segunda-feira, 30 de maio de 2011

O PMDB sentiu que pode mais. E isso é um perigo

No Blog do Rovai

O governo Dilma começou voando em céu de brigadeiro. Tanto que na ausência de pauta negativa, a mídia comercial “assustava” a classe média que ainda lê jornais com a possibilidade de um descontrole inflacionário.
De repente a pauta saiu de cena como se nunca houvesse existido. E os colunistas tão bem informados que não paravam de falar no assunto, nem explicaram pros seus leitores o que aconteceu com a danada da inflação.
Mas também de repente, não mais que de repente, o governo Dilma começou a tropeçar nas próprias pernas.

Seu primeiro grande equívoco (e que como já disse aqui ainda pode custar muito caro) foi o de tratar com desdém a crise criada pela ministra da Cultura no caso do Creative Commons.
Ao invés de tirar aquele debate do âmbito do MinC, centralizando-o como pauta do governo, o encaminhamento foi o de anunciar solidariedade à ministra e tratar o movimento social da cultura como responsável por “uma campanha sórdida”.
Ao mesmo tempo o governo deixou a discussão sobre o Código Florestal ir avançando na Câmara na lógica que interessava aos ruralistas, com o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB/SP) dando as cartas do jogo.
Quando viu que Aldo não estava ali para mediar a situação, mas para fazer todo o jogo pender para um lado só, já era tarde. E já era tarde porque o PMDB percebeu que poderia avançar suas peças no tabuleiro.
Quando o PMDB percebeu isso?
Exatamente quando estourou o episódio Palocci e o governo reagiu com um amadorismo de dar dó.
A presidenta colocou seu ministro da Secretaria Geral da presidência, Gilberto Carvalho, para dizer que se “tratava de um caso encerrado”. Quando sequer o caso tinha começado.
Isso era tão óbvio, que até este óbvio blogueiro escreveu um texto com este teor já no dia 17 deste mês.
E como lambança boa nunca é feita de uma nota só, o ministro Palocci deixou que uma nota da sua defesa circulasse por aí, comparando-o a Malan, Pérsio Arida, Gustavo Franco e quetais.
O PMDB que não é tonto nem nada, sentiu o cheiro de queimado e decidiu que era hora de fazer uma boa queimada com aquela fogueira. Peitou o governo no Congresso, e fez Dilma engolir sua primeira derrota.
Quando tudo parecia que ia voltar ao lugar, vem à tona a história de que antes da votação da emenda, Palocci e Temer tiveram um arranca-rabo onde a mãe de um e a mãe do outro não foram poupadas.
E quem divulgou a história se ela se passou só entre Temer e Palocci?
Pois é, Temer que não é nada bobo, saiu da briga dizendo que não tem medo de cara feia e resolveu aproveitar para se distanciar do ministro milionário.
A soma dessas histórias revela que:
1) Dilma e o seu governo precisam saber quem são seus aliados históricos e lidar com eles com um pouco mais de respeito. No episódio do MinC, o governo tem deixado a balança pender para os setores que defenderam a agenda derrotada na campanha. O Ecad está adorando o governo Dilma. Boa parte da juventude comprometida com a cultura digital está desiludida. A mesma juventude que foi pra Praça Tarhir no Egito e que está invadindo praças na Europa.
2) O recado sobre aliados também vale para a questão do debate do Código Florestal. Basta dar uma olhada no mapa da votação de Serra e de Dilma, tanto no primeiro quanto no segundo turno, para perceber que os ruralistas não votaram na petista. E que essa agenda também perdeu a eleição. E basta dar uma olhada na votação de Marina Silva, para ver que a questão ambiental tem cada vez mais peso no país.
3) Aldo Rebelo está trabalhando para ou ser o próximo presidente da Câmara ou para influir decisivamente na escolha do sucessor de Marco Maia (PT-RS).
4) O PMDB já decretou que Palocci se tornou um esqueleto político e que não tem mais condições de conduzir a Casa Civil. Ao divulgar que mandou o ministro às favas, Temer deu um xeque que parece ser mate.
5) Se o governo não der um freio de arrumação agora, reorganizando sua base social e sua base no Congresso, o vôo em céu de brigadeiro, pode se tornar uma longa marcha pelo deserto.
6) O PMDB é o PMDB.
__________________________________

Nenhum comentário: