terça-feira, 6 de dezembro de 2011

COP17: o veto dos EUA ao futuro

A direita norte-americana que já teve sucesso em implodir a primeira fase do Protocolo de Kioto, ao desautorizar no Congresso o governo Clinton, que apoiava o acordo; deu as cartas da diplomacia ambiental no período Bush e, tudo indica, continua a comandar a agenda do meio-ambiente no mandato de Barak Obama. Em Durban, na COP 17, onde 15 mil delegados de 195 países tentam redesenhar o formato de Kioto pós-2012 -para que não se repita o fracasso da 1ª fase-- a delegação que representa Obama age como se fosse porta-voz do conservadorismo republicano mais retrógrado. Partem dos EUA os obstáculos, vetos e dissimulações que comprometem a formatação legal do novo documento; esvaziam o seu lastro de financiamento e inutilizam as metas de redução de emissões de CO2 para próxima década.
Os EUA rejeitam um protocolo que inclua qualquer acordo vinculante até 2015, ou seja, que tenha a força de lei; defendem que as ações e controles sejam voluntários até 2020; propõem reduzir em 4% suas emissões nesse prazo, tendo 1990 como base, mas sem etapas intermediárias fiscalizáveis. É como deixar o planeta uma década a mais nas mãos do bushismo e só depois conferir no que deu.
Finalmente, a delegação norte-americana desconversa cada vez que é cobrada do compromisso assumido em Copenhague, em 2009, de criação de um Fundo Verde de US$ 100 bi compensações ambientais às nações em desenvolvimento. Se Obama não cotiza, ninguém mais o fará.
A sociedade norte-americana representa hoje, de longe, a maior ameaça ao aquecimento do clima. Sua emissão média é de 16,9 toneladas de CO2 por habitante/ano. Significa que cada norte-americano sozinho emite mais que um chinês e um europeu juntos (respectivamente 6,8 t/per capita/ano e 8,1 t/per capita/ano).
A COP Durban termina nesta 6ª feira. Desde já, porém, reafirma conflitos que, mais uma vez, vinculam a possibilidade de futuro à superação de uma lógica de mercado imperial que empurra a humanidade a um beco sem saída.
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