Marina Silva com Ban ki moon, secretário geral da ONU (Foto: Treici Schwengber)
POR BOB FERNANDES, DIRETO DE LONDRES.
Marina Silva dispensa maiores apresentações. Isso ficou claro no convite para desfilar com a bandeira olímpica na cerimônia de abertura dos Jogos de Londres 2012. Convite feito pelo diretor do espetáculo, Danny Boyle.
Com a bandeira olímpica a ex-ministra do Meio Ambiente caminhou ao lado de seletíssima companhia: Daniel Barenboim,Sally Becker, Shami Chakrabati, Leymah Gbowee, Haile Gebrselassie, Doreen Lawrence, Ban Ki-moon, e de Muhammad Ali.
Todos eles, de uma ou outra maneira, engajados e representantes de uma causa importante para o mundo.
No meio da tarde deste sábado de verão londrino, Marina Silva conversou com este blogueiro.
Na conversa abaixo, os detalhes do convite-surpresa feito no ultimo domingo, 22.
Conversa entremeada por momentos de emoção de Marina ao contar sobre o que pensou enquanto caminhava pelo estádio olímpico.
-Quando você recebeu o convite?
-Eu estava em Cajamar, no interior de São Paulo no domingo passado, quando a produção do Danny Boyle, o diretor do espetáculo de abertura das Olimpiadas, ligou para minha assessoria. A princípio, me perguntaram se eu cederia minha imagem para a festa de abertura…começou assim.
-E como evoluiu?
Na terça-feira eles ligaram e disseram que não era só aquilo e perguntaram se eu poderia vir para Londres, que se eu pudesse talvez eu tivesse que vir para cá. Mais não me disseram porque a festa seria uma surpresa para o mundo todo, mas ficou claro que seria alguma coisa importante, não apenas o uso da imagem…Como eu disse que poderia vir, então eles foram mais claros, disseram que, nesse caso, eu teria que estar em Londres na quarta-feira…
-Qual sua sensação ao receber o convite definitivo, ao entender do que se tratava?
-Sensação de gratidão, alegria e responsabilidade. Gratidão a Deus, a minha família e ao meu país, por essas razões todas. De alegria porque representa o Brasil, a causa da defesa da floresta, da sustentabilidade, a causa ambiental. O Brasil é o país que tem as melhores condições para quebrar os paradigmas e fazer o que é preciso fazer pelo planeta. Esse convite é um reconhecimento disso…E sensação de responsabilidade porque isso é a representação de uma causa que não é só minha, nem é só do Brasil, é uma causa do mundo todo…
-Não foi um convite apenas para sua pessoa…
-Não, foi antes de tudo o reconhecimento do Brasil como potência ambiental do mundo.
-E na hora em que você entrou no estádio olímpico para o desfile com a bandeira, qual a sensação?
-Foi uma emoção muita intensa…muitas coisas. Me lembrei de um texto do Frei Beto em que ele fala do Pai Nosso. Do Pai Nosso que nos recorda que somos todos irmãos, assim como o pão nosso significa o ato de estarmos juntos, de compartilharamos juntos o alimento, o planeta…. não importando se judeus, cristãos, muçulmanos… somos todos irmãos, aquele era o simbolismo daquelas nove pessoas que desfilaram com a bandeira olímpica…
-E como foi ali na hora, vocês sabiam antes o que aconteceria?
-Foi tudo uma supresa. Só duas horas antes soubemos da presença do Muhammad Ali…
-E quando começou…
-Foi uma sensação de paz e de alegria, também de orgulho quando passamos em frente ao palanque das autoridades…
Marina Silva com Leymah Gbowee, a Prêmio Nobel da Paz (Foto: Treici Schwengber)
-Onde estava a rainha…
-Estavam a rainha e as autoridades do mundo todo…ali pensei em Deus e nos brasileiros, pensei no simbolísmo de ali estarem duas mulheres, eu a e presidente Dilma, representando todo o povo brasileiro, e isso sem importar se é da oposição, se é da situação. Era a representação do Brasil em duas mulheres…
-Qual a sensação do tempo ali? Às vezes parece que é tudo muito rápido, às vezes parece que não acaba nunca…
-Foi uma fusão de tempos e de imagens….(voz embargada)…
-Por que, no que você pensou?
-Pensei…pensei no seringal, onde tudo começou, pensei no Chico Mendes, no Acre, no povo brasileiro….pensei no meu pai, que tem 85 anos….(interrupção, Marina se emociona e chora…) meu pai que sempre, além de ouvir a Hora do Brasil, sempre sintonizou o rádio para ouvir a BBC de Londres….a vida inteira fez isso…pensei nele lá na nossa terra vendo tudo isso…
-Sim…
-Pensei na responsabilidade e de um legado, que não era a Marina, era uma causa, e uma causa que não é só do Brasil…
-E quando acabou?
