segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O cerco ao quartel-general de Kaddafi


Rebelde líbio comemora invasão de Trípoli; relatos dão conta de mais de mil mortos

Intensos confrontos foram registrados na manhã (horário local) desta segunda-feira nos arredores do complexo de Bab al-Aziziyah, quartel-general do ditador Muammar Gaddafi e um dos últimos bastiões do regime após a ofensiva rebelde de domingo em Trípoli.
Fontes rebeldes citadas pela emissora Al Jazeera informaram que blindados foram vistos deixando o complexo e efetuando disparos. Não há informações precisas se Gaddafi está em Bab al-Aziziyah, ou sobre qual seria seu paradeiro.
Segundo informações da agência France Presse, tiroteios também foram ouvidos no sul da capital e nas proximidades do hotel Rixos, que abriga grande parte da imprensa internacional presente na cidade.
Em Roma, o ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, afirmou que o regime líbio controla apenas entre 10% e 15% da capital Trípoli.
"Ao redor do aeroporto, que é uma área chave, as últimas formas de agressão estão sendo eliminadas, atiradores estão sendo detidos e em alguns casos se rendem", disse o chefe da diplomacia italiana.
Durante a noite de domingo, as forças rebeldes líbias anunciaram que possuíam o controle de grande parte da cidade de Trípoli, com exceção do complexo de Bab al-Aziziyah e de alguns "bolsões de resistência".
Imagens das redes de TV Sky News e Al Jazeera mostravam durante a noite uma multidão de pessoas reunidas na emblemática praça Verde, no coração de Trípoli, comemorando a chegada dos rebeldes.
O local era até então um dos símbolos do regime líbio, e desde o princípio da rebelião as redes de televisão oficiais transmitiram ao vivo manifestações de partidários de Gaddafi neste local.
Os primeiros grupos rebeldes conseguiram chegar à periferia da capital líbia ainda na noite do sábado (20) e rapidamente tomaram os principais bairros da cidade, sem encontrar grande resistência por parte das forças de Gaddafi.
A este primeiro grupo de rebeldes, uniram-se mais tarde os combatentes da Frente Ocidental e os comandos localizados no sul e em Misrata, que conseguiram entrar por mar na capital líbia.
Apesar do controle quase total de Trípoli, Mahmud Jibril, um dos principais membros do Conselho Nacional de Transição (CNT), alertou os combatentes rebeldes para que fiquem atentos a possíveis "bolsões" de resistência pró-Gaddafi na capital.
"Devem ser prudentes. O combate não acabou. Mas, se Deus quiser, em algumas horas nossa vitória será completa", afirmou ele, que exerce o cargo de primeiro-ministro à frente do Executivo rebelde.
MORTOS
Mais cedo, o porta-voz do regime de Gaddafi, Moussa Ibrahim, disse em entrevista coletiva exibida na TV estatal que ao menos 1.300 morreram e 500 ficaram feridas durante os confrontos em Trípoli.
Antes de lançar um último apelo ao diálogo, Moussa afirmou que a situação na capital era "dramática" e que os hospitais locais estavam cheios.
"A pacífica cidade de Trípoli se transformou em um inferno por causa do apoio da Otan aos grupos de terroristas. Os bombardeios da aliança permitiram o avanço dos rebeldes, e as mortes aconteceram nesses ataques ou nos combates", assinalou. 
QUEDA IMINENTE
A tomada de Trípoli e o avanço em direção ao quartel-general de Gaddafi parecem sinalizar que essa é a fase decisiva de um conflito que já dura seis meses e se transformou no mais sangrento da chamada "Primavera Árabe".
Em Bruxelas, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Ramsussen, assegurou que o regime de Gaddafi estava "claramente desmoronando", e sustentou que o líder líbio "não pode ganhar a batalha" contra seus próprios cidadãos.
"Agora é o momento de cessarem todas as ameaças contra os civis, como exigiu o Conselho de Segurança da ONU. Agora é o momento de criar uma nova Líbia, um Estado baseado na liberdade e não no medo; na democracia e não na ditadura; a vontade da maioria e não o capricho de alguns poucos", disse.
Já o presidente americano, Barack Obama, divulgou um comunicado neste domingo dizendo que o ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, precisa aceitar que seu regime acabou.
"Hoje, a oposição contra o regime de Gaddafi atingiu seu limite. Trípoli está se libertando de uma tirania. O modo mais certo de dar fim ao derramamento de sangue é simples: Muammar Gaddafi e seu regime precisam admitir que seu governo acabou", afirmou Obama.
__________________________________

Nenhum comentário: