Mesmo com a tomada do quartel-general de Bab al Azizia, principal reduto militar do governo da Líbia, e de boa parte da capital Trípoli ter sido tomada pelas forças de oposição, o coronel Muamar Kadafi, no comando do país desde 1969, ainda não se entregou. Ele fez declarações à rede de televisão síria Al Urubah na noite desta terça-feira (23/08), afirmando que o fato de ter abandonado seu quartel-general em Trípoli foi apenas "uma retirada tática".
Ele também jurou resistir e prometeu "vitória ou morte contra a agressão imperialista", se autoproclamando "um mártir". As informações são das agências de notícias Reuters e France Presse e da TV árabe Al Jazeera.
Pouco depois da declaração de Kadafi, Moussa Ibrahim, porta-voz do governo, deu uma entrevista à mesma emissora. Segundo ele, as forças de Kadafi controlam 80% da capital, contradizendo as informações da mídia internacional presente no país.
Ainda segundo Ibrahim, Kadafi deixou sua o quartel-general porque o local não tinha mais valor militar e estratégico. Segundo ele, as forças leais ao coronel podem "transformar a Líbia e um vulcão" para afastar os invasores. A localização de Kadafi, seus familiares e aliados permanece indeterminada, o que impede seus adversários de declarar vitória na guerra civil que dividiu o país norte-africano depois de março deste ano.
Por outro lado, ainda durante a tarde, após a tomada de Bab al Azizia, o CNT (Conselho Nacional de Transição), órgão político dos rebeldes, anunciou que a fase de transição para a mudança de regime na Líbia já começou.
O Conselho informou que os últimos dias de combate em Trípoli deixaram mais de 400 mortos e dois mil feridos.
Um dos porta-vozes dos insurgentes, Ahmed Bani, que acompanhou as tropas na capital, afirmou que o centro de comando rebelde será transferido de Benghazi para Trípoli em até dois dias. Um dos últimos focos de intensos combates na capital do pais é o Aeroporto Internacional. A simbólica Praça Verde, que simboliza o regime de Kadafi, e a TV estatal já foram tomadas pela oposição.
Em Doha, no Catar, Mahmoud Jibril, um dos líderes do Conselho, participou de uma entrevista coletiva para comentar os últimos acontecimentos na guerra. Para ele, a tomada do quartel-general de Kadafi significa uma importante vitória. "A transição começa imediatamente (...) Construiremos agora uma nova Líbia, com todos os líbios como irmãos por uma nação unida, civil e democrática", acrescentou Jibril.
Os rebeldes afirmam que as forças do governo recuaram da cidade petrolífera de Ras Lanuf até Sirte, cidade natal de Muamar Kadafi. A ofensiva rebelde avança agora em direção à Bin Jawad.
A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) , aliança militar que exerceu papel fundamental nos combates, ao contrário dos rebeldes, diz que Kadafi já faz parte da história. O restante da comunidade internacional hesita em decretar a vitória, face à indefinição sobre o paradeiro de Kadafi. Para o Pentágono, o coronel continua na Líbia.
Confrontos
As forças rebeldes avançam também no leste do país, fora da capital. Segundo a Al Jazeera, os rebeldes controlaram o porto de exportação de petróleo de Ras Lanuf e agora avançam rumo a Bin Jawad.
As tropas de Kadafi teriam recuado até Sirte, cidade natal de Kadafi, de onde suas tropas teriam atacado a cidade de Misrata com mísseis Scud. Segundo a OTAN, os dispositivos foram interceptados. Alguns líderes tribais de Sirte já teriam contatado o Conselho garantindo o fim do apoio a Kadafi.
Segundo o canal árabe Al Arabiya, a cidade de Ajelat, a oeste de Trípoli, também foi atacada com mísseis e tanques das tropas do governo. Kadafi também teria enviado mísseis em setores de Trípoli ocupados.
A preocupação dos setores de inteligência da OTAN é que Kadafi ainda tente uma contraofensiva.
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