No Blog do Rovai
O governo Dilma entra agora numa fase pós-Palocci. E entra muito antes que Lula, que demorou três anos para que isso acontecesse.
Palocci não é um monstro. Isso é bobagem. Mas representa o pensamento liberal no PT. É o cara que pensa com a cabeça do lado de lá e que faz a ponte com o lado de lá.
No governo Lula, Palocci tentou sempre impedir reajustes do salário mínimo. Dizia que isso iria quebrar estados e municípios. Suas teses eram equivocadas, falsas. E neste caso o tempo foi o senhor da razão.
Agora, no governo Dilma, durante os três primeiros meses, assessores do seu ministério davam declarações em off abastecendo o tal do PiG com a idéia de que o país corria riscos de um processo inflacionário.
E agregavam a informação com a “preocupação” de que Guido Mantega não estava tratando do assunto com a importância que merecia. A intenção era derrubar o ministro para avançar sobre a área econômica.
Ao mesmo tempo, Palocci fazia crer que Luiz Sérgio não era bom de articulação política, por isso acabava tendo de resolver o assunto. Palocci não queria derrubar o deputado, desejava-o fraco. Para poder reinar.
Mas quando Palocci ficou fraco, Luiz Sérgio já estava completamente desidratado e não tinha mais como se recuperar.
A troca de Luiz Sérgio por Ideli Salvati poderia ter sido evitada, mas Dilma preferiu aproveitar o momento para mudar o rumo das coisas.
Dilma acertou?
Não é uma resposta fácil de dar agora. Gleisi e Ideli são pessoas com experiência política, mas que nunca exerceram cargos da envergadura que agora ocupam.
Isso quer dizer que vão fracassar?
Não.
Em muitos jogos de futebol, quando um time está perdendo e um técnico saca um atacante e bota um meio campista, a torcida vaia. Mas muitas vezes dá certo.
Porque o técnico percebeu que tinha perdido o meio do campo e isso o impedia de chegar ao ataque. Ou seja, não adiantava ter um atacante a mais ali perdido.
O que esta metáfora tem a ver com a mexida que Dilma deu no centro nervoso do governo?
A verdade é que talvez nem Gleise e nem Ideli fossem as pessoas mais indicadas para ocupar os cargos a que foram indicadas neste momento. Talvez o momento exigisse gente mais experiente e mais articulada no Congresso.
Mas a presidente notou que havia uma desarticulação no núcleo duro. E que ela precisava de pessoas com quem pudesse conversar olhando olho no olho para botar o governo para frente.
A escolha de Ideli e Gleisi tem a ver com isso.
Ambas são inteligentes e não acredito nessa história de que a catarinense vai brigar com todo mundo e levar a articulação política à breca.
Preconceito puro.
Quando a mulher fala um pouco mais duro, é histérica. Homem que fala duro, é sério.
É assim na lógica dos machos.
Só que Ideli não é boba.
Já sacou que querem inviabiliza-la com este discurso safado.
Posso até errar, mas tenho cá pra mim que vai dar uma volta no preconceito.
E Gleisi idem.
Se a dupla der certo, com Dilma na presidência, inauguraremos uma fase lilás na política brasileira.
Torcida daqui é que não vai faltar.
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