por Tiberio Alloggio (*)
Como nas piores novelas da Globo, assistimos atônitos à encenação de uma ação inusitada, toda centrada na insignificância dos detalhes. Um tipo de trama especialmente estudada para concentrar a atenção do público nos “detalhes” e esconder as verdadeiras intenções dos seus executores, os Estados Unidos.
Os implacáveis noticiários da mídia golpista ao invés de questionar o sumiço da única prova cabal que “comprovaria” a vericidade da “versão oficial” (cadê o corpo de Bin Laden?) limitam-se a repetir, como papagaios, os detalhes da “ação militar”, sem a menor preocupação com as incongruências da “versão”.
Mas morto, Bin Laden deve estar mesmo. Barack Obama, prêmio Nobel da Paz de 2010, presidente do suposto País mais democrático do mundo, não iria fazer a bobagem de anunciar sua morte se não tivesse certeza absoluta disso.
Mas, quando Osama morreu?
Em 2001, Bin Laden estava gravemente doente nos rins. A cada dois dias precisava de diálise. Ainda no verão de 2001 recebia tratamento no hospital americano de Dubai. No início de setembro de 2001, foi transferido para o hospital militar de Rawalpindi (Paquistão). Poucos dias após os ataques às Torres Gêmeas, havia dado entrevista em lugar segredo a jornalistas de Al-Jazeera.
Em dezembro de 2001, sua família havia anunciado sua morte e seus amigos participado de seu funeral. Entretanto, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos declarou que tudo não passava de uma enganação de Bin Laden para escapar da justiça dos EUA. Isso apesar de testemunha nenhuma ter encontrado Bin Laden.
É justamente nesse período que audiovisuais atribuídos à Bin Laden vieram a ser divulgados pelo Departamento de Defesa e pela mídia. A maioria deles “autenticados” pela CIA, porém, todos sistematicamente invalidados pelo Dalle Molle Institute, a referência mundial nessa matéria.
Concedida à jornalistas paquistaneses, a única entrevista verdadeira teria ocorrido logo após o atentado de 11 de setembro. Nela, Bin Laden informava que não tinha nada a ver com o atentado.
“…Eu faço questão de dizer que eu não perpetrei tal ato, que parece ter sido perpetrado por indivíduos com motivações próprias… Eu já disse que eu não estou implicado nos ataques do 11/9 contra os Estados Unidos… Eu não tive nenhum conhecimento desses ataques…”
Em outras palavras, Bin Laden teria morrido (de verdade) em dezembro de 2001. Aquele que morreu por mão de Barack Obama seria apenas um mito.
Inevitável então nos interrogarmos sobre a função dos mecanismos midiáticos. Para eles, verdades ou mentiras já não importam mais. O que vale mesmo é a “versão” do Império, e claro, a sua propaganda. E os monopólios midiáticos cumprem melhor que ninguém esse trabalho sujo.
Verdadeira ou falsa, a notícia do assassinato de Bin Laden está recompactando os Estados Unidos entorno ao seu presidente. Se os corpos “desaparecidos” serviram para fortalecer as ditaduras na América Latina, o sumiço do corpo de Osama serve agora para dar fôlego ao Império.
Mas se alguém como Obama precisa recorrer à uma “farsa” para recuperar a popularidade dos EUA e a sua, significa que o Império já anda de mal para pior.
Como nos atentados do 11 de Setembro, provavelmente nunca saberemos a verdade sobre esse acontecimento. Ou, talvez, descobriremos uma “outra versão” como no caso das armas de destruição de massa de Saddam Hussein: um falso histórico que causou uma guerra e a morte de milhares de pessoas. Ou, quem sabe, descobriremos que Bin Laden nunca existiu.
Apesar da mídia alternativa colocar em xeque a “versão dominante”, a sensação de desânimo ainda prevalece. Infelizmente quando uma “notícia” dessa natureza é divulgada, o efeito da propaganda acaba por tomar conta dos fatos. Mais uma história que não precisa de verificação…. só de torcidas organizadas e pronto.
O moral da história é que a partir dessas encenações os Estados Unidos continuarão praticando execuções extrajudiciais onde acharem necessário, se lixando da soberania das nações.
Nesse macabro ritual, todos os governos do mundo, principalmente os muçulmanos, vem sendo conclamados para aplaudir as execuções sumarias, que supostamente estariam representando o trunfo do Império do bem sobre a incarnação do mal.
Exatamente o mesmo roteiro traçado para os acontecimentos na Líbia, e que agora já está estreando na Síria.
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* É sociólogo e reside em Santarém. Escreve regularmente no Blog do Jeso
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