quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
O poder dos fazendeiros e jagunços do MS
Índios protestam por direito ao uso de terra em áreas de conflito em Mato Grosso do Sul. Foto: Cimi
(Carta Capital) Vem aí a versão rural das UPP’s
Os morros urbanos do Rio de Janeiro não são os únicos lugares do Brasil que precisam ser ocupados pelo poder público.
O Mato Grosso do Sul acaba de nos dar um exemplo claríssimo de que, em várias regiões do País, quem manda não é o governo. Faz a lei quem tem mais dinheiro. E jagunços.
Ao sair das comunidades, Paulo Maldos e sua equipe foram cercados por jagunços, que pediram o documento de todos os que estavam na comitiva (e repare aqui a inversão de valores: homens armados pediram os documentos a uma autoridade pública nacional). Segundo a Presidência declarou ao jornal Folha de S. Paulo, os jagunços fotografaram, filmaram e xingaram os índios que acompanhavam Paulo Maldos.
“Tinha gente protegida sendo filmada. Eles demoraram para entender que a Presidência da República e a Força Nacional de Segurança estavam presentes no local. Eu saio daqui preocupado com a segurança dos indígenas e adverti a ele (o jagunço) que, se algo ocorresse com as pessoas filmadas, ele seria investigado”, disse Maldos, ao O Globo.
Integrantes da Força Nacional de Segurança foram chamados à região para escoltar a comitiva do governo. Após vários atos de intimidação, o enviado da Presidência conseguiu seguir viagem para Dourados, maior cidade da região.
É claro que o Mato Grosso do Sul não é um estado totalmente dominado por milícias de fazendeiros que se consideram acima da lei. Mas lá, sobretudo na região de Amambaí, o poder público, quando chega, é intimidado.
A região, como outros lugares do território nacional, transformou-se ao longo dos anos em grandes zona de exclusão judiciária e da autoridade pública. Se o poder público é ameaçado, imagine os índios que lutam pelo direito de viver em suas terras ancestrais.
Daqui a pouco vão precisar instalar UPPs, as unidades de polícia pacificadora, entre uma fazenda e outra para o poder público poder visitar as localidades.
O caso da comitiva de Paulo Maldos é só mais um, e certamente não será o último.
Ou o Estado traça um plano para se fixar, de vez, no local e se colocar à frente dos interesses particulares locais, ou noticiaremos eternamente casos obtusos como esse. E sem índios para contar a história.
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