Bissonnette
E a trilogia 50 Tons de Cinza acaba de ser removida do topo da lista dos livros mais vendidos da Amazon.
Sem sequer ter sido lançado.
Você tem que comprar adiantado. O novo número 1 só sai no dia 4 de setembro.
Se você lê o nome do autor, não vai entender o que aconteceu. Mark Owen. Quer dizer, este é o pseudônimo de Matt Bissonnette, 36 anos, americano que vive no Alasca.
Mas se você sabe o assunto, tudo se encaixa: Bissonnette era um dos homens do grupo especial militar americano que executou bin Laden. “No Easy Day”, ou “Um Dia Nada Fácil”, é o relato dele da execução.
O livro já virou manchete nos Estados Unidos. Bisonnette, que já se retirou das forças armadas americanas, não consultou ninguém antes de escrever o livro, tarefa em que teve a ajuda de um jornalista. A Casa Branca não foi ouvida, e nem o Pentágono e nem ninguém. Isso significa que ele pode entrar em apuros legais, caso o governo decida que informações confidenciais vazaram.
O que torna o debate mais nervoso é que a história de Bissonnette desmente a versão oficial da Casa Branca. Segundo Washington, os homens que chegaram à casa em que bin Laden vivia no Paquistão só atiraram depois que ele, ao ver os invasores, tentou ir para um quarto para, presumivelmente, buscar arma.
Bissonnette – o noticiário deriva da agência de notícias AP, que conseguiu uma cópia antecipada do livro — diz que não foi assim. Bin Laden, segundo ele, estava desarmado quando foi objeto instantaneamente de um fuzilamente dos militares americanos.
Duas mulheres que moravam na casa surgiram na sala e tentaram socorrer bin Laden. Foram afastadas dele, no chão, cravejado de balas. Ele ainda se mexia, e então veio uma nova saraivada de balas.
Pronto.
Estava concluída a “missão militar mais importante da história contemporânea dos Estados Unidos”, segundo Bissonnette. Eram homens fortemente armados, e num número tão elevado que não couberam em um só helicóptero, mas dois. Mataram, de surpresa, um homem velho e desarmado: eis o heroísmo à americana em nossos dias. “Onde foram parar os caubóis?”, como meu amado Tio Lau me disse quando contei a ele o caso.
Bissonnette com certeza vai ser um alvo dos militantes islâmicos extremistas. Não terá sossego o resto da vida. O objetivo inicial era protegê-lo com o pseudônimo, mas a Fox News conseguiu e deu o nome verdadeiro.
Seus colegas de execução se sentiram traídos. Entre as especulações, figura a de que ele deseja tirar os louros de Obama pela morte de bin Laden, às vésperas das eleições presidenciais. Bissonnette não seria exatamente fã de Obama.
De toda forma: é altamente relevador do espírito americano moderno que o maior feito de um presidente ao longo de todo um mandato seja o fuzilamento, por um grupo de elite, de um homem desarmado.
Me vem à mente uma grande cena de Butch Cassidy. Butch e Sundance, já quase mortos, estão cercados por uma multidão de soldados na Bolívia. Não param de chegar reforços na caça a eles. Uma hora um sargento ou general pergunta ao homem que clamava freneticamente por socorro: “Quantos são?” A resposta, cândida e imediata, o desconcerta: “Dois.”
Agora era um.
Como disse meu Tio Lau, onde foram parar os caubóis?
Sem sequer ter sido lançado.
Você tem que comprar adiantado. O novo número 1 só sai no dia 4 de setembro.
Se você lê o nome do autor, não vai entender o que aconteceu. Mark Owen. Quer dizer, este é o pseudônimo de Matt Bissonnette, 36 anos, americano que vive no Alasca.
Mas se você sabe o assunto, tudo se encaixa: Bissonnette era um dos homens do grupo especial militar americano que executou bin Laden. “No Easy Day”, ou “Um Dia Nada Fácil”, é o relato dele da execução.
O livro já virou manchete nos Estados Unidos. Bisonnette, que já se retirou das forças armadas americanas, não consultou ninguém antes de escrever o livro, tarefa em que teve a ajuda de um jornalista. A Casa Branca não foi ouvida, e nem o Pentágono e nem ninguém. Isso significa que ele pode entrar em apuros legais, caso o governo decida que informações confidenciais vazaram.
O que torna o debate mais nervoso é que a história de Bissonnette desmente a versão oficial da Casa Branca. Segundo Washington, os homens que chegaram à casa em que bin Laden vivia no Paquistão só atiraram depois que ele, ao ver os invasores, tentou ir para um quarto para, presumivelmente, buscar arma.
Bissonnette – o noticiário deriva da agência de notícias AP, que conseguiu uma cópia antecipada do livro — diz que não foi assim. Bin Laden, segundo ele, estava desarmado quando foi objeto instantaneamente de um fuzilamente dos militares americanos.
Duas mulheres que moravam na casa surgiram na sala e tentaram socorrer bin Laden. Foram afastadas dele, no chão, cravejado de balas. Ele ainda se mexia, e então veio uma nova saraivada de balas.
Pronto.
Estava concluída a “missão militar mais importante da história contemporânea dos Estados Unidos”, segundo Bissonnette. Eram homens fortemente armados, e num número tão elevado que não couberam em um só helicóptero, mas dois. Mataram, de surpresa, um homem velho e desarmado: eis o heroísmo à americana em nossos dias. “Onde foram parar os caubóis?”, como meu amado Tio Lau me disse quando contei a ele o caso.
Bissonnette com certeza vai ser um alvo dos militantes islâmicos extremistas. Não terá sossego o resto da vida. O objetivo inicial era protegê-lo com o pseudônimo, mas a Fox News conseguiu e deu o nome verdadeiro.
Seus colegas de execução se sentiram traídos. Entre as especulações, figura a de que ele deseja tirar os louros de Obama pela morte de bin Laden, às vésperas das eleições presidenciais. Bissonnette não seria exatamente fã de Obama.
De toda forma: é altamente relevador do espírito americano moderno que o maior feito de um presidente ao longo de todo um mandato seja o fuzilamento, por um grupo de elite, de um homem desarmado.
Me vem à mente uma grande cena de Butch Cassidy. Butch e Sundance, já quase mortos, estão cercados por uma multidão de soldados na Bolívia. Não param de chegar reforços na caça a eles. Uma hora um sargento ou general pergunta ao homem que clamava freneticamente por socorro: “Quantos são?” A resposta, cândida e imediata, o desconcerta: “Dois.”
Agora era um.
Como disse meu Tio Lau, onde foram parar os caubóis?
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