Por Paulo Nogueira
Quero muito ver “The Iron Lady”, o filme em que Maryl Streep faz Margareth Thatcher.
Estava vendo agora Meryl Streep na televisão falando sobre o papel enquanto passavam cenas do filme. Tenho um interesse particular por Thatcher. Em meus anos de jornalismo econômico, na década de 1980, ela foi uma figura de proporções épicas. Com suas privatizações, com suas vitórias aniquiladoras sobre os sindicatos, com sua pregação poderosa sobre as virtudes de um mercado livre de qualquer regulamentação e os defeitos do socialismo, Thatcher em determinado momento pareceu representar a resposta para todos os problemas da economia em escala global.
Faça o que a Thatcher faz e tudo se resolverá. Era assim que o mundo parecia pensar, eu incluído.
Vinte e dois anos depois da queda de Thatcher, está claro que o que pareciam ser respostas se revelaram, com o tempo, problemas. A assustadora crise econômica dos dias de hoje é uma prova disso.
Thatcher favoreceu amplamente o “1%” da população, para usar a terminologia consagrada pelo movimento Ocupe Wall Street. Os “99%” foram desprezados.
Numa visão positiva, o argumento é que a elite financeira geraria tanta riqueza que isso acabaria beneficiando os demais 99%.
Mas a natureza humana é imperfeita. O que acabou acontecendo é que os ricos se transformaram em super-ricos – e não distribuíram nada. Guardaram no bolso o dinheiro ganho com as vantagens que o modelo thatcherista lhes trouxe.
A revolta que se vê hoje é fruto disso.
Thatcher não está vendo as consequências desastrosas de sua gestão. Ela sofre de demência, e vive num mundo particular no qual seu falecido marido Dennis ainda está presente para fazer o que sempre fez: ampará-la.
Portanto ela não verá também o filme.
Mas eu sim, tão logo saia.
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