sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Genro de Jatene ganha quase igual a um desembargador

No Blog da Perereca

O Sindicato dos Urbanitários confirmou a informação de um anônimo na caixinha da postagem “o fator Izabela e o abalo estrutural do Governo do Pará”: o engenheiro Ernani Antonio Guilhon da Silva, um dos donos da Porte Engenharia, a construtora responsável pelo edifício Wing é, de fato, funcionário da Celpa.
Segundo o Sindicato, Ernani é engenheiro da Celpa desde 1983, mas desde 2005 se encontra afastado do trabalho e recebe auxílio-doença.
O comentário postado no blog dá conta de que, aquando da privatização da Celpa (que ocorreu em 1998) Ernani teria sido remanejado para a antiga Sepof e colocado para trabalhar no FDE, o Fundo de Desenvolvimento do Estado. Na época, o atual governador do Pará, Simão Jatene, seria o secretário da Sepof e os jornais locais levantaram suspeitas de desvio de recursos no processo de privatização da Celpa.
Dois dos filhos de Jatene, Izabela e Alberto, e a ex-mulher do governador, Heliana, são proprietários de apartamentos no Wing, segundo afirmou hoje o síndico do prédio, Zé Luís Nogueira (leia a postagem anterior).
 “A família do governador tem apartamentos lá. Cada filho (de Jatene) tem um apartamento e a Heliana também”, disse ele.
Cada apartamento no Wing, localizado na área mais valorizada de Belém, o bairro do Umarizal, estava avaliado, até o abalado estrutural do edifício no último final de semana, em mais de R$ 1 milhão.
“Sou funcionária aposentada da SEPOF e lembro quando um dos donos da PORTE ENGENHARIA, o Sr. Ernani Antonio Guilhon da Silva, por lá chegou cedido das Centrais Elétricas do Pará, pouco antes da privatização, cujo processo era coordenado á época pelo atual governador do Estado.
Lembro que da CELPA pré-privatizada foram salvos alguns escolhidos a dedo do governo para continuarem como servidores públicos fugindo dos dissabores da iniciativa privada.
O competente engenheiro foi lotado logo na fiscalização das obras do FDE (Fundo de Desenvolvimento Econômico do Estado) que 11 entre 10 dos funcionários da SEPOF sabe bem pra que serve”, escreveu o comentarista anônimo.
O Sindicato dos Urbanitários, no entanto, não soube dizer se Ernani chegou, de fato, a ser cedido a algum órgão público, como é o caso da Sepof, aquando da privatização da Celpa.
O blog entrou em contato com os funcionários Sônia Andrade e Jorge Sauma, da Porte Engenharia, mas não conseguiu falar com Ernani e nem confirmar (ou descartar) tal informação.

Apartamento oferecido a R$ 1,6 milhão.

A Perereca da Vizinha também localizou na internet dois anúncios de venda de apartamentos no edifício Wing, antes do abalo estrutural do último final de semana.
Um deles era anunciado a R$ 980 mil; outro, por até R$ 1,6 milhão. Veja aqui:
O blog conversou com corretores imobiliários e com o dono de um apartamento, para obter informações sobre o preço desses imóveis na planta, já que comentaristas anônimos afirmam que, na época do lançamento, há quatro anos, eles seriam bem mais baratos (até 50% a menos).
O blog, porém, não conseguiu obter uma informação precisa sobre isso – nem com funcionários da Porte Engenharia.
“Esses apartamentos foram entregues há mais de dois anos e eu não tenho o valor preciso para te passar”, disse Jorge Sauma.
Ele recomendou que ligasse para os corretores da Porte, mas nenhum deles atendeu a ligação.
Há pouco, Jorge disse que ainda não havia conseguido tal informação e que, assim que a obtivesse, telefonaria - o que ainda não ocorreu.
Um corretor de imóveis (de outra empresa) disse se lembrar que os apartamentos do Wing teriam sido vendidos na planta, em 2007, a R$ 500 mil ou R$ 600 mil.
Mas outro corretor garantiu que o preço na planta foi, na verdade, de R$ 800 mil. “Eu me lembro disso”, afirmou.
Esse corretor (o segundo) também se mostrou descrente quanto a uma informação repassada ao blog por um morador do Wing, de que um apartamento financiado ali poderia ter prestações em torno de mil reais (o que, aliado a um condomínio de R$ 800,00, não o tornaria tão inacessível aos filhos e à ex-esposa do governador).
“Para comprar um apartamento de R$ 800 mil, você tem de pagar 30% para a construtora, durante a obra. Aí tem a entrada, paga em parcelas. Mas não tem como a prestação ficar em mil reais, a não ser que dê uma entrada boa”, disse.
O corretor também observou a necessidade de realizar a atualização monetária, para se ter uma idéia mais precisa de quanto o valor pago na planta significaria, de fato, hoje em dia.

