Eles anunciaram e cumpriram.
Dezenas de militares da reserva se reuniram na tarde desta quinta-feira (29), no Círculo Militar, Rio de Janeiro, para comemorar o golpe militar de 1964, chamado pelos autores de “revolução”. Em protesto, militantes indignados com o fato se reuniram em um ato no local. Saldo: um militante preso e dois feridos após um conflito entre jovens e militares em pleno século 21, quando o mundo, em especial a América Latina, vive sua verdadeira revolução social
O ato foi organizado por diversos movimentos de juventude, ligados
aos partidos políticos, como a União da Juventude Socialista no estado
(UJS-RJ), do PCdoB; jovens do PT, Psol, PDT, entre outras; militantes de
direitos humanos e parentes de vítimas da ditadura.
Cerca de 350 pessoas reunidas em frente na esquina da Avenida Rio Branco com Rua Santa Luzia, na
Cinelândia, recebiam os militares com gritos
como “assassino”, “covarde” e “torturador”.
Nas ruas próximas, vários cartazes com frases como "Ditadura não é
revolução", "Onde estão nossos mortos e desaparecidos do Araguaia?",
além de fotografias de desaparecidos durante os anos de chumbo. Para
representar o sangue derramado durante a ditadura, manifestantes
derramaram um balde de tinta vermelha nas escadarias do Clube Militar.
Um dos militares revidou, tomando o celular das mãos de um
manifestante, que também reagiu. Houve empurra-empurra e o estudante de
Ciências Sociais Antônio Canha, de 20 anos, acabou sendo atingido por um
tiro de descarga elétrica de uma pistola Taser, usada pela tropa de
choque da PM. No momento em que foi colocado
dentro do camburão, várias pessoas tentaram impedir, cercando o
veículo.
A PM, então, usou spray de pimenta para dispersar a aglomeração. Os
manifestantes responderam fechando a Avenida Rio Branco por dez minutos.
“A ditadura não acabou, na PM também tem torturador”, gritavam os
manifestantes revidando ao gás de pimenta. Foi quando novamente os
policiais agiram arremessando bombas de efeito moral, cujos estilhaços
feriram na barriga a manifestante Miriam Caetano, de 33 anos.
Os militares, que assistiam ao debate "1964 - A Verdade", ficaram
sitiados no prédio do Clube Militar, na Cinelândia. Após o término do
evento, quando tentaram sair, o prédio estava cercado pelos
manifestantes. Em pequenos grupos, os militares deixaram o lugar por uma
porta lateral, na rua Santa Luzia, escoltados pela PM até uma estação
de metrô próxima ou até um táxi.
Repercussão no Twitter
Diversos militantes tuitavam enquanto estavam no conflito. “O ato
virou uma batalha campal no centro da cidade! O babaca do Bolsonaro
ficou acenando da janela durante a confusão”, exclamou no Twitter Flávia
Calé, presidente da União da Juventude Socialista (UJS) no Rio de
Janeiro, referindo-se ao deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), presente nas
comemorações da chamada “revolução”.
Outros internautas lamentaram e se surpreenderam com o enfoque dado pela grande mídia, como em O Globo "O que era para ser uma simples comemoração do Golpe de 64" . "Sério, "O Globo" escreveu isso: "uma simples comemoração" do golpe de 64. caramba!!!!", postou a jornalista Nina Lemos
______________________________________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário