente à União federal, sob a jurisdição da Força Aérea. Embora por outra necessidade urbana, os prefeitos de Belém poderiam seguir esse exemplo e negociar com as Forças Armadas as imensas áreas existentes na área de expansão da capital.
O hoje Parque público de Santarém fazia parte do antigo aeroporto da cidade, situado quase no centro da malha urbana. Os prefeitos de Belém poderiam seguir esse exemplo e negociar com as Forças armadas as imensas áreas existentes na área de expansão da capital, entravando grandemente o trânsito, entre outros transtornos.
Dispondo de uma trilha de 1.300 metros, a área de Santarém não é tão grande como as diversas que existem dentro do traçado urbano de Belém, aí incluído o Aeroclube do Pará que há muito já deveria ter sido transferido para outro local. O aeroclube e os latifúndios pertencentes à União/Forças Armadas são uma das causas principais do eterno engarrafamento do trânsito e da mobilidade urbana como um todo, impedindo o prosseguimento de importantes avenidas até Ananindeua e áreas de saída e entrada de Belém.


Trilhas sob a sombra ficam lotadas de manhã e no final da tarde

O Parque da Cidade tem 26 hectares, o que não é muito para uma idade que se espraia rapidamente, sede um município de 300 mil habitantes, cerca de 90% deles morando na cidade que recebe imigrantes de variadas latitudes. Para se ter uma ideia do tamanho da área, compare-se com o Bosque Rodrigues Alves, na Av. Almirante Barroso, em Belém, que tem 15 hectares, e com o Museu Goeldi, na Av. Nazaré, com seus 5 hectares.
Queixa-se muito do aumento do calor, dado o frenético ataque ao verde que antes caracterizava a cidade. Como ocorre em quase todos os núcleos urbanos do interior do País, o concreto e o asfalto vão estupidamente substituindo as áreas verdes remanescentes.
Daí que a iniciativa do Parque poderia servir também de ponto de partida para um programa permanente de educação urbana, a fim de que todos compreendam que o progresso supõe a convivência com a natureza, sob pena de adoecermos, como acontece.
Igualmente a Câmara de Vereadores deve aprovar uma lei que impeça quaisquer outras construções dentro do Parque, como infelizmente já se verifica. Ali deve permanecer um santuário natural e não lugar disponível para a construção de secretarias ou outras obras, mesmo que venham com o rótulo de "educação ambiental".
Até a Feira do Livro já se realizou lá dentro, com a colocação de um enorme galpão. A população, por meio de suas forças mais atuantes, deve impedir a transformação do Parque em uma espécie de "esplanada dos ministérios". Ali é lugar de passeio, exercícios físicos, contemplação da natureza.


Um trecho da quilométrica trilha

Por isso, uma iniciativa como a da prefeita Maria do Carmo deveria ser o embrião de uma nova mentalidade com vistas à humanização da vida urbana, com a convivência do "progresso" junto à natureza. Fala-se muito em qualidade de vida, mas os políticos não sabem o que isso significa, falam a esmo. O excesso de calor, asfaltamento inadequado, falta de saneamento, tudo isso leva multidões aos prontos-socorros e hospitais. Costuma-se ligar a arborização apenas ao "embelezamento" das cidades, sem aludir à necessidade humana dessa beleza e dessa utilidade no resfriamento do calor amazônico.
Na Amazônia, a natureza foi sábia ao disseminar bilhões de árvores que servem de anteparo ao natural calor e à umidade tropicais. Os seres humanos, burros, fazem o contrário: tiram as árvores e colocam cimento. Depois adoecem. Nos discursos de campanha, em Belém, por exemplo, não ouvi até agora sequer um candidato fazendo essa ligação entre ambiente devastado e doença. Falam apenas na construção de tantos e quantos postos de saúde e hospitais. Nas condições da capital paraense, não haverá hospitais suficientes para uma população doente em virtude da permanente agressão ambiental. O doente vai ao hospital, toma-se o remédio receitado e retorna para as mesmas condições desumanas onde vive. Para adoecer de novo.


A entrada do Parque


A despeito dos benefícios do Parque, no centro da malha urbana,
esta foto de Anísio Quincó mostra muito bem como Santarém está desarborizada e por isso cada dia mais quente Última Foto: Anísio Quincó/Blog do Jeso / 12/5/2010
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