Genro de Jatene ganha quase igual a um desembargador

O blog  também tentou contato com Izabela Jatene, filha do governador e coordenadora do Propaz, mas ela não retornou a ligação.
No entanto, a Perereca conseguiu descobrir, no Diário Oficial do Estado, que Ricardo Augusto Garcia de Souza, o marido de Izabela, recebe hoje uma remuneração quase igual a de um desembargador do Tribunal de Justiça do Estado.
Ele foi nomeado chefe de Gabinete do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) no dia 2 de fevereiro deste ano, pelo novo presidente da Casa, José Carlos Araújo, ex-vereador do PSDB.
Até então, Ricardo era Assessor Especial II no TCM, mas há informações de que já teria exercido a Chefia de Gabinete em 2005. Na época, o presidente do TCM era o ex-deputado Aloysio Chaves, a quem Ricardo já assessorava há alguns anos. O governador era também Simão Jatene, o sogro de Ricardo.
De acordo com o Demonstrativo de Pessoal do TCM, publicado na página 8 do caderno 4 do Diário Oficial do Estado (DOE) do último 07 de outubro, o salário de Ricardo no mês de agosto foi de R$ 15.370,04 – mas, com as gratificações, ele acabou levando para casa R$ 23.988,24.
Detalhe: em fevereiro, quando ele assumiu o cargo, o salário da Chefia de Gabinete era de R$ 5.163,48, mas acabou chegando a R$ 22.564,40 com as gratificações (pelo menos é isso o que consta nas páginas 8 e 9 do caderno 3 do DOE de 25 de março deste ano).
Também segundo o DOE, havia no TCM, em janeiro deste ano, cinco assessores especiais II com vínculo, cujos vencimentos somavam R$ 13.411,34, mas que acabavam levando para casa R$ 49.950,24, devido a gratificações.
Outro 23 assessores especiais II não possuíam vínculo. Para eles, os vencimentos somavam R$ 86.184,57. Mas, com as gratificações, aquilo que ganhavam acabava somando R$ 332.075,83.
Veja aqui:
Policial ameaça Perereca da Vizinha

Hoje, também,  o policial Aldemar Cardoso ligou para o blog, para rebater afirmações de comentaristas  - e, também, para ameaçar esta blogueira.
“Não tenho culpa de ser bem assíduo ( no trabalho) e de meu pai ter deixado um patrimônio grande para mim. Pago R$ 22 mil de Imposto de Renda anualmente e o meu patrimônio pessoal é todo explicado no Imposto de Renda”, disse ele.
E,  depois, ameaçou: “meça as suas palavras, porque se você disser mais uma linha eu te processo até o último centavo”.
Segundo ele, esta jornalista anda a investigar a vida dele – o que não é verdade. Até o meu telefonema foi um simples retorno a uma ligação dele, já que não pude atendê-lo antes, pois estava fazendo uma entrevista (como ele conseguiu meu telefone? Não sei).
A revolta dele, ao que parece, se deve a comentários da caixinha da postagem “O fator Izabela e o abalo estrutural do governo do Pará”.
Lá, anônimos questionaram o fato de Aldemar, um policial (e a nomeação no Diário Oficial que está na caixinha, eu conferi, é verdadeira) possuir um apartamento avaliado em mais de R$ 1 milhão.
“Sou policial porque gosto e, na hora em que quiser sair da polícia, vivo muito bem”, disse ele, “Estudei a minha vida inteira em colégio pago, mas acho que a realização pessoal é o mais importante”.
Na opinião dele, o problema é o estereótipo de que “policial tem que ser preto, bandido e morar em uma favela. Infelizmente, existe esse preconceito”.
Contou que a ficha funcional dele contém 32 elogios, “até de ministro do Supremo”.
Mas como continuasse exaltado e devido às ameaças que fez, aproveitei para perguntar, de chofre, já que ele afirmou que estava a gravar a ligação: “foi o governador ou assessoria dele que mandou o senhor ligar para me ameaçar?”.
Aldemar respondeu que não é “pau mandado” de ninguém, que é um funcionário público concursado e desligou o telefone.
A pergunta, caro leitor, deveu-se ao fato de, há uns dez anos, quando investigava o escândalo da Medserve, ter também recebido, lá pelas tantas, a ligação de um delegado de polícia.
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