Devastador como um peso pesado e rápido como um peso leve
Jesse Owens? Mark Spitz? Nadia Comaneci?
Na BBC corre uma competição paralela: qual foi o maior atleta olímpico?
Procuro um nome entre os candidatos e não encontro. Teofilo Stevenson, o peso pesado cubano que ganhou o ouro em três Olimpíadas distintas: Munique 72, Montreal 76 e Moscou 80.
Tinha tudo para ganhar a quarta, em Los Angeles 84, mas Cuba decidiu seguir o boicote russo aos Jogos. Mas veja. O vencedor em Los Angeles foi o americano Tyrrel Biggs, posteriormente um profissional de sucesso. Antes, em outras disputas, Stevenson bateu Biggs duas vezes. (No final deste artigo, o vídeo de uma das vitórias.)
Stevenson lembrava Muhammad Ali não apenas no físico, mas também no estilo. Ele combinava a potência de um peso pesado – sua direita era devastadora – com a agilidade de um peso leve.
Até Stevenson, as Olimpíadas costumavam ser um trampolim para pugilistas americanos. Ali, então Cassius Clay, ganhou o ouro em Roma 60 (na categoria meio pesado). Joe Frazier despontou em Tóquio 64. George Foreman na Cidade do México 68. Stevenson acabou com a fábrica americana de campeões mundiais de pesos pesados.
Jamais se profissionalizou. Teria que deixar Cuba para isso, e jamais quis. No seu ápice, os dirigentes do boxe tentaram atraí-lo para o que seria uma luta dos sonhos: um duelo entre ele e Muhammad Ali.
Rechaçou uma oferta de 5 milhões de dólares em dinheiro da época, o que seria algumas dezenas hoje. Aos que não conseguiram entender seu gesto, entre os quais me incluo, respondeu: “O que é um milhão de dólares comparado com o amor de 8 milhões de cubanos?”
Stevenson não se deixou iludir pela montanha de dinheiro. Conhecia bem o fim miserável de muitos lutadores americanos que ganharam bolsas milionárias, como Sonny Liston. (O próprio Joe Frazier, o maior dos adversários de Ali, morreu na pobreza, esquecido por todos os que o adularam no fausto e amargurado em triste isolamento numa academia modesta para boxeadores.)
Stevenson se beneficiou da ligação de Cuba com os russos. Ele treinou sob um dos técnicos de pugilismo mandados por Moscou a Cuba depois da Revolução de Fidel.
Onde ele teria ido como profissional? Numa das Olimpíadas em que Stevenson levou o ouro, George Foreman trabalhou como comentarista para uma tevê americana. “Ele teria sido campeão, com certeza”, disse Foreman quando o locutor especulou com ele sobre Stevenson. “Nunca vi ninguém como ele, no amadorismo ou no profissionalismo.”
Stevenson morreu de enfarte, há poucos meses, aos 60 anos, em sua Cuba, na qual levou uma vida de confortável simplicidade, longe do universo que alça aos céus o campeão do dia e depois o joga no lixo para celebrar o novo campeão.
Foi enterrado com honra de herói, as medalhas de ouro rutilantes em seu peito no esquife modesto – o homem que pôs fim à hegemonia olímpica americana na categoria mais nobre do pugilismo, um dos maiores nomes das Olimpíadas em todos os tempos, se não o maior.
Procuro um nome entre os candidatos e não encontro. Teofilo Stevenson, o peso pesado cubano que ganhou o ouro em três Olimpíadas distintas: Munique 72, Montreal 76 e Moscou 80.
Tinha tudo para ganhar a quarta, em Los Angeles 84, mas Cuba decidiu seguir o boicote russo aos Jogos. Mas veja. O vencedor em Los Angeles foi o americano Tyrrel Biggs, posteriormente um profissional de sucesso. Antes, em outras disputas, Stevenson bateu Biggs duas vezes. (No final deste artigo, o vídeo de uma das vitórias.)
Stevenson lembrava Muhammad Ali não apenas no físico, mas também no estilo. Ele combinava a potência de um peso pesado – sua direita era devastadora – com a agilidade de um peso leve.
Até Stevenson, as Olimpíadas costumavam ser um trampolim para pugilistas americanos. Ali, então Cassius Clay, ganhou o ouro em Roma 60 (na categoria meio pesado). Joe Frazier despontou em Tóquio 64. George Foreman na Cidade do México 68. Stevenson acabou com a fábrica americana de campeões mundiais de pesos pesados.
Jamais se profissionalizou. Teria que deixar Cuba para isso, e jamais quis. No seu ápice, os dirigentes do boxe tentaram atraí-lo para o que seria uma luta dos sonhos: um duelo entre ele e Muhammad Ali.
Rechaçou uma oferta de 5 milhões de dólares em dinheiro da época, o que seria algumas dezenas hoje. Aos que não conseguiram entender seu gesto, entre os quais me incluo, respondeu: “O que é um milhão de dólares comparado com o amor de 8 milhões de cubanos?”
Stevenson não se deixou iludir pela montanha de dinheiro. Conhecia bem o fim miserável de muitos lutadores americanos que ganharam bolsas milionárias, como Sonny Liston. (O próprio Joe Frazier, o maior dos adversários de Ali, morreu na pobreza, esquecido por todos os que o adularam no fausto e amargurado em triste isolamento numa academia modesta para boxeadores.)
Stevenson se beneficiou da ligação de Cuba com os russos. Ele treinou sob um dos técnicos de pugilismo mandados por Moscou a Cuba depois da Revolução de Fidel.
Onde ele teria ido como profissional? Numa das Olimpíadas em que Stevenson levou o ouro, George Foreman trabalhou como comentarista para uma tevê americana. “Ele teria sido campeão, com certeza”, disse Foreman quando o locutor especulou com ele sobre Stevenson. “Nunca vi ninguém como ele, no amadorismo ou no profissionalismo.”
Stevenson morreu de enfarte, há poucos meses, aos 60 anos, em sua Cuba, na qual levou uma vida de confortável simplicidade, longe do universo que alça aos céus o campeão do dia e depois o joga no lixo para celebrar o novo campeão.
Foi enterrado com honra de herói, as medalhas de ouro rutilantes em seu peito no esquife modesto – o homem que pôs fim à hegemonia olímpica americana na categoria mais nobre do pugilismo, um dos maiores nomes das Olimpíadas em todos os tempos, se não o maior.
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