segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Neil Armstrong é uma das figuras mais superestimadas do mundo moderno



Por Paulo Nogueira

Vamos colocar assim: herói é Leônidas, o general espartano que morreu gloriosamente na Batalha de Termópilas para salvar sua pátria do ataque dos persas.
Recentemente Leônidas foi relembrado no filme “Os 300 de Esparta”. Eram 300 espartanos contra milhares de persas, mas eles conseguiram, sob Leônidas, bloquear os inimigos em Termópilas até que as forças gregas se reagrupassem para depois, enfim, derrotá-los. Todos morreram. Diante da ameaça dos persas de cobrir o céu com suas flechas, Leônidas respondeu: “Então combateremos na sombra”.
Faço este introito para notar o exagero no tom das homenagens a Neil Armstrong, o astronauta americano que pisou na lua em 1969.
Herói?
Queria entender por quê. Armstrong pisou na lua. Ponto. Não fez nem mais e nem menos do que seu ofício mandava que fizesse.
Ninguém foi salvo porque ele andou na lua. Heróis, nem que sejam de mentirinha, como o Batman, salvam.
Lembremos.
A Corrida Espacial durante a qual Armstrong virou celebridade foi um desdobramento espalhafatoso e estratosférico da Guerra Fria em que estavam metidos os Estados Unidos e a falecida União Soviética.
O objetivo de americanos e soviéticos era um só: mostrar a superioridade de seu regime. Não havia nenhuma intenção de fazer bem à humanidade. Era um torneio de exibicionismo doentio das duas superpotências. Foi provavelmente a campanha publicitária mais cara e inútil da história da humanidade. Dois concorrentes bradavam, como se fossem Coca e Pepsi: “Sou melhor!” Gastou-se um dinheiro absurdo que teria sido muito mais bem utilizado para mitigar a miséria em regiões do mundo como a África.


Este sim foi herói

E no final foi um combate de derrotados. A União Soviética quebrou. Os Estados Unidos estão quebrados. Os gastos astronômicos espaciais contribuíram para o declínio dos rivais.
Herói é uma palavra preciosa demais para ser utilizada frivolamente. Quando tantos são heróis é porque quase ninguém é.
Neil Armstrong foi um astronauta. Andou na lua, como você anda pelas dependências da empresa em que trabalha.
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