-Quando acabou nós ficamos confraternizando…e me disseram que eu ficasse com a roupa que usei… (risos).
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Com a bandeira olímpica a ex-ministra do Meio Ambiente caminhou ao lado de seletíssima companhia: Daniel Barenboim,Sally Becker, Shami Chakrabati, Leymah Gbowee, Haile Gebrselassie, Doreen Lawrence, Ban Ki-moon, e de Muhammad Ali.
Todos eles, de uma ou outra maneira, engajados e representantes de uma causa importante para o mundo.
No meio da tarde deste sábado de verão londrino, Marina Silva conversou com este blogueiro.
Na conversa abaixo, os detalhes do convite-surpresa feito no ultimo domingo, 22.
Conversa entremeada por momentos de emoção de Marina ao contar sobre o que pensou enquanto caminhava pelo estádio olímpico.
-Quando você recebeu o convite?
-Eu estava em Cajamar, no interior de São Paulo no domingo passado, quando a produção do Danny Boyle, o diretor do espetáculo de abertura das Olimpiadas, ligou para minha assessoria. A princípio, me perguntaram se eu cederia minha imagem para a festa de abertura…começou assim.
-E como evoluiu?
Na terça-feira eles ligaram e disseram que não era só aquilo e perguntaram se eu poderia vir para Londres, que se eu pudesse talvez eu tivesse que vir para cá. Mais não me disseram porque a festa seria uma surpresa para o mundo todo, mas ficou claro que seria alguma coisa importante, não apenas o uso da imagem…Como eu disse que poderia vir, então eles foram mais claros, disseram que, nesse caso, eu teria que estar em Londres na quarta-feira…
-Qual sua sensação ao receber o convite definitivo, ao entender do que se tratava?
-Sensação de gratidão, alegria e responsabilidade. Gratidão a Deus, a minha família e ao meu país, por essas razões todas. De alegria porque representa o Brasil, a causa da defesa da floresta, da sustentabilidade, a causa ambiental. O Brasil é o país que tem as melhores condições para quebrar os paradigmas e fazer o que é preciso fazer pelo planeta. Esse convite é um reconhecimento disso…E sensação de responsabilidade porque isso é a representação de uma causa que não é só minha, nem é só do Brasil, é uma causa do mundo todo…
-Não foi um convite apenas para sua pessoa…
-Não, foi antes de tudo o reconhecimento do Brasil como potência ambiental do mundo.
-E na hora em que você entrou no estádio olímpico para o desfile com a bandeira, qual a sensação?
-Foi uma emoção muita intensa…muitas coisas. Me lembrei de um texto do Frei Beto em que ele fala do Pai Nosso. Do Pai Nosso que nos recorda que somos todos irmãos, assim como o pão nosso significa o ato de estarmos juntos, de compartilharamos juntos o alimento, o planeta…. não importando se judeus, cristãos, muçulmanos… somos todos irmãos, aquele era o simbolismo daquelas nove pessoas que desfilaram com a bandeira olímpica…
-E como foi ali na hora, vocês sabiam antes o que aconteceria?
-Foi tudo uma supresa. Só duas horas antes soubemos da presença do Muhammad Ali…
-E quando começou…
-Foi uma sensação de paz e de alegria, também de orgulho quando passamos em frente ao palanque das autoridades…
Marina Silva com Leymah Gbowee, a Prêmio Nobel da Paz (Foto: Treici Schwengber)
-Onde estava a rainha…
-Estavam a rainha e as autoridades do mundo todo…ali pensei em Deus e nos brasileiros, pensei no simbolísmo de ali estarem duas mulheres, eu a e presidente Dilma, representando todo o povo brasileiro, e isso sem importar se é da oposição, se é da situação. Era a representação do Brasil em duas mulheres…
-Qual a sensação do tempo ali? Às vezes parece que é tudo muito rápido, às vezes parece que não acaba nunca…
-Foi uma fusão de tempos e de imagens….(voz embargada)…
-Por que, no que você pensou?
-Pensei…pensei no seringal, onde tudo começou, pensei no Chico Mendes, no Acre, no povo brasileiro….pensei no meu pai, que tem 85 anos….(interrupção, Marina se emociona e chora…) meu pai que sempre, além de ouvir a Hora do Brasil, sempre sintonizou o rádio para ouvir a BBC de Londres….a vida inteira fez isso…pensei nele lá na nossa terra vendo tudo isso…
-Sim…
-Pensei na responsabilidade e de um legado, que não era a Marina, era uma causa, e uma causa que não é só do Brasil…
-E quando acabou?
-Quando acabou nós ficamos confraternizando…e me disseram que eu ficasse com a roupa que usei… (risos).
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